Hoje celebramos o Dia da Educação. A frase do papa Francisco "Precisamos de pontes, não de muros", expressa a necessidade de construir ligações, diálogo e compreensão entre pessoas, culturas e grupos sociais, em vez de criar barreiras e divisões.
Muito se diz que a educação começa em casa, mas e para quem não tem uma família estruturada? E para as crianças e adolescentes que, por circunstâncias da vida, precisaram ser retirados de seus lares devido a maus-tratos? Onde começa, então, sua educação? Talvez a verdadeira casa do estudante seja onde ele é acolhido. Como já dizia o provérbio africano popularizado por: "É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança."
Quando falamos de Educação, falamos de acolhimento, de escuta, de cuidado. Educação não se limita ao aprendizado da língua ou da matemática. Ela é vastíssima, cheia de experiências que podem — e devem — ultrapassar as fronteiras da sala de aula.
Na Educação, é preciso gostar de estudantes.
É inaceitável ouvir que uma sala de aula é um "inferno" — nem céu, nem paraíso: a escola deve ser um espaço de encontros, de trocas, de crescimento. E se ainda não é, temos o dever coletivo de trabalhar para que seja.
Educação não pode ser apenas sinônimo de escola, mas a escola pode ser, sim, o ponto de partida para crianças e adolescentes que não encontraram esse início em suas famílias.
Educação é, também, respeitar aqueles e aquelas que dedicam suas vidas a ensinar. Nenhuma sociedade deve tolerar que professores e professoras sejam desrespeitados. É inadmissível chamá-los de vagabundos. Imagine um mundo sem eles: seria um mundo sem médicos, sem engenheiros, sem artistas, sem pensadores — sem futuro.
Professor é a profissão de todas as profissões. Todos nós, sem exceção, passamos por eles para chegar aonde estamos. Até mesmo aqueles que, ironicamente, os desrespeitam.
A liderança do professor deve ser respeitada: no ato de educar, no ato de lutar por condições dignas para que possa oferecer a melhor educação possível às gerações que virão.
Educação é para todos e todas. A escola não é um shopping center, onde cada um fica na sua "lojinha" isolada. É, ou deveria ser, como um grande galpão de escola de samba: um espaço vibrante de criação coletiva, onde todos compartilham e aprendem uns com os outros.
O Dia da Educação é, na verdade, todo dia. Mas se existe uma data específica para celebrar, que ela nos sirva de reflexão. Que famílias, governos, comunidades, políticos — e, claro, estudantes — possam pensar: a escola precisa mais de diálogo do que de ditaduras.
Que construamos pontes. Nunca muros.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Imagem: Acervo pessoal