A produção jornalística é uma atividade complexa. Envolve desde a escolha de um assunto até a veiculação final da matéria. Independentemente da linguagem midiática utilizada, cada etapa exige planejamento, organização e conhecimento técnico. Para jornalistas profissionais, há toda uma bagagem acadêmica que sustenta esse processo. Mas e quando falamos de estudantes do Ensino Fundamental que estão aprendendo a fazer jornalismo dentro de um projeto de Educomunicação? O desafio se torna ainda mais interessante.
Nas agências de notícias Imprensa Jovem, os estudantes assumem a responsabilidade de produzir conteúdos que serão divulgados nas redes sociais da escola e consumidos pela comunidade. É uma oportunidade de aprendizado real, onde cada fase do trabalho aproxima os jovens do fazer jornalístico e, ao mesmo tempo, desperta o olhar crítico para questões sociais.
Um exemplo prático
Missão: o Imprensa Jovem foi convidado a realizar uma reportagem sobre abandono de animais, com a proposta de conscientizar a população sobre a importância do cuidado e da responsabilidade com os pets.
Planejamento inicial:
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Pauta: abandono de animais
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Fontes: Secretaria da Saúde e moradores da comunidade
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Estratégia de comunicação: vídeo curto para stories no Instagram e Facebook
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Modalidade: reportagem com depoimentos e orientações
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Duração: 1min20s
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Público-alvo: moradores da comunidade escolar
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Prazo de veiculação: 1 mês
Os responsáveis por essa produção seriam estudantes de 13 a 15 anos, atuando como repórteres, câmeras, fotógrafos e editores.
Etapas do processo
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Apresentação da pauta
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Levantamento do problema por meio de reclamações de moradores.
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Exibição de reportagens já produzidas sobre o tema como referência.
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Pesquisa
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Enquetes entre estudantes e famílias.
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Consulta a fontes confiáveis na internet.
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Definição dos recortes mais relevantes.
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Planejamento da reportagem
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Eleger os assuntos prioritários.
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Definir fontes de informação e formas de acesso.
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Elaborar um plano de reportagem com pautas detalhadas.
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Fazer a curadoria dos conteúdos a serem investigados.
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Produzir um roteiro para orientar a gravação e a coleta de depoimentos.
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Produção e ajustes
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Realização de entrevistas e registros audiovisuais.
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Revisão rápida das falas dos repórteres.
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Adequações no roteiro, se necessário.
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Edição
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Montagem do material gravado.
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Inclusão de trilha sonora, mixagem, ajustes e legendas.
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Publicação e divulgação
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Criação de títulos e resumos que engajem o público.
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Definição dos canais de veiculação.
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Compartilhamento nas redes sociais da escola.
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O papel da Inteligência Artificial
À primeira vista, produzir uma reportagem de interesse público parece simples. Mas, quando olhamos com atenção, percebemos quantas etapas estão envolvidas. É aqui que a Inteligência Artificial pode se tornar uma aliada.
A IA pode ser integrada a diferentes momentos do processo, ajudando a dar mais agilidade e acessibilidade:
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Na pesquisa: organizando dados, sugerindo fontes confiáveis ou sistematizando enquetes.
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No roteiro: auxiliando na estruturação de perguntas ou na organização de fal falas.
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Na edição: oferecendo ferramentas de corte automático, legendagem ou ajustes de áudio.
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Na divulgação: apoiando na criação de títulos atrativos ou resumos mais claros.
Entretanto, é fundamental reforçar: IA não substitui o humano. Ela é um suporte, uma ferramenta que facilita o processo. O coração da Educomunicação está na inteligência coletiva, na participação ativa de crianças e adolescentes e na construção de sentidos em grupo.
Se não for simples e acessível, não é Educomunicação. Por isso, a integração da IA deve sempre servir para empoderar os estudantes, nunca para retirar deles a experiência criativa, crítica e colaborativa de produzir jornalismo.
Por Carlos Lima: Educomunicador e professor
Carlos, qual é o número médio de estudantes envolvidos numa prática com esta?
ResponderExcluirComo os professores mediadores são preparados para acompanhar o desenvolvimento desta produção educomunicativa?
Ismar, o uso de IA nos processos educomunicativos em projetos como Agência de Notícias Estudantis é uma novidade tanto quanto a própria IA. Nas atividades de cobertura jornalística de eventos assim como na produção de podcast já são utilizadas pelos peofessores e estudantes. Ainda não temos dados mas é uma missão que deveremos buscar. Até para que possamos desenhar manuais de uso. Sobre a prepararmos dos mediadores temos integrado experiência de uso nas formações do Imprensa o uso das de IA. A formação é chave e pode ajustar o uso de maneira consciente, criativa, produtiva e responsável
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