A escola é um espaço de múltiplas vozes. Entre elas, a dos estudantes muitas vezes é a menos ouvida, especialmente quando o tema envolve provas e avaliações. No entanto, quando a educação se abre para a escuta ativa, dentro de uma perspectiva educomunicativa, cria-se um ambiente de diálogo, confiança e participação real no processo de aprendizagem.
O que é Educomunicação?
A Educomunicação é um campo que articula práticas educativas e processos comunicativos, promovendo o diálogo, a expressão criativa e a construção coletiva do conhecimento. No contexto escolar, isso significa criar espaços onde estudantes e professores se comunicam em pé de igualdade, valorizando a voz de cada sujeito e estimulando a participação ativa nas decisões e práticas da vida escolar.
Escuta ativa como prática educomunicativa
Escutar ativamente é muito mais do que ouvir palavras. É dar significado ao que o estudante diz, considerar suas percepções e transformar essas contribuições em ações pedagógicas. Quando a escola utiliza a escuta ativa, ela reconhece que os sentimentos, opiniões e experiências dos estudantes têm valor e devem orientar o trabalho docente.
No caso das provas institucionais, como Saresp e SAEB, essa escuta pode revelar ansiedades, inseguranças e até boas práticas que ajudam a compreender como melhorar o processo de ensino e aprendizagem.
Como escutar os adolescentes sobre as provas?
Uma proposta prática para realizar essa escuta é promover rodas de conversa on-line, com recursos simples e interativos. A ideia é criar um ambiente seguro e colaborativo para que os jovens possam compartilhar suas experiências sem receio de julgamento.
Algumas perguntas que podem nortear o diálogo:
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O que você pensa sobre as provas?
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Por que sentimos medo ou desconforto em relação a elas?
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Que palavras você usaria para definir uma prova?
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Conte uma experiência boa ou ruim que já viveu em uma prova.
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O que você pensa sobre provas institucionais (como Saresp e SAEB)?
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Elas são importantes? O que poderia torná-las mais atraentes?
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Se tivesse que divulgar essas provas para outros estudantes, como faria?
Além das perguntas, ferramentas digitais como enquetes rápidas, nuvem de palavras ou murais colaborativos (Jamboard, Padlet, Mentimeter) podem tornar o processo mais dinâmico e divertido.
Por que essa escuta importa?
A escuta ativa não deve ser entendida como um ato pontual, mas como uma prática pedagógica constante. Quando os estudantes percebem que suas opiniões são levadas a sério, aumenta o engajamento, a motivação e até a confiança em enfrentar desafios como as provas.
A Educomunicação nos lembra que o processo educativo é construído em rede, com todos os sujeitos envolvidos. Ao integrar escuta e comunicação, a escola não apenas prepara os estudantes para avaliações, mas também fortalece a autonomia, a criticidade e a cidadania.
Escutar os adolescentes sobre provas institucionais é uma oportunidade para transformar um momento de ansiedade em um espaço de aprendizado coletivo. Quando unimos Educomunicação e escuta ativa, damos protagonismo ao estudante, transformando a avaliação em mais um passo no caminho do conhecimento — e não apenas em uma cobrança.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Foto: Reprodução Pixabay
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