quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Educomunicação e Protagonismo Estudantil: Quando o Clima Entra em Pauta nas Escolas


Como estudantes da Rede Municipal de São Paulo estão usando a comunicação para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover o bem viver ?

Em tempos de emergência climática, uma nova geração de estudantes da Rede Municipal de Ensino de São Paulo está assumindo o protagonismo para transformar o mundo — começando por sua própria escola. O que antes parecia um tema distante dos muros escolares, como a COP 30 ou o aquecimento global, agora ganha vida nas vozes, nas ideias e nas produções de meninas e meninos que se tornaram mediadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Durante o curso “Imprensa Jovem Estudante Mediador dos ODS”, educadores e estudantes foram desafiados a desenvolver projetos comunicativos que conectassem os grandes temas globais aos problemas locais. E mais: que esses projetos pudessem ser contados, registrados e compartilhados como pitches – vídeos curtos e impactantes – para inspirar outras comunidades escolares a repensar suas práticas e territórios.

O que é o pitch?

O pitch é uma apresentação rápida e direta de uma ideia ou projeto. No caso da formação, a proposta era que professores e estudantes apresentassem soluções comunicativas para problemas reais da escola ou da comunidade, com foco nos ODS. Esses pitches poderiam ser feitos por vídeo e tinham como base um documento essencial no planejamento: o RAE – Roteiro de Atividade Educomunicativa (conhecido também como “RAE”).  

Educação que transforma: da horta ao Instagram

Ao longo dos encontros, surgiram ideias diversas e criativas. Em vez de apenas falar sobre o problema do lixo ou da horta escolar, os participantes foram convidados a pensar mais fundo: como a escola pode se tornar um espaço de bem viver? Como a comunicação pode ser usada para impactar positivamente a comunidade?

A resposta veio em forma de projetos que uniram comunicação, empatia e ação. Estudantes do Ensino Médio criaram uma “Editoria do Clima” no perfil da escola nas redes sociais, abordando os problemas ambientais do bairro e marcando diretamente os perfis de instituições públicas para buscar soluções. Crianças da Educação Infantil fizeram um podcast denunciando, com a inocência e força da infância, a destruição do planeta – sensibilizando a comunidade com uma comunicação simples, mas profunda.

Do planejamento à ação: a potência do RAE

O RAE (Roteiro de Atividade Educomunicativa) foi uma ferramenta-chave nesse processo. Ao estruturar uma ideia com objetivos, recursos, públicos e desdobramentos, o professor consegue visualizar melhor a potência de seu projeto e colaborar com os estudantes em sua execução. A partir dele, surgem os pitches, os vídeos e, principalmente, as atitudes que podem mudar realidades.

Como disse uma das participantes da formação:

“Quero salvar o planeta, mas ainda nem conheço a realidade da minha escola.”

Essa frase resume o espírito da atividade: o caminho para transformar o mundo começa pelo nosso próprio território. Seja o pátio da escola, o córrego ao lado, a sala de aula ou a praça da comunidade.

Clique para criar e conhecer o RAE.

📢 Comunicação para afetar – no melhor sentido da palavra

A proposta de usar a comunicação para criar um “efeito contágio” positivo ficou evidente nos relatos dos professores. Quando estudantes e educadores se tornam autores de suas narrativas, com vídeos, jornais murais, podcasts ou campanhas, eles ativam algo poderoso: a escuta e o afeto. E é nesse afeto que mora a verdadeira transformação.

Projetos que envolvem crianças pequenas, por exemplo, têm alto poder de sensibilização. Um vídeo de 30 segundos gravado por uma criança convidando as famílias para um evento gerou 7 mil visualizações nas redes sociais da escola – um número surpreendente para uma comunidade que geralmente não ultrapassa 100 visualizações por postagem.

🌍 Do global ao local: trazer os temas globais para comunidade

Com as mudanças climáticas exigindo ações urgentes, pensar global e agir local nunca foi tão necessário. A Educomunicação entra como ponte entre o conhecimento e a ação, entre a escola e a comunidade, entre a informação e o afeto.

Seja com jornal mural, podcast, cartaz, vídeo ou roda de conversa, o importante é comunicar com propósito. E é isso que o Programa Imprensa Jovem vem fortalecendo: a voz dos estudantes como ferramenta para transformar o mundo.


Aulão de Educomunicação sobre criação de Pitch para o curso Imprensa Jovem Estudante Mediador dos ODS


Quer saber mais sobre ações desenvolvidas pelo Imprensa Jovem?
Acesse educomimprensajovem.blogspot.com
Ou entre no nosso canal de atualizações:
📲 Canal no WhatsApp


Por Carlos Lima: Educomunicador e professor 

Foto: Criação de Jogo "Destroy Your Moles, Warts" ( Pinterest )


domingo, 27 de julho de 2025

20 anos de Educomunicação: resistência, criação e voz estudantil


Ao completar 20 anos de Educomunicação na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, estávamos saindo de um dos períodos mais desafiadores da história recente: a pandemia de coronavírus. Ainda vivíamos uma transição cautelosa para o retorno ao convívio presencial e interativo, seguindo protocolos e acreditando na ciência, sem espaço para o negacionismo. Mesmo diante das incertezas, decidimos não parar. Seguimos em frente, reafirmando a Educomunicação como prática de resistência, expressão e reconstrução.

Foi nesse contexto que realizamos o EducomSP 2021, durante a Global MIL Week (Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional). Durante uma semana, promovemos dez encontros online reunindo nosso time de formadores, professores, estudantes e ex-estudantes para dialogar sobre linguagens, metodologias e projetos capazes de expandir a jornada escolar e enriquecer as aulas. Tratou-se de um esforço coletivo para traçar os caminhos de uma Educomunicação possível e necessária no cotidiano das escolas.

A inspiração para essa iniciativa veio do EducomSP presencial de 2017, realizado na DRE Capela do Socorro no formato TEDx. Naquele evento, estudantes e professores apresentaram seus projetos e participaram de talkshows mediados por jovens educomunicadores. Um modelo potente de escuta ativa, protagonismo e troca de saberes que plantou a semente para o que viria a ser o EducomSP 2021.

Agora, em 2025, celebramos os 20 anos do Programa Imprensa Jovem. E o nosso desejo é fazer dessa comemoração um momento ainda mais coletivo, potente e conectado. Surge então o Festival Imprensa Jovem Digital, um novo formato do EducomSP — com ainda mais protagonismo estudantil e diálogo com o Brasil e o mundo.

A proposta do festival é celebrar a Educomunicação como política pública e movimento vivo nas escolas. Vamos ampliar as vozes dos estudantes e destacar o papel transformador de suas produções midiáticas. Dentro do festival, queremos também valorizar o movimento #EstudanteEmVoz, que foi essencial para a construção do Currículo da Cidade e agora retorna com força para promover reflexões sobre o presente e o futuro da escola.

Confira a playlist com os encontros do EducomSP 2021:

🎥 Assista no YouTube


Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem - Acervo Educom


sábado, 26 de julho de 2025

Uma Cidade Educadora se Constrói com Transporte Público Acessível


Você já parou para pensar em quantas oportunidades de aprendizagem estão espalhadas pela cidade e passam despercebidas no dia a dia escolar? Museus, parques, teatros, centros culturais, estações de trem, centros de pesquisa, bairros históricos... tudo isso pode virar sala de aula — se houver acesso.

Em tempos de educação integral, é urgente refletir: como garantir que estudantes tenham acesso ao conhecimento que está além dos muros da escola? E mais: como fazer com que a cidade seja, de fato, um território educador?

A cidade como espaço educativo

A escola continua sendo um lugar fundamental de formação, mas ela não é o único. A internet também disputa esse espaço, e a cidade, com toda a sua diversidade e complexidade, pode — e deve — ser explorada como parte do processo educativo.

Cada lugar da cidade carrega saberes, memórias, histórias e experiências que enriquecem a aprendizagem. São Paulo, por exemplo, tem uma malha de transporte público que conecta todas as regiões: norte, sul, leste, oeste e centro. Metrôs, trens, ônibus e vans formam uma rede que poderia ampliar o acesso de estudantes a uma formação mais viva, ativa e cidadã.

Educação que se move

Hoje, o sistema de transporte público oferece gratuidade para pessoas com deficiência e idosos, além de meia-passagem para estudantes em trajeto entre casa e escola. Mas não existe nenhuma política que permita o uso gratuito do transporte para atividades pedagógicas fora da escola.

Por que não criar uma política pública que permita que estudantes e professores possam usar o transporte público para aprender com e na cidade?

Projetos como Agências de Notícias Estudantis já demonstram a potência desse movimento: estudantes que exploram diferentes regiões da cidade para coberturas jornalísticas, vivências culturais e entrevistas. A escola se move — literalmente — para outros territórios.

Propostas

Para transformar essa ideia em realidade, é preciso vontade política e organização. Veja algumas propostas que podem tornar isso possível:

  1. Carteira de estudante vinculada à escola com permissão de uso para atividades educativas.

  2. Solicitação formal  para liberar o uso gratuito em dias de atividade pedagógica, com identificação do estudante.

  3. Carteira especial para professores acompanhantes, garantindo também sua gratuidade.

  4. Registro da atividade em plataforma oficial, como parte do planejamento pedagógico da escola.

  5. Autorização dos responsáveis, garantindo segurança e transparência.

  6. Cartilha de uso seguro e responsável do transporte público para estudantes.

  7. Planejamento das saídas fora dos horários de pico, para garantir conforto e menor lotação (entre 10h e 16h, ou em contrafluxo).

Superando preconceitos

Muitos educadores ainda evitam o transporte público por julgarem-no perigoso. Mas pesquisas mostram que, segundo a população, o sistema é considerado seguro. E mais: ele é acessível, bem distribuído e conta com corredores exclusivos que garantem velocidade e pontualidade.

Educar também é romper com preconceitos e ensinar o uso consciente e cidadão da cidade.

Mobilidade urbana é educação

Falar de mobilidade urbana é falar de direito à cidade. É reconhecer que o deslocamento é parte da formação dos estudantes, principalmente em uma cidade do porte de São Paulo. Não se trata apenas de chegar à escola, mas de fazer da cidade um espaço de descobertas, aprendizagens e pertencimento.

Uma política que garanta o transporte gratuito para fins educativos pode ser o empurrão que falta para transformar a cidade em uma sala de aula viva, plural e integrada ao currículo.

A cidade precisa estar no centro da formação de nossos estudantes.
E para isso, é preciso garantir o direito de ir e vir — com propósito, com segurança e com educação.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor

Imagem : Gerada por IA

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Imprensa Jovem colabora com o Programa EntreNós


A comunicação de jovem para jovem tem potência para impactar com temas importantes para o convívio social. A convite do Programa EntreNós, da Unicamp, os estudantes do projeto Imprensa Jovem BNE protagonizaram a primeira gravação do podcast Conexão Total. Isabella Santos e Gabriel Araújo, sob a orientação da professora Andrea Furtado, entrevistaram as pesquisadoras Elvira Pimentel e Flávia Vivaldi para o programa, que será veiculado em todas as escolas da Rede Municipal.

No episódio, discutiu-se o papel da Comunicação Ética entre os adolescentes no ambiente escolar. A produção foi realizada pela equipe de Vídeo e Fotos do Centro Multimeios da SME. O Programa Entre Nós é uma iniciativa desenvolvida por pesquisadores da Unicamp e tem como missão promover a cultura de paz, o respeito mútuo e a convivência democrática entre todos os integrantes da comunidade escolar.

De acordo com a pesquisadora Elvira Pimentel:

“A ideia do programa Entre Nós é harmonizar com propostas e projetos já existentes na rede, potencializando-os. Essa oportunidade de articulação com um projeto de sucesso, como o da Imprensa Jovem, é uma das formas de efetivar essa harmonização.” 


Voltado para diferentes públicos — estudantes, educadores, gestores e famílias — o programa propõe reflexões e práticas voltadas à transformação das relações escolares, promovendo uma convivência mais ética, acolhedora e respeitosa.

Sobre a participação do Imprensa Jovem na construção do programa Conexão Total, a pesquisadora Elvira acrescenta:

“Um dos públicos principais do EntreNós é justamente o público estudantil. Ter o Imprensa Jovem conosco, participando ativamente, formulando perguntas, conduzindo entrevistas e produzindo conteúdo, potencializa a conexão entre o programa e os estudantes. Essa participação garante que a linguagem e os temas realmente dialoguem com quem vive o dia a dia da escola.”

A proposta da iniciativa não para neste episódio. Novos programas serão produzidos com equipes de diferentes territórios da cidade, abordando temas de interesse das juventudes e dos estudantes.

Em breve, o programa estará disponível para formação da comunidade escolar por meio da plataforma GSA da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Por : Redação Imprensa Jovem I DIGP Educomunicação 

terça-feira, 22 de julho de 2025

Como tornar o projeto de Educomunicação uma ação política sustentável?


Durante uma missão formativa realizada para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com apoio da Associação  Comunitária de Moradores da Serra Negra, conduzi uma oficina de Educomunicação voltada para jovens moradores de comunidades do entorno do Parque Nacional do Itatiaia. O principal objetivo foi oferecer ferramentas e conhecimentos para a criação de uma agência de notícias estudantil, com foco em promover uma relação mais próxima, afetiva e consciente entre a comunidade local e o parque.

Ao longo dos anos, foi perceptível que, após a criação do parque e sua administração por órgãos federais, parte da população passou a se sentir excluída de seu próprio território. O espaço que antes era local de convivência, memória e construção de laços afetivos — onde muitas famílias se formaram, crianças cresceram e a cultura local floresceu — passou a ser percebido como inacessível. Nesse cenário, a Educomunicação surge como um caminho possível para resgatar esses vínculos, ampliar o sentimento de pertencimento e valorizar o papel do parque como um bem comum.

Aula de Módulo Podcast 

O Parque Nacional do Itatiaia, o primeiro criado no Brasil, está localizado na Serra da Mantiqueira e abrange áreas do Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais. Sua preservação é estratégica para a sustentabilidade ambiental da região. Entretanto, integrar a população local a esse processo é essencial. A criação de uma agência de notícias estudantil, nesse contexto, pode também fomentar o turismo responsável, o empreendedorismo comunitário e a valorização cultural, tornando-se um importante canal de comunicação sobre o uso consciente do parque e a vivência nas comunidades do entorno.

Caminhos para transformar a Educomunicação em política pública

1. Diagnóstico participativo:
O primeiro passo é alinhar o projeto às necessidades reais do território. Projetos de Educomunicação podem ser apenas formativos, mas para que tenham impacto estrutural e duradouro, precisam responder a demandas concretas da comunidade. Ouvir, mapear e compreender essas necessidades é essencial para que o projeto tenha relevância e enraizamento.

2. Parcerias estratégicas:
Contar com um parceiro institucional com legitimidade no território fortalece a governança. No exemplo citado, o ICMBio tem papel fundamental tanto no apoio como na articulação com demais atores. Ter esse tipo de aliança agrega valor, credibilidade e viabilidade à proposta.

3. Formação de grupo engajado:
A sustentabilidade do projeto depende da formação de um coletivo comprometido com suas metas e valores. Esse grupo precisa estar disposto a assumir responsabilidades, dividir tarefas conforme suas competências e atuar de forma ética e colaborativa. O protagonismo local é o que garantirá a continuidade das ações.

4. Formação inicial e continuada:
O processo formativo deve ser contínuo. A formação inicial desperta o interesse e revela os talentos. Já a formação continuada aprofunda os conhecimentos, qualifica as produções e mantém o grupo ativo e engajado.

5. Relação com a comunidade:
A construção de uma relação sólida com a comunidade local permite levantar temas de interesse coletivo que, por sua vez, alimentam as pautas das produções jornalísticas. A agência deve ser um reflexo do território, com linguagem, cultura e identidade próprias.

6. Protagonismo juvenil e liberdade criativa:
Mesmo sendo uma comunicação comunitária, a agência de notícias deve ser pensada como espaço de juventudes, com liberdade para experimentar formatos, temas e linguagens. O processo precisa ser construído com os jovens — e não para eles. A escuta ativa e o respeito à voz juvenil são fundamentais.

7. Produção prática e atrativa:
Atividades práticas que dialogam com as referências midiáticas que os jovens já consomem facilitam o engajamento. Validar ideias, testar formatos e explorar a criatividade tornam a agência um lugar de aprendizado e expressão.

8. Gestão pedagógica:
Mais do que uma ação comunicativa, a agência é um espaço educativo. É uma escola de cidadania, onde se aprende a pesquisar, escrever, comunicar, usar tecnologias, refletir criticamente e atuar no mundo.

9. Infraestrutura mínima:
Para viabilizar a produção midiática, é essencial oferecer uma estrutura mínima: equipamentos, acesso à internet, espaço físico adequado. Pode ser uma sala de informática, biblioteca, centro comunitário ou uma sala adaptada em órgão público.

10. Mobilidade para coberturas:
Garantir meios para que os jovens realizem coberturas externas, entrevistas e reportagens amplia o alcance do projeto e fortalece seu papel como serviço de utilidade pública.

11. Sustentabilidade econômica:
A agência pode atuar como um projeto de desenvolvimento local. Combinando ações voluntárias e parcerias institucionais, é possível viabilizar bolsas, apoios e remunerações pontuais para garantir continuidade e engajamento.

12. Construção coletiva:
O desenho do projeto deve ser sempre coletivo. A participação ativa dos envolvidos — jovens, lideranças, escolas, organizações — é a chave para que o projeto represente de fato os anseios e sonhos do território.

Participantes da formação Agência de Notícias 

Transformar uma ação educomunicativa em política pública sustentável exige visão estratégica, escuta ativa, alianças sólidas e compromisso com a formação cidadã. No caso do Parque Nacional do Itatiaia, a criação de uma agência de notícias estudantil é mais que uma ação de comunicação: é uma ponte entre o passado afetivo, o presente participativo e o futuro sustentável da região.

Por Carlos Lima : Educomunicador e professor
Foto: Registros da oficina de Educomunicação Criar Agências de Notícias 



sexta-feira, 18 de julho de 2025

Os Objetivos de Aprendizagem do Imprensa Jovem: Educomunicação para Transformar a Escola


Desde 2005, o programa Imprensa Jovem vem sendo uma das mais potentes iniciativas de educomunicação da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Criado com o objetivo de promover a alfabetização midiática, a produção colaborativa e a participação juvenil, o programa transforma estudantes em protagonistas da informação e da comunicação dentro da escola e para além de seus muros.

Mas afinal, quais são os objetivos de aprendizagem que orientam o trabalho das equipes do Imprensa Jovem?

1. Desenvolver a leitura crítica da mídia

Os estudantes são incentivados a analisar conteúdos midiáticos, identificar intenções por trás das mensagens e reconhecer fake news, estereótipos e discursos de ódio. Essa leitura crítica amplia a consciência cidadã e prepara os jovens para interagir com responsabilidade no ecossistema digital.

2. Estimular a autoria e expressão criativa

Ao produzir reportagens, vídeos, podcasts, fotografias, roteiros ou conteúdos para redes sociais, os alunos exercitam a autonomia, a criatividade e a capacidade de expressão. Aprendem a contar histórias com base na escuta ativa, na pesquisa e no diálogo com a comunidade escolar.

3. Promover o protagonismo e a cidadania ativa

O programa valoriza a escuta das vozes estudantis, permitindo que temas relevantes para os jovens ganhem espaço nos meios de comunicação escolar. Os alunos tornam-se agentes de transformação, discutindo temas como diversidade, meio ambiente, cultura, saúde e direitos humanos.

4. Integrar linguagens e saberes curriculares

A educomunicação fortalece o trabalho interdisciplinar, conectando áreas como Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, Arte e Tecnologia. A prática midiática se torna uma ferramenta pedagógica potente para aprofundar conteúdos do currículo de forma significativa e engajadora.

5. Desenvolver competências digitais e técnicas de produção

As equipes aprendem a utilizar ferramentas digitais de edição, gravação e publicação de conteúdo. Esse conhecimento amplia o repertório dos estudantes no uso crítico e criativo das tecnologias, alinhando-se à cultura digital contemporânea.

6. Fortalecer o trabalho em equipe e a cultura da colaboração

O trabalho em uma agência de notícias escolar envolve planejamento conjunto, divisão de tarefas, escuta, diálogo e corresponsabilidade. São experiências que fortalecem a convivência democrática e a cooperação entre pares.

7. Valorizar a identidade e o território

Os estudantes reconhecem a importância de seu contexto local, de suas histórias, saberes e culturas. A comunicação passa a ser uma ponte entre a escola e a comunidade, reforçando o sentimento de pertencimento.

O Imprensa Jovem vai muito além de ensinar a produzir conteúdos midiáticos: ele forma cidadãos conscientes, comunicadores éticos e sujeitos ativos na construção de uma escola mais aberta, criativa e plural. Esses objetivos de aprendizagem refletem o compromisso com uma educação integral, conectada às realidades e aos desafios do século XXI.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor

Foto: Imprensa Jovem Planeta CEU. Estudante do projeto PAP produzindo programa de entrevista TV PAP





sábado, 12 de julho de 2025

Educomunicação Escola: um convite para transformar a educação com mídia, tecnologia e criatividade


Em tempos em que as telas fazem parte da rotina de crianças e jovens desde cedo, é urgente repensar o papel da escola diante da cultura digital. O desafio não está apenas em usar a tecnologia como ferramenta de ensino, mas em formar sujeitos críticos, criativos e protagonistas na produção de conteúdos e na leitura consciente do que consomem.

É nesse cenário que nasce a idéia de uma proposta potente: a criação de um Grupo de Temático sobre Educomunicação na Escola.

A ideia é ousada. Reunir educadores, pesquisadores, especialistas e apaixonados por educação para pensar, juntos, como a Educomunicação pode ocupar o lugar que merece no currículo da Educação Básica — da Educação Infantil ao Ensino Médio. E mais do que isso: como ela pode ser uma aliada estratégica para temas centrais como a Educação Integral, a formação cidadã, o combate à desinformação e o uso ético das mídias e tecnologias.

Por que precisamos falar de Educomunicação agora?

Porque vivemos um tempo em que a comunicação acontece em tempo real, e os estudantes já são produtores de conteúdo — muitas vezes sem apoio, sem orientação e sem consciência crítica. E se a escola se tornasse um espaço onde esses saberes fossem valorizados, organizados e transformados em aprendizagens potentes?

A Educomunicação propõe exatamente isso: criar pontes entre o universo da mídia e o da educação, promovendo o diálogo, a escuta ativa, a criatividade, a expressão e a análise crítica dos meios de comunicação.

Essa proposta pode assumir diferentes formas: rádios escolares, podcasts, fanzines, vídeos, projetos de jornalismo jovem, redes sociais educativas, oficinas de audiovisual, produção de memes, análise de notícias... Tudo feito com os estudantes, não apenas para eles.

Um grupo para sonhar e construir juntos

O Grupo de Trabalho em Educomunicação Escola nasce com uma missão clara: formular uma proposta concreta, viável e adaptável às realidades das redes públicas de ensino, que possa inspirar programas de governo e políticas públicas educacionais nos próximos anos.

Estamos em um momento estratégico: 2026 será ano de eleições. E é hora de colocar a Educomunicação na pauta. Leitura crítica da mídia, produção de conteúdo, ética digital, direito à comunicação — todos esses temas precisam ser pensados como parte da formação integral de nossos estudantes.

O que queremos construir?

  • Uma proposta pedagógica que valorize a produção de mídia como prática educativa;

  • Diretrizes para incluir a Educomunicação na Educação Integral e nos itinerários formativos do Ensino Médio;

  • Estratégias de formação para professores que queiram explorar o potencial das mídias com intencionalidade pedagógica;

  • Projetos que integrem tecnologia, expressão e participação;

  • Um movimento coletivo por uma Educação Digital e Midiática cidadã e transformadora;

  • Construir consensos para que o profissional da Educomunicação possa atuar na Educação Básica.

A Educomunicação pode — e deve — ser uma política pública e de estato. E começa com quem acredita nela hoje.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor

Imagem : Celebração de 10 anos do Imprensa Jovem na Câmara Municipal de São Paulo

Educomunicação e Protagonismo Estudantil: Quando o Clima Entra em Pauta nas Escolas

Como estudantes da Rede Municipal de São Paulo estão usando a comunicação para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover o b...