segunda-feira, 28 de abril de 2025

Precisamos de pontes, não de muros

 

Hoje celebramos o Dia da Educação. A frase do papa Francisco "Precisamos de pontes, não de muros",  expressa a necessidade de construir ligações, diálogo e compreensão entre pessoas, culturas e grupos sociais, em vez de criar barreiras e divisões.

Muito se diz que a educação começa em casa, mas e para quem não tem uma família estruturada? E para as crianças e adolescentes que, por circunstâncias da vida, precisaram ser retirados de seus lares devido a maus-tratos? Onde começa, então, sua educação? Talvez a verdadeira casa do estudante seja onde ele é acolhido. Como já dizia o provérbio africano popularizado por: "É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança."

Quando falamos de Educação, falamos de acolhimento, de escuta, de cuidado. Educação não se limita ao aprendizado da língua ou da matemática. Ela é vastíssima, cheia de experiências que podem — e devem — ultrapassar as fronteiras da sala de aula.

Na Educação, é preciso gostar de estudantes.
É inaceitável ouvir que uma sala de aula é um "inferno" — nem céu, nem paraíso: a escola deve ser um espaço de encontros, de trocas, de crescimento. E se ainda não é, temos o dever coletivo de trabalhar para que seja.

Educação não pode ser apenas sinônimo de escola, mas a escola pode ser, sim, o ponto de partida para crianças e adolescentes que não encontraram esse início em suas famílias.
Educação é, também, respeitar aqueles e aquelas que dedicam suas vidas a ensinar. Nenhuma sociedade deve tolerar que professores e professoras sejam desrespeitados. É inadmissível chamá-los de vagabundos. Imagine um mundo sem eles: seria um mundo sem médicos, sem engenheiros, sem artistas, sem pensadores — sem futuro.

Professor é a profissão de todas as profissões. Todos nós, sem exceção, passamos por eles para chegar aonde estamos. Até mesmo aqueles que, ironicamente, os desrespeitam.

A liderança do professor deve ser respeitada: no ato de educar, no ato de lutar por condições dignas para que possa oferecer a melhor educação possível às gerações que virão.

Educação é para todos e todas. A escola não é um shopping center, onde cada um fica na sua "lojinha" isolada. É, ou deveria ser, como um grande galpão de escola de samba: um espaço vibrante de criação coletiva, onde todos compartilham e aprendem uns com os outros.

O Dia da Educação é, na verdade, todo dia. Mas se existe uma data específica para celebrar, que ela nos sirva de reflexão. Que famílias, governos, comunidades, políticos — e, claro, estudantes — possam pensar: a escola precisa mais de diálogo do que de ditaduras.

Que construamos pontes. Nunca muros.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem: Acervo pessoal 


quarta-feira, 23 de abril de 2025

HQs na Educação: Muito Além do Entretenimento

As histórias em quadrinhos (HQs) sempre fizeram parte do imaginário de crianças e jovens. No entanto, o uso dessas narrativas visuais vem ganhando um novo espaço dentro da sala de aula, ampliando o repertório cultural e crítico dos estudantes. A professora Juliana de Oliveira Silva, conhecida como Juh, trouxe em um dos nossos encontros do Aulão de Educomunicação uma verdadeira aula sobre como os quadrinhos podem ser ferramentas potentes para a mediação pedagógica, cultural e emocional.

Juh destacou que a HQ vai muito além do consumo e do entretenimento. Ela pode ser um recurso formativo, informativo e instrucional. Desde materiais sobre saúde pública, como os quadrinhos do CGI.br e Safernet sobre internet segura, até produções que tratam de identidade, racismo, gênero e negritude, como “Jeremias - Pele” ou “Cabelos para Coroar”, o quadrinho se mostra um meio acessível e afetivo de diálogo com os estudantes.

Outro ponto importante trazido pela professora é o papel do educador como mediador. Não basta entregar um quadrinho: é preciso ler junto, interpretar contextos, discutir temas sensíveis e possibilitar que os estudantes também criem suas próprias histórias. Quadrinhos como Aprendendo a Cair (sobre neurodivergência), Angola Janga, Kauira Dorme, e as webcomics do coletivo @pontosilustrados mostram como a diversidade de vozes pode ser representada nas narrativas gráficas.

Além disso, Juh apresentou práticas incríveis, como disponibilizar HQs no recreio, promover rodas de leitura com fanzines feitos em folha sulfite, utilizar plataformas digitais como o Canva para criar tirinhas, e até cruzar o uso dos quadrinhos com temas de robótica e RPG.

Seja em projetos do Mais Educação, como suporte para os TCAs, ou em eventos como a Perifacon e Educa HQ, as HQs têm se mostrado aliadas poderosas para promover o letramento crítico, a escuta sensível e o fortalecimento da identidade dos estudantes.

Assista o Aulão HQ na Escola na íntegra 

Faça o download do pdf da apresentação do Aulão clique aqui


Explore o acervo da sua sala de leitura, busque quadrinhos com temáticas sociais, leve seus alunos a eventos culturais ou comece um fanzine coletivo. As possibilidades são infinitas!

Convidada do Aulão

Juliana de Oliveira Silva, historiadora, Socióloga, Mestranda na USP e pesquisadora de cultura geek

Mais informações

Acesse o site do Núcleo de Educomunicação para criar projetos de HQs e Fanzine pelo Programa Mais Educação clique aqui


Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem: Reprodução Pixabay

terça-feira, 22 de abril de 2025

Pitch Educomunicativo: como transformar ideias em ações com impacto social



No universo da Educomunicação, cada estudante é um potencial agente de transformação. E nada melhor do que um bom pitch educomunicativo para apresentar uma ideia que pode gerar mudanças reais na escola e na comunidade.

O pitch é um vídeo depoimento curto, direto e criativo, onde os estudantes apresentam um projeto de intervenção social. Ele deve ser envolvente, bem estruturado e capaz de mostrar, em poucos minutos, a importância da proposta e seu potencial de transformação. Nesta produção, o que vale é a clareza da ideia, a conexão com um tema relevante – como o ODS 13: Ação contra a mudança global do clima – e o impacto social gerado.

Pitch de projeto de Educomunicação do curso Imprensa Jovem Estudante Mediador dos ODS 

Acesse a playlist clique aqui

Para ajudar você a montar esse pitch, criamos um roteiro simples com perguntas que guiam a construção da narrativa, dividida em cinco etapas principais:


🟡 1. Qual é o problema?

Todo bom projeto nasce de uma inquietação. Comece o pitch contextualizando a situação que motivou a proposta. Pode ser com uma pergunta provocadora, um dado impactante ou uma observação do cotidiano escolar ou comunitário.

Use frases curtas, diretas e com palavras que criem imagens.

Exemplo:
"Depois da pandemia, qual é a nova crise silenciosa que enfrentamos? A pandemia da desinformação. Notícias falsas circulam com facilidade pelas redes sociais e apps como o WhatsApp, confundindo e desinformando. Na nossa comunidade, como isso tem afetado crianças, adolescentes e suas famílias?"


🟢 2. Qual é a sua proposta?

Agora que o problema está claro, apresente sua ideia de forma objetiva. Dê um nome criativo ao projeto e explique como ele pretende enfrentar o desafio apresentado.

Exemplo:
Detetive das Fake News – uma ação educomunicativa que investiga e combate a desinformação no ambiente escolar.


🔵 3. Como o projeto funciona?

Descreva as principais etapas da proposta. O objetivo aqui é mostrar como a ação acontece na prática, com linguagem visual e acessível. Quem faz o quê? Quando? Como?

Exemplo:
“O Detetive das Fake News funciona como uma agência de checagem. Estudantes recebem notícias suspeitas dos colegas, pesquisam em fontes confiáveis e publicam os resultados no Instagram do Imprensa Jovem da escola.”


🟣 4. Qual é o impacto da ação?

Explique como sua proposta beneficia a escola e a comunidade. Fale sobre o que muda, quem é apoiado, como a ação contribui para um ambiente mais informado, crítico e participativo.

Exemplo:
“O projeto ajuda a comunidade escolar e famílias a identificar fake news, pois as checagens são compartilhadas em grupos de WhatsApp e redes sociais, promovendo o pensamento crítico.”


🟠 5. Onde saber mais?

Indique os canais onde o público pode acompanhar ou se aprofundar no projeto: redes sociais, blogs, canais do YouTube, QR Code, etc. Isso fortalece a visibilidade e a articulação da proposta.


Critérios de Avaliação

Durante a apresentação do pitch, os seguintes critérios serão observados:

  • Viabilidade do projeto – 2 pontos

  • Potencial de expansão ou replicabilidade – 2 pontos

  • Integração com o ODS 13 – 3 pontos

  • Eficiência na comunicação da ideia – 3 pontos


💡 Dica final

O pitch educomunicativo não é só sobre apresentar um projeto. É sobre mobilizar ideias com empatia, criatividade e protagonismo. Seja verdadeiro, fale com o coração, traga imagens reais do seu contexto. O importante é mostrar que a sua ideia tem potência para gerar mudança!

Faça uma experiência criando um roteiro para o seu pitch clique aqui

Por Carlos Lima - Educocmunicador e professor

Imagem : Rerpodução Isper design


segunda-feira, 21 de abril de 2025

Um mundo construído com sonhos, sucatas e super-heróis ambientais



Em duas grandes mesas, um grupo de crianças compartilhou suas impressões sobre o meio ambiente por meio de um questionário simples e um espaço criativo onde puderam desenhar personagens ao seu gosto. Criaturas incríveis surgiram: super-heróis capazes de resolver os problemas ambientais do mundo com coragem, empatia e imaginação.

À frente das mesas, um protótipo de cidade sustentável ganhava forma. Povoada por esses seres fantásticos, era um lugar onde não existiam brigas, apenas união. Um mundo de fantasia que, aos poucos, se transformava no reflexo dos sonhos daquelas crianças  da Escola Municipal Salgado Filho — que ajudaram a construir, com as próprias mãos, uma cidade feita de brincadeira, mas cheia de propósito.

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No mundo maker, cabe qualquer sonho. A criatividade é a esperança. E foi essa a essência da proposta de aula desenvolvida pela professora Katia Archanjo no espaço Clic, da SME BH. acesse A atividade foi um verdadeiro chamariz para que as crianças colocassem suas ideias em movimento, refletindo sobre o planeta e as emergências climáticas com um olhar sensível e inovador.

Cada grupo pensou, construiu e deu vida aos seus personagens com materiais recicláveis. As esculturas — ou melhor, os heróis ambientais — foram batizados com nomes escolhidos a dedo, revelando o carinho e a identificação dos pequenos criadores com suas obras.

Ao final, representantes dos grupos compartilharam com entusiasmo as histórias por trás de cada personagem. Foram 130 minutos intensos de ciência, afeto e imaginação, que deixaram as crianças empolgadas e com vontade de seguir criando com os colegas.

Quando cheguei na sala, toda preparada para a atividade maker, fiquei impressionado com o colorido das paredes, a organização do espaço e a dedicação da professora e dos três jovens estagiários que acompanharam tudo de perto.

Foi uma atividade mão na massa, desconectada das telas, mas totalmente conectada com a vida. Criativa, afetiva, educomunicativa.

Por Carlos Lima – Educomunicador e professor

Um mundo cada vez mais raro de líderes perde um representante do bem


Em tempos de escassez de líderes verdadeiramente comprometidos com o bem comum, o mundo se despede de uma figura que simbolizou a esperança: Papa Francisco, nascido como Jorge Mario Bergoglio, faleceu hoje, 21 de abril de 2025, aos 88 anos. Um homem de fé profunda em Cristo e nas pessoas, especialmente naquelas que sofrem sob o peso das injustiças, das guerras e da desigualdade.

Francisco foi uma voz firme contra o ódio, a destruição do planeta, a exclusão dos pobres e o preconceito racial. Enfrentou com coragem os interesses políticos, econômicos e até religiosos que se opunham a uma visão mais humanizada e solidária do mundo. Sua missão reformista, que buscava resgatar o espírito original do Evangelho, muitas vezes colidiu com estruturas de poder conservadoras – dentro e fora da Igreja.

Imagem: Reprodução Facebook

O Papa nos alertou constantemente sobre os riscos de um mundo insustentável, guiado por interesses que não dialogam com o Bem Viver e com a diversidade cultural e social dos povos. Em suas palavras e gestos, deixou um recado claro: a Terra é nossa Mãe, e precisa ser cuidada para que continue a nos abrigar, como tem feito por milhares, talvez milhões de anos.

Francisco era pop porque era do povo. Escolheu viver a serviço dos pobres e excluídos. Suas últimas palavras, divulgadas por seus colaboradores, foram um apelo urgente: “Parem a guerra em Gaza”, logo após o assassinato de 12 civis que tentavam socorrer feridos em meio aos conflitos.


Papa Francisdo em um gesto de humildade beija os pés do líderes do Sudão, país que a guerra cívil


Chamado por alguns de “comunista” por sua defesa intransigente da justiça social, Papa Francisco foi, acima de tudo, um homem em missão. Um líder que não se deixou aprisionar por ideologias, mas se guiou pelo evangelho da paz, da solidariedade e do amor ao próximo.

Hoje o mundo está em luto. Mas também permanece uma esperança: a de que sua mensagem inspire uma nova geração de líderes, comprometidos com o Bem Viver dos povos e com o futuro do planeta.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem : Reprodução Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters

Encíclica da Amazonia: Acesse



domingo, 20 de abril de 2025

Pais analógico: como eles podem apoiar seus filhos no mundo digital?


Vivemos um tempo curioso: pais e mães, formados num mundo analógico, criam filhos completamente imersos no universo digital. Enquanto os adultos muitas vezes aprendem a lidar com as telas por necessidade, as crianças e adolescentes já nascem "deslizando os dedos" — e esse descompasso entre gerações pode ser um desafio imenso quando o assunto é educação midiática.

A frase “o quarto de casa é o lugar mais perigoso que as ruas” parece alarmista, mas reflete uma realidade. O ambiente doméstico, muitas vezes visto como refúgio seguro, é onde muitos jovens estão mais vulneráveis: cyberbullying, discursos de ódio, desafios perigosos, aliciamentos, manipulação de informações e vícios em telas acontecem justamente ali, longe dos olhos dos adultos. É urgente trazer a discussão sobre o mundo digital para o centro da vida familiar, com cuidado, diálogo e estratégias acessíveis.

Mas como envolver quem cresceu num tempo sem internet, sem redes sociais e sem algoritmos? A resposta pode estar nos próprios filhos.

Educomunicação: os estudantes como protagonistas na formação digital de suas famílias

A Educomunicação propõe um caminho inovador e potente: transformar os estudantes em multiplicadores de conhecimento dentro de suas casas. Ao desenvolver projetos de educação midiática nas escolas — como produção de podcasts, vídeos, campanhas, entrevistas e reportagens — os jovens ganham repertório crítico para falar sobre o uso consciente das mídias. E mais: tornam-se pontes de aprendizado com suas famílias.

Essa abordagem tem força porque é afetiva. Quando um filho ensina a mãe a reconhecer uma fake news, ou quando uma filha orienta o pai a configurar a privacidade de um aplicativo, não há apenas uma troca de saberes. Há vínculo, escuta e construção coletiva de cidadania digital.

E os pais, como entram nessa conversa?

É preciso lembrar que educação midiática não deve ser apenas atrativa para os estudantes. Ela precisa também ser compreensível, acessível e, principalmente, significativa para os pais. Estratégias específicas podem fazer toda a diferença:

  • Formações curtas e práticas nas escolas, com temas como “como proteger seu filho nas redes sociais” ou “entenda os jogos e aplicativos que seu filho usa”;

  • Guias impressos ou digitais com linguagem simples, distribuídos pelos próprios estudantes em ações nas escolas ou nos bairros;

  • Encontros mediados por jovens educomunicadores, em que pais e filhos compartilham experiências e aprendem juntos;

  • Campanhas de comunicação comunitária usando rádios escolares, redes sociais das escolas e murais informativos com dicas de cuidado digital.

Essas ações não tratam os pais como desinformados ou incapazes, mas como parceiros em um processo de aprendizado mútuo. Afinal, ninguém precisa dominar o mundo digital para oferecer proteção e apoio — basta disposição para aprender, escutar e caminhar junto.

Transformar a casa em um território de cuidado digital começa na escola. E começa com os estudantes.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem: Reprodução Womcy.org 

sábado, 19 de abril de 2025

Comunicação Estratégica nas Escolas: quando o Instagram vira sala de aula


Você já parou para pensar por que sua escola posta nas redes sociais? Parece uma pergunta simples, mas ela abre portas para uma conversa essencial: a comunicação da escola está alcançando quem precisa? Está dizendo o que queremos dizer?

Durante o aulão “Ponto de Encontro - Imprensa Jovem”, promovido pelo Núcleo de Educomunicação da SME, o professor e publicitário Clayton Scarcella conduziu um encontro inspirador com estudantes, professores e educadores para repensar o uso das redes sociais na escola.

A primeira lição? Comunicação tem estratégia.
Clayton propôs três perguntas fundamentais que toda escola deve se fazer antes de publicar:

  1. Por que estou postando isso?

  2. Que tipo de conteúdo é esse?

  3. O que eu espero com essa postagem?

Responder a essas perguntas é o primeiro passo para transformar o Instagram escolar em uma ferramenta educativa e de diálogo com a comunidade.

Estética importa muito
Paleta de cores, tipografia, identidade visual, fotos que contam histórias e vídeos com legenda. Tudo isso faz parte da estética da escola nas redes. E tem impacto direto na forma como estudantes, famílias e comunidade se relacionam com o conteúdo.

E o perfil da escola, é comercial ou pessoal?
Parece detalhe, mas não é. Um perfil comercial permite acesso a dados valiosos de engajamento que ajudam a entender o que funciona (e o que precisa melhorar).

Instagram não é mural de recado.
Publicar apenas avisos como “não haverá aula” ou “reunião de pais” pode esvaziar o potencial da rede. A escola tem muito mais a mostrar! Que tal contar histórias, mostrar bastidores de projetos, dar voz aos estudantes e valorizar as conquistas?

Quer mais visibilidade? Menos hashtags.
Sim, é isso mesmo. Os algoritmos das redes sociais favorecem postagens com até 5 hastags bem escolhidas, ao invés de listas enormes. Menos é mais.

Ferramentas gratuitas para brilhar:

  • Canva: ideal para criar peças visuais com identidade.

  • CapCut: edição de vídeos com recursos acessíveis.

  • Photopea: edição de imagens direto do navegador, estilo Photoshop.

  • Meta Business: para agendar postagens e manter o perfil ativo.

  • Linktree: para organizar todos os links da escola em um só lugar.

A inclusão é um compromisso. Legendas em vídeos, audiodescrição e linguagem clara fazem com que mais pessoas possam acessar e compreender o que a escola comunica.

Como disse o professor Clayton, “as redes sociais da escola precisam dar prazer em ser vistas.” Que elas sejam janelas abertas para mostrar o que se vive de mais bonito na educação pública.

Assista o Aulão de Educomunicação - Mídias Sociais Digitais e Escolares - Prof. Clayton Scarcella


Convidada do Aulão

Clayton Scarcella (professor, publicitário, especialista em TICs na Educação, mestrando em Educação Inclusiva e integrante do Núcleo Educom/SME).

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor 

Imagem : Reprodução Pixabay 


segunda-feira, 14 de abril de 2025

Educomunicação: a urgência de formar cidadãos críticos no tempo das rede



A Educomunicação se consolida, mais do que nunca, como um caminho necessário e estratégico para promover a Educação Midiática em tempos de excesso de exposição às redes sociais. Em um cenário onde o consumo de conteúdo digital é intenso e descontrolado, formar crianças e adolescentes para compreender, questionar e produzir mensagens com responsabilidade se torna tarefa urgente. É papel da escola, da família e de toda a sociedade fomentar esse olhar crítico sobre os meios de comunicação e seus impactos na vida cotidiana.

Infelizmente, a ausência dessa formação tem impactado vidas. O caso da jovem Sara, vítima de um desafio viral nas redes sociais, escancara a urgência do tema. Ela é mais uma entra em estatítica que tem 56 crianças e adolescentes que morreram ou ficaram feridas após participarem de desafios da internet nos últimos 11 anos no Brasil. Os dados são de levantamento não oficial feito pelo Instituto DimiCuida  (acesse) com base em notícias jornalisticas e relatos de pais. O mesmo número, 56%  usam a internet sem qualquer limites dos responsáveis, conforme pesquisa TIC Kids Online (acesse).

A tragédia de Sara e outras crianças e adolescentes  não são acasos isolado: é o resultado de um ecossistema que lucra com a atenção e vulnerabilidade de seus usuários mais jovens. Redes sociais que permitem o fácil acesso, sem protocolos rígidos de controle e verificação, tornam-se verdadeiros campos minados para crianças que ainda não desenvolveram os filtros necessários para navegar com segurança.

Nesse contexto, não basta apenas proibir ou criar legislações — embora sejam necessárias. É preciso ir além, com ações educativas que promovam experiências saudáveis e relações humanas significativas. O combate ao uso nocivo das telas passa pela construção de alternativas pedagógicas atrativas, que despertem o protagonismo infantojuvenil. A pergunta que precisamos fazer não é apenas "como controlar o uso das redes?", mas sim: "que tipo de experiências estamos oferecendo às nossas crianças e jovens em seu lugar?"

A Educomunicação surge como um campo potente para essa transformação. Ao integrar práticas comunicativas aos processos educativos, ela não apenas alerta sobre os perigos do consumo irrefletido, mas também empodera os estudantes para ter espaço para expressão para que sejam autores das suas próprias narrativas.  O Programa Imprensa Jovem é um exemplo disso. Criado na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, ele tem promovido a alfabetização midiática por meio de agências de notícias escolares, podcasts, vídeos e coberturas jornalísticas produzidas pelos próprios alunos. Essa iniciativa mostra que é possível transformar o uso da tecnologia em uma ferramenta de protagonismo e cidadania.

Educar para a mídia é, acima de tudo, um gesto de cuidado com o presente e o futuro das novas gerações. É hora de frear o descontrole e oferecer um novo rumo, onde a navegação digital aconteça de forma crítica, ética e segura.

Por Carlos Lima - Edumunicador  e professor 

Imagem : Sarah Raissa Pereira de Castro I Reprodução/Instagram / Mais Novela

domingo, 13 de abril de 2025

O desafio da Educomunicação nas escolas cívico-militares

A escola pública brasileira vive um momento de intensas transformações. De norte a sul, de leste a oeste, a relação entre professores e estudantes tem sido marcada por conflitos, tensões e desafios. A sala de aula, em muitos contextos, encontra-se em crise. Mesmo com medidas como a proibição do uso de celulares, a violência e a indisciplina persistem.

Diante desse cenário, cresce na sociedade o desejo por mais controle e disciplina nas escolas. Muitos acreditam que a ordem constante é o caminho para garantir um ambiente de aprendizagem mais seguro. Pais, professores, gestores e os próprios estudantes compartilham o mesmo anseio: uma escola acolhedora, organizada e livre de conflitos. Mas até que ponto uma pedagogia baseada exclusivamente na disciplina e na hierarquia é capaz de construir esse ambiente ideal?

As escolas cívico-militares surgem nesse contexto como uma proposta de organização mais rígida, centrada na autoridade e na obediência. No entanto, é preciso refletir: essas estruturas estão preparadas para lidar com a diversidade cultural, social e emocional dos estudantes? Como promover a inclusão, o pensamento crítico e a autonomia em ambientes que tendem à padronização do comportamento?

A escola deve ser um espaço de transformação do estudante para o mundo — e não de conformação do estudante a um modelo único de sociedade. Cada aluno carrega consigo uma bagagem cultural rica, desejos, criatividade, reflexões e inquietações. Reprimir essa pluralidade, negando o direito de questionar, expressar e trazer outras referências, é apagar a essência do ser criança, do ser adolescente, do ser jovem.

Educar é, antes de tudo, compreender. É construir pontes entre saberes curriculares — matemáticos, linguísticos, científicos, artísticos, históricos e tecnológicos — e os sujeitos reais que habitam a sala de aula. É preciso mais do que ensinar conteúdos: é necessário criar vínculos, promover a escuta ativa, mediar conflitos e valorizar o protagonismo juvenil.

É aí que a Educomunicação se apresenta como uma poderosa aliada das escolas, inclusive das cívico-militares. Presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como competência fundamental da Educação Básica, a Comunicação deve ser desenvolvida em suas múltiplas formas: escrita, oral, midiática, visual, corporal e digital. E, mais do que isso, deve ser um caminho para o diálogo, a expressão e a cultura de paz.

A Educomunicação propõe práticas que integram a escuta, o respeito às diferenças, a resolução pacífica de conflitos e o protagonismo estudantil por meio de projetos colaborativos, como rádio escolar, jornal estudantil, podcasts, vídeos, rodas de conversa, entre outros. Esses processos criam ambientes mais democráticos, onde a disciplina não é imposta, mas construída coletivamente a partir do diálogo e da corresponsabilidade.

Promover a participação dos estudantes na construção do conhecimento é fundamental para uma escola que pretende formar cidadãos críticos, éticos e atuantes. Uma escola pode, sim, ser organizada e disciplinada sem abrir mão da escuta, da criatividade e do afeto.

A Educomunicação não é o oposto da disciplina: ela é, justamente, o caminho para uma disciplina com sentido, construída junto com os estudantes e não contra eles.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem: Portal Aprendiz 

terça-feira, 8 de abril de 2025

Precisamos falar sobre Educomunicação na escola



Nos últimos anos, a Educomunicação tem ganhado força como uma prática transformadora no ambiente escolar. Mais do que uma metodologia, ela representa um novo modo de ensinar e aprender, no qual a escuta ativa, a produção midiática e o protagonismo estudantil se tornam centrais no processo educativo.

Durante nossos encontros formativos, como o Ponto de Encontro (Ouça o podcast) , temos ouvido experiências potentes de educadores que, mesmo diante de muitos desafios, apostam na Educomunicação como estratégia pedagógica para engajar, incluir e transformar realidades.

Ponto de encontro - Precisamos falar sobre Educomunicação na Escola

A potência do projeto na prática

Um exemplo inspirador é o do Projeto Educomunicadores, desenvolvido desde 2009, que reúne rádio, fotografia, audiovisual, blog, redes sociais e outras linguagens midiáticas sob o guarda-chuva do Programa Imprensa Jovem. Com esse formato, o estudante não apenas participa: ele escolhe o que quer aprender e como quer se expressar.

Projeto Educomunicadores - Mais Educação


Há relatos de alunos que, antes tímidos, encontraram nos microfones e câmeras uma forma de se comunicar com o mundo. Outros, com dificuldades de aprendizagem, passaram a escrever e se engajar com mais segurança. Há ainda quem se redescubra no papel de mediador de conhecimento, ajudando colegas, ensinando ferramentas, criando conexões.

A Educomunicação revela aquilo que há de melhor em nossos estudantes: suas vozes, talentos e ideias.

O papel do professor como formador e mediador

Em muitas escolas, a chegada do projeto é recente. Professores ingressantes têm relatado como encontraram na Educomunicação um caminho possível para unir conteúdos curriculares, desenvolvimento de competências e vínculos afetivos com os alunos.

A professora de Língua Portuguesa, por exemplo, conta que um estudante que apresentava dificuldades de comportamento em sala encontrou no projeto um sentido para estar na escola. De coadjuvante, passou a protagonista.

Outro relato emocionante veio de uma professora que incluiu um aluno autista nas atividades de produção audiovisual. Mesmo com dificuldades de fala, o estudante encontrou nas imagens uma forma de expressão. O brilho nos olhos dele – e de sua família – confirmou que a escola pode, sim, ser um espaço de acolhimento e pertencimento.

Educomunicação é inclusão

A Educomunicação também é ferramenta de inclusão. Seja com estudantes com deficiência, seja com crianças pequenas da Educação Infantil, os relatos mostram como rádio, fotografia e vídeo podem ser formas legítimas de expressão. Os projetos ganham vida com vozes diversas, com os olhares atentos das crianças, com suas perguntas espontâneas e suas formas criativas de contar o mundo.

Quando olhamos para a Educação Infantil, por exemplo, já é possível perceber o impacto de projetos como o Imprensa Mirim, que valoriza o brincar, o registro sensível do cotidiano e a escuta das crianças. Os pequenos também têm o direito de falar e serem ouvidos.

Equipamentos, formação e rede de apoio

Um dos desafios recorrentes está na obtenção de equipamentos e na organização do projeto. É por isso que temos construído coletivamente materiais de apoio, vídeos, podcasts, encontros formativos e até um manual de projetos de Educomunicação (em construção!). A ideia é facilitar o caminho para quem está começando e fortalecer quem já está nessa caminhada.

As escolas também podem utilizar verbas como o PTRF ou buscar parcerias com os grêmios estudantis para adquirir equipamentos como câmeras, microfones, caixas de som, entre outros. No site do Núcleo de Educomunicação há orientações detalhadas sobre como montar seu kit básico, além de links úteis e modelos de projeto.

Por que precisamos falar sobre Educomunicação?

Porque ela transforma. Transforma a escola, os estudantes, os professores, a comunidade. Ela abre espaço para o diálogo, para a escuta, para o pensamento crítico, para o uso consciente das mídias e para o exercício da cidadania.

Falar sobre Educomunicação é, antes de tudo, reconhecer que os estudantes têm o direito de se expressar, de serem autores de suas próprias narrativas e de ocuparem com responsabilidade os espaços midiáticos – dentro e fora da escola.

Por isso, seguimos juntos, aprendendo, criando e compartilhando saberes. Precisamos, sim, falar – e cada vez mais – sobre Educomunicação na escola.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Imagem - Selo comemorativo de 20 anos do Imprensa Jovem



sexta-feira, 4 de abril de 2025

Participar é transformar: juventude, escola e emergência climática


Participar é envolver-se, entrar, estar, agir, colaborar, cooperar, comparecer. É estar junto com outros, compartilhando ideias e propósitos. Participar é também se unir — e a união faz a força.

Vivemos tempos em que os problemas do mundo atingem todas as gerações, especialmente os mais jovens. A emergência climática é uma realidade que impacta a vida de milhões, sobretudo daqueles que vivem em territórios vulneráveis. Nas periferias urbanas, onde o acesso à mobilidade, saneamento e qualidade de vida é limitado, os extremos do clima — sol demais, chuva em excesso, falta de água potável — agravam desigualdades históricas.

Escola: o refúgio que dá voz

Neste cenário, a escola se apresenta como um espaço de proteção, acolhimento e, sobretudo, de escuta. Crianças e adolescentes encontram nela a possibilidade de expressão através de iniciativas como os Grêmios Estudantis, os projetos de Educomunicação, os Slams, Academias Estudantis de Letras e estudantes do TCA ( Trabalhos Colaborativos Autorais). São grupos que empoderam e ampliam a voz juvenil no território.

Mas o que esses jovens têm a dizer sobre o mundo que habitam? Como eles enxergam os impactos das mudanças climáticas em suas vidas e nas de suas famílias? Que soluções eles propõem?

Conferências Infanto Juvenis do Meio Ambiente: quando o local se conecta ao global

As Conferências Infanto Juvenis do Meio Ambiente são espaços potentes de mobilização. São momentos em que estudantes discutem, coletivamente, problemas reais do cotidiano. A partir dessas discussões, surgem propostas que podem transcender o contexto local e alcançar debates globais — como os que ocorrem em espaços como a COP30.

Afinal, as ideias das crianças e adolescentes são tão importantes quanto as dos adultos. Todos vivemos na mesma Casa Comum: a Terra. E todos precisamos cuidar dela.

Mobilização na escola: como começar?

É possível transformar esse movimento em realidade no cotidiano escolar. A seguir, sugerimos um roteiro de atividade interdisciplinar que estimula o protagonismo juvenil a partir da temática ambiental:

  1. Crie ambiência
    Promova rodas de conversa, exponha cartazes, compartilhe notícias. Envolva professores de diferentes disciplinas. O tema precisa circular pela escola para ativar a reflexão.

  2. Sensibilize com uma obra artística
    Exiba um filme, curta-metragem ou documentário sobre meio ambiente. Após a exibição, promova uma conversa aberta para que os estudantes compartilhem suas impressões e sentimentos.

  3. Lance a missão
    Proponha aos estudantes que identifiquem um problema ambiental que afeta sua escola ou comunidade. A tarefa será pensar uma solução viável e criativa.

  4. Reúna os grupos para sistematizar a ideia
    Em sala ou assembleia, oriente a construção de um cartaz com as seguintes informações:

    • Nome do projeto

    • Objetivo

    • Qual é o problema identificado?

    • Qual é a proposta de solução?

    • Que impacto esse projeto pode gerar?

  5. Apresente as propostas
    Cada grupo terá 3 minutos para apresentar sua ideia. Após cada fala, permita no máximo duas perguntas de outros estudantes. Isso ajuda no aprimoramento e na escuta ativa. 

  6. Escolha a proposta destaque
    Ao final, organize uma votação para eleger a proposta  e eleja um(a) delegado(a) que representarpa escola. O grupo eleito poderá participar de eventos municipais, estaduais e até nacionais, levando sua solução adiante.. 

O papel da escola: semear ideias para um futuro possível

Pactuar um momento coletivo como esse é fortalecer o papel da escola como espaço de construção democrática e cidadã. As Conferências Infantojuvenis não são apenas eventos: são pontes para um mundo mais justo, empático e sustentável.

A COP30 será em solo brasileiro. Que tal garantir que as vozes das nossas crianças e adolescentes também estejam lá? A hora de agir é agora. Porque participação é união, e a união faz a força.

Esta crônica educomunicativa foi inspirada na aula sobre organização de Conferencias Infanto Juvenil do Meio Ambiente realizada no curso Educomunicação Socioambiental : Precisamos Falar sobre Emergência Climática na Escola liderada pela educadora ambiental Fernanda Lazar

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor 

Foto : Encontro formativo Educom&Clima

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Educomunicação e Protagonismo Estudantil: Quando o Clima Entra em Pauta nas Escolas

Como estudantes da Rede Municipal de São Paulo estão usando a comunicação para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover o b...