A legislação educacional vigente prevê a formação continuada dos profissionais da educação como um direito e uma necessidade estruturante para a qualidade do ensino. Essa formação constitui um instrumento fundamental para a atualização de conhecimentos, técnicas e tecnologias, bem como para o aprimoramento das metodologias de ensino capazes de responder aos desafios contemporâneos da educação pública.
A formação continuada pode se materializar por meio de cursos, oficinas, palestras, aulões, além de suportes formativos como videoaulas, documentos orientadores, manuais, podcasts e planos de aula. Soma-se a isso a realização de seminários, congressos, festivais e mostras de projetos, estratégias essenciais para a difusão de práticas no território e no âmbito das redes de ensino. Todo esse aparato contribui para a construção de uma cultura formativa nas escolas, oferecendo sustentação às políticas públicas que promovem projetos pedagógicos e iniciativas protagonizadas por estudantes.
A Educomunicação é um campo que potencializa os processos educativos ao integrar, de forma crítica e criativa, a educação e a alfabetização para os meios de comunicação. Trata-se de um território interdisciplinar que dialoga com saberes e práticas da comunicação, como jornalismo, rádio, cinema, audiovisual, fotografia, histórias em quadrinhos e mídias digitais, além de áreas como publicidade, comunicação não violenta, design gráfico, direitos autorais, recursos educacionais abertos (REA) e tecnologias da informação e comunicação (TIC).
Quando a formação educomunicativa se articula a temas estruturantes — como relações étnico-raciais, educação socioambiental, saúde, tecnologias e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — impõe-se um desafio ainda maior: o formador precisa ter repertório, intencionalidade pedagógica e capacidade de conexão entre diferentes linguagens midiáticas e processos educativos, com coerência e eficiência.
É fundamental afirmar: formação educomunicativa não é capacitação técnica em mídia. Trata-se de integrar conhecimentos comunicacionais aos processos educacionais para potencializar a expressão criativa e comunicativa, a leitura crítica da realidade e o desenvolvimento de projetos de intervenção social, promovendo ambiências de protagonismo e participação efetiva dos estudantes nos processos de criação.
Mas, afinal, quem é o formador em Educomunicação?
É um profissional especializado no desenvolvimento da Educomunicação na educação básica. Mais do que domínio técnico, trata-se de alguém que compreende e valoriza a educação pública, conhece os processos de comunicação e possui experiência concreta na formação de professores. Profissionais que detêm apenas conhecimentos acadêmicos ou técnicos, sem vivência formativa e sem compreensão do chão da escola, dificilmente conseguem dinamizar processos formativos com propósito pedagógico claro e impacto real nas aulas e nos projetos escolares.
Toda formação educomunicativa precisa ser atravessada pela empatia. O público formativo é diverso, composto por educadores de diferentes áreas do conhecimento, que atuam com distintas faixas etárias — da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Reconhecer essa diversidade é condição básica para uma formação significativa.
A atuação do formador em Educomunicação exige, ainda, processos formativos preparatórios que o ambientem ao contexto institucional. Propostas curriculares, orientações pedagógicas, diretrizes institucionais, articulações com as necessidades da rede, ampliação do repertório de aprendizagem dos estudantes, além de informações sobre processos administrativos, uso de tecnologias e plataformas educacionais, são essenciais para criar uma atmosfera de apoio e garantir autonomia pedagógica aos formadores.
A experiência da cidade de São Paulo desenvolvida pelo Núcleo de Educomunicação demonstra um caminho consistente: a contratação de especialistas por meio de edital público de credenciamento, com duração de um ano, carga horária entre 20 e 40 horas mensais, e atuação em até 22 cursos alinhados às Orientações Pedagógicas de Educomunicação. Nesse modelo, os formadores assumem responsabilidades que vão além da docência, incluindo a elaboração de materiais didáticos, a oferta de diferentes modalidades formativas e a atuação em sistemas de assistência pedagógica. Para conhecer mais acesse
Investir em formação educomunicativa com formadores especialistas não é um detalhe operacional: é uma escolha política e pedagógica que fortalece a escola pública, valoriza os educadores e amplia as possibilidades de uma educação crítica, democrática e conectada com o mundo contemporâneo.
Por Carlos Lima
Professor e Educomunicador
Foto: Projeto Rádio Escola 2005 - Rádio Carlos Pasquale
Nenhum comentário:
Postar um comentário