terça-feira, 21 de janeiro de 2025

O mundo não será o mesmo. E a Educomunicação?

Em um curto espaço de tempo, o mundo parece ter dado um giro de 180 graus. Domesticamente e mundialmente, os modos de vida estão sendo desafiados e transformados. No Brasil, novas legislações afetam a maneira como os jovens deverão interagir  com  a cultura construida com eles,  entre os quais os usos sociais de ambientes virtuais e sistemas tecnologizados.  Redes, antes projetadas para construir conexões e disseminar conhecimento, têm sido usadas para manipular conceitos de certo e errado, verdade e mentira, a ponto de influenciar decisões de governos e moldar a opinião pública. Lá fora, assistimos ao surgimento de uma nova ordem internacional que ignora os direitos humanos e impõe uma lógica de dominação.

Nesse contexto, cumprir as agendas do Bem Viver tornou-se um desafio imenso. Mais do que nunca, o Bem Viver precisa ser revolucionário. A imposição da “verdade” de poucos sobre a vida de muitos, alimentada por um clube das grandes tecnologias, ameaça as bases de uma convivência ética e plural. O Sul Global — América Latina, África, Ásia e Oriente — precisa resistir, unir forças e reimaginar um futuro que não seja dominado pelo poder do dinheiro. Caso contrário, corremos o risco de sucumbir ao "império do money, money, money".

E a Educomunicação diante desse cenário?

A Educomunicação não pode ser espectadora passiva dessas mudanças. Não há mais lugar para a postura de quem olha o mundo pela janelinha de um avião, sem agir. É preciso atenção, reflexão e, sobretudo, ação. O papel da Educomunicação é lançar luz sobre o que está acontecendo nas escolas, espaços onde as mudanças globais inevitavelmente se refletem. São as escolas que acolhem vozes e pensamentos moldados por essa nova atmosfera ideológica, muitas vezes desafiadora para as ideias do Bem Viver.

Aqui, não precisamos de mais combates, mas de convívio. Um convívio que respeite a pluralidade de pensamentos, promova o diálogo e valorize a escuta ativa. Mediar nunca foi tão importante. As escolas, como microcosmos da sociedade, precisam de ações pedagógicas que promovam a reflexão, a expressão e a comunicação. Mais do que atender metas institucionais, é essencial colocar o bem-estar e a autonomia dos frequentadores da escola no centro das prioridades.

O diálogo como ferramenta transformadora

A Educomunicação tem em suas mãos o poder de lançar o diálogo como ferramenta de empoderamento escolar. Projetos, intervenções sociais, reflexões e criações são meios de tornar a aula um espaço vivo, conectando o microcosmo da escola ao mundo. É preciso formar cidadãos críticos, capazes de questionar, criar e propor soluções para os desafios que enfrentamos.

O mundo mudou e continuará mudando. A Educomunicação precisa ser protagonista nesse cenário, ajudando a construir uma sociedade que, apesar das diferenças, promova o respeito mútuo, a convivência ética e o Bem Viver. Mais do que nunca, a escola e a Educomunicação precisam estar em estado interventivo, para o mundo e por um mundo melhor.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor 

Imagem Pixabay 

Um comentário:

  1. Como educador nos deparamos com o grande desafio de promover efetivamente a função social da escola de forma efetiva e transformadora. Acredito que precisaremos ser ainda mais criativos e utilizar as ferramentas da tecnologia de forma a promover reflexões do valor que a comunicação tem na sociedade, e levar ao debate a quem atende uma comunicação rasa sem respeito as diferenças.

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