A questão da adultização de crianças e do controle de plataformas digitais mexe diretamente com a forma como projetos de Educomunicação, como o Imprensa Jovem, precisam se posicionar e atuar.
Vamos separar em três partes: contexto, riscos e papel da Educomunicação
Contexto: adultização + controle de plataformas
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Adultização é quando crianças são expostas a linguagens, temas e pressões próprias do mundo adulto antes do tempo adequado. Isso acontece muito nas redes sociais, com conteúdos sexualizados, de consumo e até discursos políticos radicais.
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A regulação ou controle das plataformas (como exigência de verificação de idade, limitação de algoritmos ou retirada de conteúdos nocivos) vem sendo discutida mundialmente — tanto para reduzir riscos, quanto para aumentar a responsabilidade das big techs.
Riscos para projetos como Imprensa Jovem
Mesmo sendo projetos educativos, há três pontos de atenção:
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Exposição em plataformas comerciais — Se as regras ficarem mais rígidas, a publicação de conteúdos com participação de menores de idade pode exigir autorizações mais formais e maior cuidado com dados pessoais e imagem.
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Interpretação equivocada de conteúdos — Produções jornalísticas feitas por estudantes podem ser lidas fora de contexto e, dependendo do tema, gerar reações exageradas.
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Desafios no alcance — Limites de visibilidade em redes sociais podem dificultar a circulação do trabalho, caso as contas educacionais de estudantes sejam restringidas.
Papel da Educomunicação na Educação Midiática
Aqui é onde a Educomunicação se torna fundamental:
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Formação para uso crítico de mídias — Ensinar desde cedo a diferença entre informação confiável e enganosa, como identificar manipulação de imagens, textos e vídeos.
Proteção e autonomia — Desenvolver protocolos para proteger a identidade e os dados dos estudantes, evitando exposição desnecessária.
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Produção responsável — Trabalhar com temas adequados à faixa etária, explorando jornalismo escolar como exercício de cidadania, não de imitação de mídia adulta.
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Mediação constante — Professores atuam como curadores e editores, garantindo que a narrativa produzida pelos estudantes seja segura e respeite direitos.
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Educação para algoritmos — Ensinar como funcionam as recomendações e o impacto da linguagem e das imagens na visibilidade dos conteúdos.
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Empoderamento ético — Fortalecer a capacidade dos estudantes de contar suas histórias sem reproduzir estereótipos, violência simbólica ou padrões adultizados.
Mesmo que haja maior controle das plataformas, o Imprensa Jovem e outros projetos de Educomunicação podem continuar sendo espaços seguros de expressão se atuarem com protocolos claros, formação em literacia midiática e curadoria de conteúdo.
A Educomunicação, nesse cenário, é mais que um método: é uma defesa ativa contra a adultização, ao criar ambientes onde crianças e adolescentes possam produzir e consumir mídia de forma ética, crítica e segura.
Por Carlos Lima - Professor e Educomunicador
Foto: Reprodução Youtube @felacaseita
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