sábado, 19 de outubro de 2024

Mudanças Climáticas contextualizado para o universo dos estudantes


Na entrevista para o podcast Podaconversar, o pesquisador Felipe Gonçalves, da UFRJ, discutiu as mudanças climáticas com os estudantes da Agência de Notícias Imprensa Jovem do Colacioppo. Durante os 12 minutos de conversa, diversas perguntas elaboradas pelos jovens repórteres trouxeram à tona conceitos fundamentais ligados ao tema, especialmente relacionados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, que trata da ação contra a mudança global do clima. 

Quais foram as perguntas realizadas pelos estudantes Tomas Lima e Sofia Antonela que geraram o mundo conhecimento  que iremos destrinchar?

Como você acha que as atividades humanas acertam os padrões climáticos?

Aqui em São Paulo e no sul do país tivemos uma forte tempestade com fortes ventos e aconteceu da queda de energia, derrubada de pontes. O  que você acha que causou isso?

Quais são as adaptações necessárias para que os ecossistemas brasileiros possam enfrentar as mudanças climáticas?

Que medidas você considera mais urgentes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas?

Como as Mudanças Climáticas estão impactando a biodiversidade do Brasil ?

Quais são as principais consequências das mudanças climáticas que você tem estudado em sua pesquisa?

Que papel as Universidades como UFRJ desempenham na promoção de soluções para os desafios climáticos?

Aqui em São Paulo e no sul do país tivemos uma forte tempestade com fortes ventos e aconteceu da queda de energia, derrubada de pontes. O que você acha que causou isso?



Ao analisar a entrevista, destacamos um vocabulário essencial para compreender melhor os efeitos das mudanças climáticas. A formação dos estudantes passa pelo entendimento desses termos, que são cruciais para debates sobre sustentabilidade e o futuro do planeta. Vamos conhecer alguns desses conceitos:

  • Mudanças antrópicas: Alterações no meio ambiente causadas pela ação humana.
  • Mudanças climáticas: Transformações duradouras no clima da Terra, em grande parte decorrentes das atividades humanas.
  • Gás carbônico (CO₂): Um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global.
  • Efeito estufa: Fenômeno natural intensificado pela ação humana, que retém calor na atmosfera, aumentando a temperatura global.
  • Aquecimento global: O aumento da temperatura média da Terra, resultado da intensificação do efeito estufa.
  • Eventos climáticos extremos: Fenômenos intensos como tempestades, secas e inundações, que têm ocorrido com mais frequência devido às mudanças climáticas.
  • Magnitude e frequência: Termos usados para descrever a intensidade e a regularidade dos eventos climáticos.
  • Adaptação: Ações para ajustar sistemas naturais e humanos aos efeitos das mudanças climáticas.
  • Mitigação: Redução dos impactos das mudanças climáticas, como a diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
  • Ecossistema: Conjunto de seres vivos e o ambiente com o qual interagem.
  • Desmatamento: Destruição de áreas de floresta, um dos principais fatores que contribuem para as mudanças climáticas.
  • Incêndios florestais: Queimadas que podem ser naturais ou provocadas, com efeitos devastadores nos ecossistemas.
  • Biomas: Grandes áreas com condições climáticas e tipos de vegetação similares, como a Amazônia e o Cerrado.
  • Mata Atlântica: Um dos biomas mais ricos em biodiversidade, mas também um dos mais ameaçados.
  • Regeneração natural: Processo pelo qual a natureza se recupera após perturbações, como desmatamentos e queimadas.
  • Áreas de proteção: Regiões preservadas para a conservação da biodiversidade.
  • Políticas públicas: Medidas governamentais destinadas a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover a sustentabilidade.
  • Acordo global: Compromissos internacionais, como o Acordo de Paris, para limitar o aquecimento global.

Esses conceitos fornecem a base para entender o impacto das ações humanas no clima e as possíveis soluções. A Educomunicação desempenha um papel fundamental ao abrir espaços para que os estudantes possam acessar, discutir e difundir esses conhecimentos. Nesse contexto, a realização de entrevistas bem conduzidas, como a que foi feita com Felipe Gonçalves, fortalece o aprendizado e o engajamento juvenil nas questões ambientais.

Por fim, é essencial que a escola se torne um espaço de ensino, pesquisa e extensão, onde os estudantes não só aprendam sobre os desafios climáticos, mas também sejam incentivados a criar soluções para enfrentá-los, como hortas comunitárias e iniciativas de adaptação e mitigação. Assim, as novas gerações estarão mais preparadas para enfrentar os desafios globais e locais do clima, sendo parte ativa das mudanças que o planeta tanto precisa.

Por Carlos Lima

Fotos: Acervo Imprensa Jovem





domingo, 6 de outubro de 2024

A história com Educomunicação: Trajetória de uma menina que se tornou profissional da Saúde


Meu nome é Tatiane Evangelista Soares. Tenho 34 anos, e se hoje sou quem sou, muito se deve a uma experiência que vivi quando tinha apenas 12 anos, na EMEF Altino Arantes, lá na Vila Industrial, Zona Leste de São Paulo. Era uma típica menina de vila, corinthiana, cria da  Padre Almeida Silva brincava muito na rua e estudava na escola do bairro. Fui uma criança serelepe, espilicute, atenta, comunicativa e muito curiosa.

Em 2002, quando o programa EDUCOM.Radio chegou à minha escola, eu fiquei empolgada. Era algo novo e fascinante, que oferecia uma oportunidade única para alunos em situação de vulnerabilidade social e marginalização — aqueles que estavam "dando trabalho". Eu sempre fui uma boa aluna, mas, como falava demais, talvez não fosse a aluna modelo que os professores esperavam. Mesmo assim, não queria ficar de fora. Sabia que aquela podia ser uma chance única na vida


Então, eu e minha melhor amiga Carolina Helena Braga de Santanna Marucci tomamos  coragem e fomos até a coordenação da escola. Apesar de as vagas serem limitadas e voltadas para quem estava em maior risco, também queriamos participar. Disse que poderia ajudar, servir como uma mediadora entre os alunos e as tensões naturais que surgiriam com algo tão novo. Oportunidade de onde venho não se deixa passar, são raras mas preciosas.

Quando a rádio foi montada na escola, aos poucos nos reunimos para aprender a trabalhar com aquele universo tão diferente. Os fins de semana se tornaram dias de aprendizado intenso. Professores, pessoas da comunidade, pais e até funcionários da escola se uniram ao projeto. A tia inspetora  de pátio e duas merendeiras, por exemplo, ficavam conosco, participando e assistindo enquanto descobrimos o mundo da comunicação.

Foi nesse período que eu compreendi o verdadeiro significado de educomunicação — uma prática que integra educação e comunicação, permitindo que as pessoas sejam não apenas receptores de informação, mas também produtores e disseminadores de conteúdo. A educomunicação nos empoderou, nos deu voz e nos mostrou que podíamos ser protagonistas das nossas próprias histórias.

Fomos treinados, recebemos equipamentos, e construímos nosso Grêmio Estudantil  - JP JOVEM E PROGRESSO para organizar a sala da rádio. Foi ali que comecei a entender como funcionam conselhos, associações e organizações. Foi ali que percebi o poder de estar organizado, de ter responsabilidades e de trabalhar em equipe para mudar nossa realidade.

Era uma ótima locutora, apresentadora e mestre de cerimonia. Tinha uma voz grave e firme, mas confesso que tinha dificuldade em pronunciar algumas palavras, conjugar verbos e falar o plural quando preciso. Essa dificuldade era algo que carregava desde casa, com meus pais. Mas ali, na rádio, lendo em voz alta todos os dias, com a ajuda e o incentivo dos meus colegas, professores eu comecei a melhorar e não me intimidar o importante era me expressar e não nos calar. Todos nós crescíamos juntos, compartilhando força e carinho.

 Nós planejávamos nosso conteúdo, discutíamos pautas, e cuidávamos dos programas. Escolhíamos músicas, visitávamos a cultura e, naquela salinha um espaço apertado entre a diretoria e a sala de informática, nós, jovens que muitas vezes éramos vistos como casos perdidos, estávamos transformando nossas vidas.

 Lembro-me com muito carinho e gratidão dessa época. Depois que saí de São Paulo, continuei a buscar conhecimento. Migrei pro Ceará Fiz Serviço Social e entrei em Filosofia na Universidade Federal do Ceará (UFC), e, após me formar, ingressei na Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Ceará. Ser a primeira pessoa da minha família a se formar foi uma conquista, mas também uma reflexão dolorosa sobre as oportunidades que muitos dos meus familiares não tiveram.

Aquela experiência na rádio foi mais do que aprender a comunicar; foi aprender a ser cidadã, a sentir que eu tinha direito a um futuro melhor. Olho para trás e vejo que, mesmo que minha trajetória tenha sido difícil, aquele projeto foi uma joia rara que me deu força para seguir em frente.

Perdi amigos para a violência, morte matada mesmo, vi outros sendo presos, e muitos de nós passamos por dificuldades, trabalhando em empregos que exigiam muito e ofereciam pouco enquanto terminávamos o ensino médio. Era cansativo sobreviver naquela época, e ainda é. Mas, quando vejo manifestação viva de EDUCOMUNICAÇÃO, sorrio. Respiro. Tipo da um alívio.

Flerto com o perigo de pirar, vire e mexe, sinto tudo muito. Mas, RESPIRO.

Por entender que o acesso à educação, saúde, cultura e afeto pode transformar fragilidades em potências. Inovação é ação, e aquele projeto, mesmo na sua fase embrionária, revolucionou minha história.

Escrevendo isso, me sinto emocionada. É como se libertasse a criança que fui, a menina que além de aluna, se tornou comunicadora. Brincar, criar, inventar destinos mais criativos, dignos e justos é o que me move. Acredito que ainda temos muito o que construir. E, sim, ainda há tempo. 

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA ALUNA DE ESCOLA PÚBLICA PUBLICA:

EIS-ME AQUI, ENTRE VOZES: Educomunicação nas ondas do Rádio, 2001 - 2004.

(Registro resgate de memória iniciado em 26 de Dezembro de 2023)

Texto por: Tatiane Evangelista Soares

Manual para elaborar projetos de Educomunicação: Passo a passo e orientações

Os projetos de Educomunicação têm como principal objetivo promover a formação para a produção e leitura crítica da mídia e suas tecnologias ...