O Dia Internacional da Democracia, é celebrado em 15 de setembro desde a sua proclamação em 2007 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. É um chamado global para reconhecer a democracia como um processo, que exige participação ativa da comunidade internacional, governos, sociedade civil e, sobretudo, dos indivíduos. A proposta da ONU é clara: tornar o ideal democrático uma realidade para todos, em qualquer lugar, como garantia de igualdade, segurança e desenvolvimento humano.
No entanto, vivemos tempos de incerteza. A ascensão de movimentos de extrema direita que encontram cada vez mais ressonância entre adolescentes e jovens em diversas partes do mundo. Esse fenômeno mostra que a democracia está em risco – e mais do que isso, revela que está sendo apropriada por discursos que seduzem parte da juventude.
Uma democracia que não escuta suas juventudes é uma falácia. Os jovens precisam de espaço de fala, de reconhecimento e de diálogo. Não são poucos os que tentam ecoar suas vozes e muitas vezes são mal interpretados ou silenciados. Greta Thunberg, Malala Yousafzai, Txai Suruí e Nupol Kiazolu são exemplos de jovens lideranças que se tornaram pontes para defender direitos, justiça social, o meio ambiente e a cultura de paz. A juventude tem uma força descomunal. Quand o mobilizada, é capaz de abalar estruturas e questionar o status quo. Foi assim na Primavera Árabe, no movimento Black Lives Matter nos Estados Unidos, no Movimento Passe Livre no Brasil e, mais recentemente, na mobilização política da Geração Z no Nepal.
Ainda assim, há um risco latente: discursos embalados sob o rótulo da “liberdade de expressão” que, no fundo, escondem uma lógica de manipulação e intolerância. São como bombas prestes a explodir no coração da democracia. É preciso lembrar que democracia não se resume à liberdade; ela é também ética, cidadania, respeito e construção coletiva.
Esses valores estão presentes na BNCC como competências essenciais a serem desenvolvidas na escola. É nesse espaço que se aprende a viver a democracia, exercitando escuta, diálogo, respeito à diversidade e participação social. No entanto, propor práticas pedagógicas democráticas muitas vezes gera resistência: são acusadas de serem “progressistas demais”, enquanto posturas conservadoras acabam por restringir o potencial transformador da educação.
O Dia Internacional da Democracia não pode ser reduzido a uma data comemorativa. Deve ser encarado como um convite à reflexão crítica e, principalmente, como uma oportunidade para que as escolas promovam discussões pedagógicas que ajudem a formar cidadãos capazes de compreender, defender e reinventar a democracia em seus múltiplos sentidos.
Por Carlos Lima -Educomunicador e professor
Foto : Unesco- Totens que conversam sobre histórias pela paz. Acervo pessoal.
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