Estudantes que enfrentam dificuldades de aprendizagem em Língua Portuguesa frequentemente se sentem excluídos no ambiente escolar. Essa exclusão assemelha-se à experiência de um estrangeiro em seu próprio país, incapaz de compreender textos básicos e participar plenamente da dinâmica social da escola. A leitura e a produção escrita, aspectos fundamentais no processo educacional, tornam-se barreiras que limitam a inclusão social e o aprendizado.
Historicamente, escrever bem era sinônimo de uma caligrafia impecável. Aulas de caligrafia e a obrigatoriedade de escrever em letras cursivas marcaram gerações. No entanto, com o avanço das tecnologias digitais, as práticas de leitura e escrita se transformaram radicalmente. Hoje, as pessoas têm acesso instantâneo a uma ampla gama de conteúdos por meio de dispositivos móveis, e a escrita à mão foi substituída por interações digitais rápidas e sintéticas, como mensagens no WhatsApp ou comentários em redes sociais.
A sociedade atual, movida pela velocidade da informação, exige textos curtos, objetivos e interativos. Essa dinâmica, embora facilite o acesso ao conhecimento, pode comprometer a profundidade da leitura e a qualidade da produção escrita. Nesse cenário, surge a Educomunicação como uma aliada no desenvolvimento de leitores críticos e escritores competentes.
A contribuição da Educomunicação
A Educomunicação integra práticas pedagógicas e comunicacionais para transformar estudantes em produtores e consumidores conscientes de mídia. O jornalismo, em particular, oferece uma abordagem acessível e envolvente para estimular a leitura e a escrita. Ao trabalhar com gêneros textuais como notícias, crônicas e artigos de opinião, os estudantes desenvolvem habilidades fundamentais de linguagem em uma atmosfera multimídia.
Ferramentas como jornais murais, fanzines, revistas digitais e blogs tornam-se pontes entre os jovens e a escrita, incentivando a criatividade e a expressão. Além disso, essas atividades promovem o uso de uma linguagem simples e inclusiva, capaz de engajar diferentes perfis de leitores.
Imprensa Jovem: Educação midiática em ação
Um exemplo inspirador é o programa Imprensa Jovem, uma agência de notícias estudantil que há anos promove a educação midiática nas escolas. Por meio desse programa, estudantes têm a oportunidade de vivenciar o jornalismo como forma de expressão e investigação. A iniciativa não apenas fortalece as competências de leitura e escrita, mas também incentiva a colaboração, a pesquisa e o pensamento crítico.
Ao explorar diferentes suportes de leitura e escrita, como textos impressos, digitais e audiovisuais, o Imprensa Jovem potencializa o aprendizado interdisciplinar, conectando a Língua Portuguesa a outras áreas do conhecimento.
Leitura empática e inclusiva
Para engajar estudantes na leitura, é essencial oferecer conteúdos que despertem interesse e diálogo. A escolha de materiais deve considerar não apenas os critérios acadêmicos, mas também as preferências dos jovens. O jornalismo, com sua linguagem clara e temas relevantes, é uma ferramenta poderosa para tornar a leitura mais acessível e significativa.
A Educomunicação, ao integrar práticas comunicativas à educação, promove uma formação mais conectada às demandas da sociedade contemporânea. Nesse processo, ler e escrever deixam de ser apenas obrigações escolares e se tornam instrumentos de inclusão, expressão e transformação social.
Por Carlos Lima : Educomunicador e professor
Foto: Imprensa Jovem
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