Minha primeira experiência como formador de professores foi em 2004, na EMEF Pedro Teixeira. A coordenadora pedagógica abriu espaço para um projeto formativo na JEIF (Jornada Especial Integral de Formação). Na época, estávamos à frente do projeto Radioescola Educom.Radio, explorando as possibilidades das tecnologias digitais na educação. Decidimos realizar a formação no laboratório de informática, pois a maioria dos professores ainda não possuía familiaridade com linguagens midiáticas e suas tecnologias.
O primeiro desafio foi despertar o interesse dos participantes. Para isso, precisei decodificar e ilustrar o tema de forma envolvente, criando um processo de encantamento. Essa palavra, encantamento, se tornou essencial na minha trajetória. Lembro-me de quando a diretora da área pedagógica da SME utilizou esse termo para descrever uma oficina minha sobre o uso do rádio na escola. Naquele momento, percebi que a formação não era apenas transmitir conhecimento, mas sim “vender o peixe”: conquistar os participantes, inspirá-los e dar um sentido poderoso ao aprendizado. Afinal, para que um conhecimento novo gere impacto, ele precisa ser desejado.
Embalando o conhecimento como um presente
A experiência formativa começa antes mesmo da aula. Criar expectativa no público-alvo faz toda a diferença. Se o curso é realmente bom, invista no marketing. A apresentação importa tanto quanto o conteúdo:
- Capriche na divulgação: Use folders atrativos, divulgue nas redes sociais, crie vídeos e compartilhe experiências anteriores.
- Conte boas histórias: Ao final da aula, desperte curiosidade com relatos marcantes sobre a formação.
- Crie uma identidade para o curso: Um nome chamativo, um tema instigante e uma abordagem diferenciada são elementos que ajudam a tornar a experiência memorável.
Conexão com o público
Para uma formação ser eficaz, o formador precisa entender o seu público. É essencial que os participantes não o vejam como um “estranho no ninho”, mas como alguém que compreende suas dificuldades e interesses. Algumas estratégias fundamentais incluem:
- Dar voz aos participantes: Deixe que expressem opiniões e façam perguntas, mas saiba conduzir o tempo da formação.
- Usar imagens para contextualizar: Recursos visuais ajudam a tornar o conteúdo mais acessível e dinâmico.
- Criar movimento na aula: A prática é essencial na Educomunicação. Evite formações excessivamente expositivas; ao invés disso, estimule atividades, exemplos práticos e experimentação.
Se a formação ficar apenas entre quatro paredes, sem gerar imagens, sons e experiências concretas, ela não chegará aos alunos.
O que ensinar?
O formador em Educomunicação precisa alinhar sua ação formativa com a prática de desenvolvimento de projetos. Isso significa que sua abordagem deve incluir:
- Metodologia educomunicativa: Como estruturar projetos na escola?
- Articulação pedagógica: Como integrar a Educomunicação ao currículo?
- Orientação técnica: Como utilizar linguagens e tecnologias na educação?
Além disso, os participantes precisam explorar as linguagens da comunicação e suas tecnologias, compreendendo o papel das mídias na formação dos estudantes.
Por que ensinar?
Ensinar Educomunicação significa reconhecer a importância da comunicação na formação dos estudantes. A Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) é essencial para desenvolver leitores críticos, capazes de navegar no cenário de desinformação e fake news.
A criação de mídias na escola vai além da produção de conteúdos: trata-se de um processo interdisciplinar, que fortalece o pensamento crítico e a participação ativa dos estudantes no ambiente escolar e na sociedade.
Para quem ensinar?
Os formadores de Educomunicação formam outros educadores, mas também precisam vivenciar a experiência com os estudantes. Ainda que pontual, essa prática é fundamental para entender a dinâmica da aprendizagem e as demandas dos jovens.
Ao ensinar Educomunicação, o formador não apenas compartilha conhecimento, mas inspira práticas transformadoras na escola. Afinal, um professor encantado pelo tema se torna um multiplicador, capaz de impactar diretamente seus alunos e fortalecer a cultura da Educomunicação na escola.
Por : Carlos Lima - Educomunicador e professor
Imagem: Acervo pessoal - Encontro de formadores das Diretorias Regionais de Educação
Providencial este texto, Carlos! Ótimas orientações. Obrigada
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