Você já parou para pensar em quantas oportunidades de aprendizagem estão espalhadas pela cidade e passam despercebidas no dia a dia escolar? Museus, parques, teatros, centros culturais, estações de trem, centros de pesquisa, bairros históricos... tudo isso pode virar sala de aula — se houver acesso.
Em tempos de educação integral, é urgente refletir: como garantir que estudantes tenham acesso ao conhecimento que está além dos muros da escola? E mais: como fazer com que a cidade seja, de fato, um território educador?
A cidade como espaço educativo
A escola continua sendo um lugar fundamental de formação, mas ela não é o único. A internet também disputa esse espaço, e a cidade, com toda a sua diversidade e complexidade, pode — e deve — ser explorada como parte do processo educativo.
Cada lugar da cidade carrega saberes, memórias, histórias e experiências que enriquecem a aprendizagem. São Paulo, por exemplo, tem uma malha de transporte público que conecta todas as regiões: norte, sul, leste, oeste e centro. Metrôs, trens, ônibus e vans formam uma rede que poderia ampliar o acesso de estudantes a uma formação mais viva, ativa e cidadã.
Educação que se move
Hoje, o sistema de transporte público oferece gratuidade para pessoas com deficiência e idosos, além de meia-passagem para estudantes em trajeto entre casa e escola. Mas não existe nenhuma política que permita o uso gratuito do transporte para atividades pedagógicas fora da escola.
Por que não criar uma política pública que permita que estudantes e professores possam usar o transporte público para aprender com e na cidade?
Projetos como Agências de Notícias Estudantis já demonstram a potência desse movimento: estudantes que exploram diferentes regiões da cidade para coberturas jornalísticas, vivências culturais e entrevistas. A escola se move — literalmente — para outros territórios.
Propostas
Para transformar essa ideia em realidade, é preciso vontade política e organização. Veja algumas propostas que podem tornar isso possível:
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Carteira de estudante vinculada à escola com permissão de uso para atividades educativas.
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Solicitação formal para liberar o uso gratuito em dias de atividade pedagógica, com identificação do estudante.
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Carteira especial para professores acompanhantes, garantindo também sua gratuidade.
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Registro da atividade em plataforma oficial, como parte do planejamento pedagógico da escola.
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Autorização dos responsáveis, garantindo segurança e transparência.
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Cartilha de uso seguro e responsável do transporte público para estudantes.
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Planejamento das saídas fora dos horários de pico, para garantir conforto e menor lotação (entre 10h e 16h, ou em contrafluxo).
Superando preconceitos
Muitos educadores ainda evitam o transporte público por julgarem-no perigoso. Mas pesquisas mostram que, segundo a população, o sistema é considerado seguro. E mais: ele é acessível, bem distribuído e conta com corredores exclusivos que garantem velocidade e pontualidade.
Educar também é romper com preconceitos e ensinar o uso consciente e cidadão da cidade.
Mobilidade urbana é educação
Falar de mobilidade urbana é falar de direito à cidade. É reconhecer que o deslocamento é parte da formação dos estudantes, principalmente em uma cidade do porte de São Paulo. Não se trata apenas de chegar à escola, mas de fazer da cidade um espaço de descobertas, aprendizagens e pertencimento.
Uma política que garanta o transporte gratuito para fins educativos pode ser o empurrão que falta para transformar a cidade em uma sala de aula viva, plural e integrada ao currículo.
A cidade precisa estar no centro da formação de nossos estudantes.
E para isso, é preciso garantir o direito de ir e vir — com propósito, com segurança e com educação.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Imagem : Gerada por IA
Perfeito o seu texto, Carlos! Nesta semana, realizamos uma ação pedagógica utilizando o transporte público (monotrilho) que está localizado próximo à nossa escola. Foi uma experiência incrível e extremamente enriquecedora para o processo de aprendizagem, com foco no desenvolvimento integral dos estudantes. Se tivermos o apoio garantido do poder público para o acesso dos estudantes ao transporte coletivo, certamente ampliaremos ainda mais as possibilidades educativas e formativas.
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