domingo, 27 de julho de 2025

20 anos de Educomunicação: resistência, criação e voz estudantil


Ao completar 20 anos de Educomunicação na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, estávamos saindo de um dos períodos mais desafiadores da história recente: a pandemia de coronavírus. Ainda vivíamos uma transição cautelosa para o retorno ao convívio presencial e interativo, seguindo protocolos e acreditando na ciência, sem espaço para o negacionismo. Mesmo diante das incertezas, decidimos não parar. Seguimos em frente, reafirmando a Educomunicação como prática de resistência, expressão e reconstrução.

Foi nesse contexto que realizamos o EducomSP 2021, durante a Global MIL Week (Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional). Durante uma semana, promovemos dez encontros online reunindo nosso time de formadores, professores, estudantes e ex-estudantes para dialogar sobre linguagens, metodologias e projetos capazes de expandir a jornada escolar e enriquecer as aulas. Tratou-se de um esforço coletivo para traçar os caminhos de uma Educomunicação possível e necessária no cotidiano das escolas.

A inspiração para essa iniciativa veio do EducomSP presencial de 2017, realizado na DRE Capela do Socorro no formato TEDx. Naquele evento, estudantes e professores apresentaram seus projetos e participaram de talkshows mediados por jovens educomunicadores. Um modelo potente de escuta ativa, protagonismo e troca de saberes que plantou a semente para o que viria a ser o EducomSP 2021.

Agora, em 2025, celebramos os 20 anos do Programa Imprensa Jovem. E o nosso desejo é fazer dessa comemoração um momento ainda mais coletivo, potente e conectado. Surge então o Festival Imprensa Jovem Digital, um novo formato do EducomSP — com ainda mais protagonismo estudantil e diálogo com o Brasil e o mundo.

A proposta do festival é celebrar a Educomunicação como política pública e movimento vivo nas escolas. Vamos ampliar as vozes dos estudantes e destacar o papel transformador de suas produções midiáticas. Dentro do festival, queremos também valorizar o movimento #EstudanteEmVoz, que foi essencial para a construção do Currículo da Cidade e agora retorna com força para promover reflexões sobre o presente e o futuro da escola.

Confira a playlist com os encontros do EducomSP 2021:

🎥 Assista no YouTube


Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem - Acervo Educom


sábado, 26 de julho de 2025

Uma Cidade Educadora se Constrói com Transporte Público Acessível


Você já parou para pensar em quantas oportunidades de aprendizagem estão espalhadas pela cidade e passam despercebidas no dia a dia escolar? Museus, parques, teatros, centros culturais, estações de trem, centros de pesquisa, bairros históricos... tudo isso pode virar sala de aula — se houver acesso.

Em tempos de educação integral, é urgente refletir: como garantir que estudantes tenham acesso ao conhecimento que está além dos muros da escola? E mais: como fazer com que a cidade seja, de fato, um território educador?

A cidade como espaço educativo

A escola continua sendo um lugar fundamental de formação, mas ela não é o único. A internet também disputa esse espaço, e a cidade, com toda a sua diversidade e complexidade, pode — e deve — ser explorada como parte do processo educativo.

Cada lugar da cidade carrega saberes, memórias, histórias e experiências que enriquecem a aprendizagem. São Paulo, por exemplo, tem uma malha de transporte público que conecta todas as regiões: norte, sul, leste, oeste e centro. Metrôs, trens, ônibus e vans formam uma rede que poderia ampliar o acesso de estudantes a uma formação mais viva, ativa e cidadã.

Educação que se move

Hoje, o sistema de transporte público oferece gratuidade para pessoas com deficiência e idosos, além de meia-passagem para estudantes em trajeto entre casa e escola. Mas não existe nenhuma política que permita o uso gratuito do transporte para atividades pedagógicas fora da escola.

Por que não criar uma política pública que permita que estudantes e professores possam usar o transporte público para aprender com e na cidade?

Projetos como Agências de Notícias Estudantis já demonstram a potência desse movimento: estudantes que exploram diferentes regiões da cidade para coberturas jornalísticas, vivências culturais e entrevistas. A escola se move — literalmente — para outros territórios.

Propostas

Para transformar essa ideia em realidade, é preciso vontade política e organização. Veja algumas propostas que podem tornar isso possível:

  1. Carteira de estudante vinculada à escola com permissão de uso para atividades educativas.

  2. Solicitação formal  para liberar o uso gratuito em dias de atividade pedagógica, com identificação do estudante.

  3. Carteira especial para professores acompanhantes, garantindo também sua gratuidade.

  4. Registro da atividade em plataforma oficial, como parte do planejamento pedagógico da escola.

  5. Autorização dos responsáveis, garantindo segurança e transparência.

  6. Cartilha de uso seguro e responsável do transporte público para estudantes.

  7. Planejamento das saídas fora dos horários de pico, para garantir conforto e menor lotação (entre 10h e 16h, ou em contrafluxo).

Superando preconceitos

Muitos educadores ainda evitam o transporte público por julgarem-no perigoso. Mas pesquisas mostram que, segundo a população, o sistema é considerado seguro. E mais: ele é acessível, bem distribuído e conta com corredores exclusivos que garantem velocidade e pontualidade.

Educar também é romper com preconceitos e ensinar o uso consciente e cidadão da cidade.

Mobilidade urbana é educação

Falar de mobilidade urbana é falar de direito à cidade. É reconhecer que o deslocamento é parte da formação dos estudantes, principalmente em uma cidade do porte de São Paulo. Não se trata apenas de chegar à escola, mas de fazer da cidade um espaço de descobertas, aprendizagens e pertencimento.

Uma política que garanta o transporte gratuito para fins educativos pode ser o empurrão que falta para transformar a cidade em uma sala de aula viva, plural e integrada ao currículo.

A cidade precisa estar no centro da formação de nossos estudantes.
E para isso, é preciso garantir o direito de ir e vir — com propósito, com segurança e com educação.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem : Gerada por IA

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Imprensa Jovem colabora com o Programa EntreNós


A comunicação de jovem para jovem tem potência para impactar com temas importantes para o convívio social. A convite do Programa EntreNós, da Unicamp, os estudantes do projeto Imprensa Jovem BNE protagonizaram a primeira gravação do podcast Conexão Total. Isabella Santos e Gabriel Araújo, sob a orientação da professora Andrea Furtado, entrevistaram as pesquisadoras Elvira Pimentel e Flávia Vivaldi para o programa, que será veiculado em todas as escolas da Rede Municipal.

No episódio, discutiu-se o papel da Comunicação Ética entre os adolescentes no ambiente escolar. A produção foi realizada pela equipe de Vídeo e Fotos do Centro Multimeios da SME. O Programa Entre Nós é uma iniciativa desenvolvida por pesquisadores da Unicamp e tem como missão promover a cultura de paz, o respeito mútuo e a convivência democrática entre todos os integrantes da comunidade escolar.

De acordo com a pesquisadora Elvira Pimentel:

“A ideia do programa Entre Nós é harmonizar com propostas e projetos já existentes na rede, potencializando-os. Essa oportunidade de articulação com um projeto de sucesso, como o da Imprensa Jovem, é uma das formas de efetivar essa harmonização.” 


Voltado para diferentes públicos — estudantes, educadores, gestores e famílias — o programa propõe reflexões e práticas voltadas à transformação das relações escolares, promovendo uma convivência mais ética, acolhedora e respeitosa.

Sobre a participação do Imprensa Jovem na construção do programa Conexão Total, a pesquisadora Elvira acrescenta:

“Um dos públicos principais do EntreNós é justamente o público estudantil. Ter o Imprensa Jovem conosco, participando ativamente, formulando perguntas, conduzindo entrevistas e produzindo conteúdo, potencializa a conexão entre o programa e os estudantes. Essa participação garante que a linguagem e os temas realmente dialoguem com quem vive o dia a dia da escola.”

A proposta da iniciativa não para neste episódio. Novos programas serão produzidos com equipes de diferentes territórios da cidade, abordando temas de interesse das juventudes e dos estudantes.

Em breve, o programa estará disponível para formação da comunidade escolar por meio da plataforma GSA da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Por : Redação Imprensa Jovem I DIGP Educomunicação 

terça-feira, 22 de julho de 2025

Como tornar o projeto de Educomunicação uma ação política sustentável?


Durante uma missão formativa realizada para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com apoio da Associação  Comunitária de Moradores da Serra Negra, conduzi uma oficina de Educomunicação voltada para jovens moradores de comunidades do entorno do Parque Nacional do Itatiaia. O principal objetivo foi oferecer ferramentas e conhecimentos para a criação de uma agência de notícias estudantil, com foco em promover uma relação mais próxima, afetiva e consciente entre a comunidade local e o parque.

Ao longo dos anos, foi perceptível que, após a criação do parque e sua administração por órgãos federais, parte da população passou a se sentir excluída de seu próprio território. O espaço que antes era local de convivência, memória e construção de laços afetivos — onde muitas famílias se formaram, crianças cresceram e a cultura local floresceu — passou a ser percebido como inacessível. Nesse cenário, a Educomunicação surge como um caminho possível para resgatar esses vínculos, ampliar o sentimento de pertencimento e valorizar o papel do parque como um bem comum.

Aula de Módulo Podcast 

O Parque Nacional do Itatiaia, o primeiro criado no Brasil, está localizado na Serra da Mantiqueira e abrange áreas do Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais. Sua preservação é estratégica para a sustentabilidade ambiental da região. Entretanto, integrar a população local a esse processo é essencial. A criação de uma agência de notícias estudantil, nesse contexto, pode também fomentar o turismo responsável, o empreendedorismo comunitário e a valorização cultural, tornando-se um importante canal de comunicação sobre o uso consciente do parque e a vivência nas comunidades do entorno.

Caminhos para transformar a Educomunicação em política pública

1. Diagnóstico participativo:
O primeiro passo é alinhar o projeto às necessidades reais do território. Projetos de Educomunicação podem ser apenas formativos, mas para que tenham impacto estrutural e duradouro, precisam responder a demandas concretas da comunidade. Ouvir, mapear e compreender essas necessidades é essencial para que o projeto tenha relevância e enraizamento.

2. Parcerias estratégicas:
Contar com um parceiro institucional com legitimidade no território fortalece a governança. No exemplo citado, o ICMBio tem papel fundamental tanto no apoio como na articulação com demais atores. Ter esse tipo de aliança agrega valor, credibilidade e viabilidade à proposta.

3. Formação de grupo engajado:
A sustentabilidade do projeto depende da formação de um coletivo comprometido com suas metas e valores. Esse grupo precisa estar disposto a assumir responsabilidades, dividir tarefas conforme suas competências e atuar de forma ética e colaborativa. O protagonismo local é o que garantirá a continuidade das ações.

4. Formação inicial e continuada:
O processo formativo deve ser contínuo. A formação inicial desperta o interesse e revela os talentos. Já a formação continuada aprofunda os conhecimentos, qualifica as produções e mantém o grupo ativo e engajado.

5. Relação com a comunidade:
A construção de uma relação sólida com a comunidade local permite levantar temas de interesse coletivo que, por sua vez, alimentam as pautas das produções jornalísticas. A agência deve ser um reflexo do território, com linguagem, cultura e identidade próprias.

6. Protagonismo juvenil e liberdade criativa:
Mesmo sendo uma comunicação comunitária, a agência de notícias deve ser pensada como espaço de juventudes, com liberdade para experimentar formatos, temas e linguagens. O processo precisa ser construído com os jovens — e não para eles. A escuta ativa e o respeito à voz juvenil são fundamentais.

7. Produção prática e atrativa:
Atividades práticas que dialogam com as referências midiáticas que os jovens já consomem facilitam o engajamento. Validar ideias, testar formatos e explorar a criatividade tornam a agência um lugar de aprendizado e expressão.

8. Gestão pedagógica:
Mais do que uma ação comunicativa, a agência é um espaço educativo. É uma escola de cidadania, onde se aprende a pesquisar, escrever, comunicar, usar tecnologias, refletir criticamente e atuar no mundo.

9. Infraestrutura mínima:
Para viabilizar a produção midiática, é essencial oferecer uma estrutura mínima: equipamentos, acesso à internet, espaço físico adequado. Pode ser uma sala de informática, biblioteca, centro comunitário ou uma sala adaptada em órgão público.

10. Mobilidade para coberturas:
Garantir meios para que os jovens realizem coberturas externas, entrevistas e reportagens amplia o alcance do projeto e fortalece seu papel como serviço de utilidade pública.

11. Sustentabilidade econômica:
A agência pode atuar como um projeto de desenvolvimento local. Combinando ações voluntárias e parcerias institucionais, é possível viabilizar bolsas, apoios e remunerações pontuais para garantir continuidade e engajamento.

12. Construção coletiva:
O desenho do projeto deve ser sempre coletivo. A participação ativa dos envolvidos — jovens, lideranças, escolas, organizações — é a chave para que o projeto represente de fato os anseios e sonhos do território.

Participantes da formação Agência de Notícias 

Transformar uma ação educomunicativa em política pública sustentável exige visão estratégica, escuta ativa, alianças sólidas e compromisso com a formação cidadã. No caso do Parque Nacional do Itatiaia, a criação de uma agência de notícias estudantil é mais que uma ação de comunicação: é uma ponte entre o passado afetivo, o presente participativo e o futuro sustentável da região.

Por Carlos Lima : Educomunicador e professor
Foto: Registros da oficina de Educomunicação Criar Agências de Notícias 



sexta-feira, 18 de julho de 2025

Os Objetivos de Aprendizagem do Imprensa Jovem: Educomunicação para Transformar a Escola


Desde 2005, o programa Imprensa Jovem vem sendo uma das mais potentes iniciativas de educomunicação da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Criado com o objetivo de promover a alfabetização midiática, a produção colaborativa e a participação juvenil, o programa transforma estudantes em protagonistas da informação e da comunicação dentro da escola e para além de seus muros.

Mas afinal, quais são os objetivos de aprendizagem que orientam o trabalho das equipes do Imprensa Jovem?

1. Desenvolver a leitura crítica da mídia

Os estudantes são incentivados a analisar conteúdos midiáticos, identificar intenções por trás das mensagens e reconhecer fake news, estereótipos e discursos de ódio. Essa leitura crítica amplia a consciência cidadã e prepara os jovens para interagir com responsabilidade no ecossistema digital.

2. Estimular a autoria e expressão criativa

Ao produzir reportagens, vídeos, podcasts, fotografias, roteiros ou conteúdos para redes sociais, os alunos exercitam a autonomia, a criatividade e a capacidade de expressão. Aprendem a contar histórias com base na escuta ativa, na pesquisa e no diálogo com a comunidade escolar.

3. Promover o protagonismo e a cidadania ativa

O programa valoriza a escuta das vozes estudantis, permitindo que temas relevantes para os jovens ganhem espaço nos meios de comunicação escolar. Os alunos tornam-se agentes de transformação, discutindo temas como diversidade, meio ambiente, cultura, saúde e direitos humanos.

4. Integrar linguagens e saberes curriculares

A educomunicação fortalece o trabalho interdisciplinar, conectando áreas como Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, Arte e Tecnologia. A prática midiática se torna uma ferramenta pedagógica potente para aprofundar conteúdos do currículo de forma significativa e engajadora.

5. Desenvolver competências digitais e técnicas de produção

As equipes aprendem a utilizar ferramentas digitais de edição, gravação e publicação de conteúdo. Esse conhecimento amplia o repertório dos estudantes no uso crítico e criativo das tecnologias, alinhando-se à cultura digital contemporânea.

6. Fortalecer o trabalho em equipe e a cultura da colaboração

O trabalho em uma agência de notícias escolar envolve planejamento conjunto, divisão de tarefas, escuta, diálogo e corresponsabilidade. São experiências que fortalecem a convivência democrática e a cooperação entre pares.

7. Valorizar a identidade e o território

Os estudantes reconhecem a importância de seu contexto local, de suas histórias, saberes e culturas. A comunicação passa a ser uma ponte entre a escola e a comunidade, reforçando o sentimento de pertencimento.

O Imprensa Jovem vai muito além de ensinar a produzir conteúdos midiáticos: ele forma cidadãos conscientes, comunicadores éticos e sujeitos ativos na construção de uma escola mais aberta, criativa e plural. Esses objetivos de aprendizagem refletem o compromisso com uma educação integral, conectada às realidades e aos desafios do século XXI.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor

Foto: Imprensa Jovem Planeta CEU. Estudante do projeto PAP produzindo programa de entrevista TV PAP





sábado, 12 de julho de 2025

Educomunicação Escola: um convite para transformar a educação com mídia, tecnologia e criatividade


Em tempos em que as telas fazem parte da rotina de crianças e jovens desde cedo, é urgente repensar o papel da escola diante da cultura digital. O desafio não está apenas em usar a tecnologia como ferramenta de ensino, mas em formar sujeitos críticos, criativos e protagonistas na produção de conteúdos e na leitura consciente do que consomem.

É nesse cenário que nasce a idéia de uma proposta potente: a criação de um Grupo de Temático sobre Educomunicação na Escola.

A ideia é ousada. Reunir educadores, pesquisadores, especialistas e apaixonados por educação para pensar, juntos, como a Educomunicação pode ocupar o lugar que merece no currículo da Educação Básica — da Educação Infantil ao Ensino Médio. E mais do que isso: como ela pode ser uma aliada estratégica para temas centrais como a Educação Integral, a formação cidadã, o combate à desinformação e o uso ético das mídias e tecnologias.

Por que precisamos falar de Educomunicação agora?

Porque vivemos um tempo em que a comunicação acontece em tempo real, e os estudantes já são produtores de conteúdo — muitas vezes sem apoio, sem orientação e sem consciência crítica. E se a escola se tornasse um espaço onde esses saberes fossem valorizados, organizados e transformados em aprendizagens potentes?

A Educomunicação propõe exatamente isso: criar pontes entre o universo da mídia e o da educação, promovendo o diálogo, a escuta ativa, a criatividade, a expressão e a análise crítica dos meios de comunicação.

Essa proposta pode assumir diferentes formas: rádios escolares, podcasts, fanzines, vídeos, projetos de jornalismo jovem, redes sociais educativas, oficinas de audiovisual, produção de memes, análise de notícias... Tudo feito com os estudantes, não apenas para eles.

Um grupo para sonhar e construir juntos

O Grupo de Trabalho em Educomunicação Escola nasce com uma missão clara: formular uma proposta concreta, viável e adaptável às realidades das redes públicas de ensino, que possa inspirar programas de governo e políticas públicas educacionais nos próximos anos.

Estamos em um momento estratégico: 2026 será ano de eleições. E é hora de colocar a Educomunicação na pauta. Leitura crítica da mídia, produção de conteúdo, ética digital, direito à comunicação — todos esses temas precisam ser pensados como parte da formação integral de nossos estudantes.

O que queremos construir?

  • Uma proposta pedagógica que valorize a produção de mídia como prática educativa;

  • Diretrizes para incluir a Educomunicação na Educação Integral e nos itinerários formativos do Ensino Médio;

  • Estratégias de formação para professores que queiram explorar o potencial das mídias com intencionalidade pedagógica;

  • Projetos que integrem tecnologia, expressão e participação;

  • Um movimento coletivo por uma Educação Digital e Midiática cidadã e transformadora;

  • Construir consensos para que o profissional da Educomunicação possa atuar na Educação Básica.

A Educomunicação pode — e deve — ser uma política pública e de estato. E começa com quem acredita nela hoje.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor

Imagem : Celebração de 10 anos do Imprensa Jovem na Câmara Municipal de São Paulo

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Educação Digital e Midiática nas escolas públicas: avanços e desafios com a obrigatoriedade nas escolas brasileiras





A Educação Digital e Midiática vem ganhando cada vez mais relevância no cenário educacional brasileiro. No município de São Paulo, o Programa Imprensa Jovem — ação desenvolvida pelo Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação — é uma das políticas públicas pioneiras que integra essa perspectiva ao cotidiano escolar. A iniciativa promove a criação de agências de notícias estudantis, onde os estudantes se tornam protagonistas na produção de conteúdos midiáticos, aprendendo a ler, interpretar e produzir mídias de forma crítica e criativa.

Esse movimento também ganha força em outras regiões do país. Um exemplo é o estado da Bahia, que passou a integrar a Educação Midiática ao currículo do Ensino Médio, oferecendo uma aula semanal dedicada a esse tema.  A proposta soma-se à existência de 88 agências  de notícias estudantis já implementadas na rede estadual, com meta para 2025 de 500, fortalecendo o protagonismo juvenil e a cultura digital no ambiente escolar.

A produção de mídia na escola não é apenas um exercício técnico; trata-se de uma experiência educativa que favorece o desenvolvimento de múltiplas competências. Quando os estudantes criam mídias — sejam podcasts, vídeos, jornais, rádios ou postagens para redes sociais — eles mobilizam saberes de forma interdisciplinar e conectam diferentes áreas do conhecimento. É um processo orgânico, que respeita o modo como os jovens constroem e compartilham seus aprendizados no mundo contemporâneo.

Mais do que uma atividade extracurricular, a Educomunicação oferece aos estudantes um percurso formativo centrado no protagonismo, na autonomia, na cultura de paz, na leitura crítica da mídia, na colaboração e no uso ético das tecnologias. Esses princípios estão em consonância com as competências gerais da BNCC e as Matrizes de Saberes do Currículo da Cidade de São Paulo, reforçando a importância da Educomunicação como uma estratégia transversal e estruturante no currículo escolar.

Entretanto, para que esses processos sejam efetivos, é necessário investir na formação continuada de professores, com abordagens que integrem teoria e prática. Produzir mídia na escola não é trivial: exige sensibilidade, planejamento e, sobretudo, respeito ao protagonismo estudantil. O papel do professor, nesses contextos, deve ser o de mediador e facilitador, adaptando sua atuação conforme a faixa etária e as necessidades dos estudantes, especialmente nos primeiros anos, em que a mediação se torna ainda mais essencial.

Um exemplo expressivo dessa formação docente aconteceu em julho de 2025, em Salvador, durante a formação Educação Digital e Midiática:Como Criar  Agências de Notícias nas Escolas? , promovido pelo Instituto Anísio Teixeira. O evento reuniu cerca de 500 professores da rede estadual da Bahia em dois dias intensos de atividades, com palestras, oficinas e mesas de relatos de práticas. A iniciativa, que contou com o apoio e presença  de  secretarias estaduais, governo federal, organizações, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Universidade Federal da Bahia, demonstrou o grande interesse dos educadores no tema, embora ainda persistam dúvidas sobre como dinamizar esses projetos no cotidiano das escolas.


Evento:  Como Montar uma Agência de Notícias na Escola 

Oficina de Podcast - Encontro promovido pelo Instituto Anisio Teixeira 


A proposta do PL 1010/2025, atualmente em tramitação no Senado Federal, representa um avanço importante ao propor a obrigatoriedade da Educação Digital e Midiática como componente transversal em toda a educação básica. O projeto prevê aulas específicas, integradas ao currículo, com o objetivo de preparar os estudantes para uma atuação crítica, ética e criativa no ecossistema digital e informacional contemporâneo.

Conheça o Projeto de Lei 1010/2025

Iniciativas como essa reconhecem que formar leitores críticos de mídia e criadores conscientes de conteúdo digital é uma necessidade urgente em tempos de desinformação, discursos de ódio e hiperconectividade. Mas para que isso se torne realidade em larga escala, é essencial considerar as condições reais das escolas, respeitar as diversidades dos territórios educativos e garantir que a Educomunicação seja uma experiência possível, acessível e significativa.

O educomunicador Bruno Ferreira, coordenador pedagógigo da Educamídia,  apresenta em seu site, informações  do Conselho Nacional de Educação sobre o tema, confira. A recente resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), publicada em 21 de março, estabelece diretrizes para a integração da educação digital e midiática no currículo da educação básica, reforçando sua obrigatoriedade até 2026 e garantindo que essa formação esteja presente mesmo diante da proibição do uso de celulares pessoais em sala de aula, conforme a Lei nº 15.100/2024. A norma orienta o uso prioritário de dispositivos escolares para fins pedagógicos, respeitando a autonomia das redes de ensino na escolha da melhor abordagem — transversal ou por disciplina específica. Alinhada à BNCC e à Política Nacional de Educação Digital (PNED), a resolução também trata da gestão dos dispositivos, da formação docente e da infraestrutura como desafios centrais para a efetiva implementação, destacando a importância de acompanhar as práticas em curso e ouvir professores e gestores para garantir uma educação digital e midiática de qualidade em todo o país.

A consolidação da Educação Digital e Midiática como política pública depende de ações intersetoriais, de investimentos em formação, de espaços de escuta e criação para os estudantes e da valorização de práticas educativas inovadoras que já acontecem nas escolas. O caminho está sendo traçado — e a presença dos estudantes como sujeitos ativos potencializa a transformação que a escola precisa viver.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor

Foto : Acervo Imprensa Jovem no Ar

Fonte: 

Site do Bruno Ferreira 



Fanzine: Expressão Criativa e Educomunicativa nas Mãos dos Estudantes


O fanzine — ou simplesmente zine — é mais do que uma publicação: é um grito criativo de liberdade e expressão. E quando integrado ao Programa Imprensa Jovem, torna-se um potente instrumento educomunicativo, capaz de dar voz aos sentimentos, ideias e causas dos estudantes dentro e fora da escola.É na simplicidade que as belas coisas acontecem. Fanzine e Jornal Mural são exemplos potentes de desenvolver ocupação educomunicativa lowtech. Não precisa tecnologias digitais, para expressão criativa e comunicativa 

Ao contrário dos jornais e revistas tradicionais, o zine se destaca pela sua autonomia editorial. É feito por quem quer se expressar, sem depender de grandes estruturas ou aprovações. Na minha adolescência, lembro com carinho das produções que fazíamos nos shows de bandas de garagem, junto com a cena punk, para falar de cultura alternativa, protesto, comportamento e visões de mundo. Era puro espírito DIY (faça você mesmo), e esse mesmo espírito pode (e deve) viver nas escolas.

O zine é uma publicação artesanal, criativa e independente, feita com colagens, desenhos, textos escritos à mão ou impressos, montagens digitais ou manuais. Ele pode ser um canal poderoso para os estudantes colocarem no papel — e no mundo — o que pulsa no coração e na mente: protestos, sonhos, poesias, reflexões sobre temas sociais, ambientais, afetivos, culturais.

Quantos temas incríveis poderiam nascer de um projeto de fanzine nas escolas? Infinitos!

Como Criar um Zine com sua turma

A produção de zines é uma atividade divertida, acessível e transformadora. Veja abaixo algumas etapas para começar:

1. Escolha o tema e o público:
Pense em algo que mobilize você e sua turma. O tema pode ser cultura pop, sustentabilidade, direitos humanos, escola, esportes, feminismo, racismo, alimentação, saúde mental, entre outros.

2. Reúna os materiais:
Use o que tiver à mão: papel, canetas, cola, tesoura, revistas antigas para recortes, lápis de cor, fotos e materiais de colagem. Vale também fazer versões digitais, com ferramentas de design.

3. Planeje o conteúdo:
Organize o que será incluído: textos, entrevistas, ilustrações, poesias, histórias em quadrinhos, reflexões ou fotos. O importante é ter um fio condutor e liberdade de criação.

4. Defina o formato:
Você pode dobrar uma folha ao meio e fazer um livreto de quatro páginas ou criar estruturas mais complexas com dobras e colagens. A forma deve servir à ideia.

5. Monte o zine:
Distribua o conteúdo nas páginas com lógica, mas sem medo de ousar. Misture técnicas e estilos.

6. Imprima e compartilhe:
Faça cópias simples para distribuir na escola, eventos, feiras, ou crie uma versão digital e publique nas redes sociais da agência Imprensa Jovem da sua escola.

Dicas para uma produção autêntica

  • Solte a criatividade: Não há limites para o estilo ou linguagem. O zine é seu!

  • Compartilhe suas paixões: Mostre ao mundo o que você ama, acredita ou quer mudar.

  • Construa pontes: Os zines ajudam a criar comunidades e redes de afeto, escuta e diálogo.

  • Não busque a perfeição: A beleza está na originalidade, no conteúdo, na intenção e no gesto criativo.

Educomunicação em ação

O fanzine é uma forma concreta de alfabetização midiática, artística e crítica. Ele estimula autoria, protagonismo, leitura e escrita multimodal. Pode ser desenvolvido com turmas do Ensino Fundamental, Médio, EJA ou em projetos interdisciplinares, rodas de conversa, clubes de leitura, grupos de grêmio estudantil e, claro, nas agências do Imprensa Jovem.

Incentive sua escola a experimentar. Promova uma "Zineteca", organize feiras, conecte estudantes de diferentes regiões e realidades para criar juntos. O que vale é dar voz e vez.

📽️ Confira uma inspiração prática em:
👉 Zine no Instagram – Reel



Por Carlos Lima : Educomunicador e professor

Imagem: Reprodução  Galile

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Workshop "Educom e Tecnologias para Aprendizagens" fortalece formação de formadores das DREs


No dia 2 de julho de 2025, foi realizado o workshop "Educom e Tecnologias para Aprendizagens", conduzido por mim, professor Carlos Lima, do Programa Imprensa Jovem e do Núcleo de Educomunicação da COCEU/DIGP e apoio de Fernanda Depizzol de Tecnologias para Aprendizagens. 

A formação teve como objetivo apresentar aos formadores de Tecnologias para Aprendizagem das 13 Diretorias Regionais de Educação como os processos educomunicativos vêm sendo desenvolvidos em parceria com os POEDs (Professores Orientadores de Educação Digital). Atualmente, cerca de 90% dos POEDs estão diretamente envolvidos na implantação e mediação de projetos educomunicativos em mais de 400 escolas da Rede Municipal.

Formadores de Tecnologias para Aprendizagem das DREs

Durante o encontro, foram abordados conceitos fundamentais da Educomunicação, tipos de projetos que podem ser desenvolvidos nas escolas, legislações de apoio e experiências práticas. Um dos destaques foi a entrega do Guia do Imprensa Jovem acessecriado a partir do Programa Copi Cola, que apresenta os saberes mínimos para implantação do programa nas unidades escolares.

Após a exposição das propostas educomunicativas acesse, os participantes vivenciaram uma dinâmica prática "mão na massa". Divididos em equipes, os formadores assumiram o desafio de produzir conteúdos educomunicativos, como:

🎙️ um podcastAcesse
📰 uma matéria jornalística para blogAcesse
📱 e uma entrevista no formato TikTokAcesse

A atividade proporcionou um espaço de troca, criatividade e aprofundamento no uso das mídias como estratégia pedagógica, reafirmando a importância da Educomunicação no fortalecimento da aprendizagem significativa e da expressão estudantil.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor


Educomunicação e Protagonismo Estudantil: Quando o Clima Entra em Pauta nas Escolas

Como estudantes da Rede Municipal de São Paulo estão usando a comunicação para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover o b...