quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Cobertura Imprensa Jovem do G20: Uma Experiência Educomunicativa de Impacto Global


Os jovens repórteres do Imprensa Jovem mostram, mais uma vez, que não há tema impossível para eles. Com uma rede composta por 400 equipes de crianças e adolescentes, o programa é referência em comunicação educativa. Essas equipes atuam em eventos de grande relevância social e política, como a cobertura do G20, que trouxe uma série de encontros importantes para o Brasil, incluindo 6 realizados em São Paulo, Rio de Janeiro e 2 internacionais na China e Estados Unidos.

Entre os eventos com a cobertura jornalística pelas equipes estavam:

  • Reunião dos Ministros de Finanças;
  • U20, (Urban 20) que reuniu prefeitos das principais cidades do G20 para discutir soluções urbanas;
  • Net Mundial+10 e Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20 que reuniu especialistas de todo mundo
  • Missão Jovem Repórter: 50 anos de amizade do Brasil e China. 
  • Cobertura da Cúpula do Futuro na ONU
  • B20, (Business 20) onde líderes empresariais e governamentais dos países-membros discutiram recomendações estratégicas;
  • C20, (Civel 20) grupo de engajamento que reúne organizações da sociedade civil.;
  • A grande Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro.

Educomunicação e a Cobertura do G20

Temas aridos ou densos, como economia digital, integridade da informação e políticas urbanas, podem parecer inacessíveis a crianças e adolescentes. No entanto, o Imprensa Jovem transforma esses assuntos em pautas envolventes para os jovens. Um exemplo disso foi o Kids 20, grupo formado por crianças e adolescentes educomunicadores, lançado no G20 Brasil para dar voz à juventude e promover uma nova configuração de representação.


Assista a reportagem a partir deste link clique aqui 

A preparação dos jovens para esses desafios é fruto de um trabalho pedagógico cuidadoso. Com o apoio de professores, os estudantes:

  1. Estudam os temas dos eventos e identificam aqueles que mais os interessam;
  2. Elaboram perguntas acessíveis e relevantes, calibrando o conteúdo para que as respostas sejam claras e diretas para jovens;
  3. Praticam técnicas de entrevista, garantindo que estejam confiantes e preparados para lidar com autoridades e especialistas.

Esse processo não é apenas técnico, mas significantemente  educativo. Uma pergunta feita ao Secretário-Geral das Nações Unidas, por exemplo, pode ter sido fruto de horas de pesquisa e preparação. O impacto vai além da resposta: quantos conhecimentos a jovem repórter aprendeu ao longo do processo de participação? Quantas pessoas foram impactadas pela cobertura? Essa é a essência da do processo educomunicativo, onde cada etapa agrega valor ao aprendizado. 

Link da coletiva gerada pelo G20 clique aqui

Apoio e Credibilidade no G20

A Secretaria de Relações Internacionais da Cidade de São Paulo desempenhou um papel fundamental ao apresentar o Imprensa Jovem ao G20, reforçando a credibilidade das equipes. Essa introdução foi essencial para que os jovens fossem reconhecidos como participantes legítimos em um evento de proporções globais.

A experiência em cobrir reuniões tão disputadas, onde grandes veículos de comunicação do mundo estavam presentes, trouxe desafios e aprendizados únicos. Os jovens precisaram ser ágeis, atentos e assertivos, aproveitando cada oportunidade, como em "quebra-queixos" (termo jornalístico para entrevistas rápidas e improvisadas).

Além disso, a interação com profissionais experientes e o uso de outros idiomas, como o inglês, enriqueceram ainda mais a vivência. Após um dia intenso, o desafio continuava: produzir matérias de qualidade para seus canais de comunicação.

Reflexões e Legado

Participar do G20 não é apenas uma experiência pontual; é um processo transformador. Cada evento coberto pelas equipes do Imprensa Jovem deixa um legado de aprendizado, confiança e inspiração. Essa vivência mostra como crianças e adolescentes podem transitar entre temas complexos, construir conhecimento e se posicionar como protagonistas em debates globais.


A cobertura do G20 reafirma o valor pedagógico da educomunicação, provando que é possível formar cidadãos críticos, criativos e capazes de atuar em qualquer esfera social, local ou internacional.

Por : Carlos Lima - Professor  e Educomunicador 

Imagens : Imprensa Jovem Azanha

sábado, 21 de dezembro de 2024

Conheça o Manual de Libras para Ciências: a Célula e o Corpo Humano

A surdez pode ser definida como a perda parcial ou total da audição. Ela pode ser causada por fatores genéticos, lesões na orelha ou outras condições que afetam o aparelho auditivo. Para as pessoas surdas, a interação com o mundo acontece principalmente por meio de experiências visuais e da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que é muito mais do que um meio de comunicação — é também uma expressão cultural.

A surdez, por ser uma privação sensorial, pode dificultar a comunicação e impactar diretamente as relações sociais e educacionais. Infelizmente, muitas pessoas surdas ainda enfrentam exclusão em diversos ambientes, como escolas e locais de trabalho. Apesar dos avanços na educação inclusiva, ainda há muitos desafios a serem superados para garantir uma educação de qualidade que realmente atenda às necessidades das pessoas surdas.

Nas escolas, por exemplo, ainda há falta de preparo para acolher alunos surdos. Educadores frequentemente não sabem como lidar com a surdez, e a ausência de intérpretes de LIBRAS nas salas de aula é uma realidade em muitos lugares. Essa falta de acessibilidade reflete os obstáculos enfrentados pelas pessoas surdas para conquistar seu espaço e acessar a educação de forma plena.

Com essa realidade em mente, surgiu a ideia de criar o Manual de Ciências de Libras para Ciências: a Célula e o Corpo pensado especialmente para melhorar o ensino e a aprendizagem de pessoas surdas. Esse material busca desenvolver sinais em LIBRAS para termos científicos que ainda não possuem tradução, facilitando o acesso ao conhecimento e tornando a educação mais inclusiva e acessível.



Além de contribuir para o ensino de Ciências, este manual também pode beneficiar áreas como Medicina, Enfermagem e Psicologia, que enfrentam dificuldades semelhantes na comunicação com pessoas surdas. A ideia é oferecer um recurso que não só atenda às necessidades dos surdos, mas também seja útil para educadores, intérpretes e outros profissionais que interagem com esse público.

Se você convive com pessoas surdas ou tem curiosidade sobre o tema, este manual é uma excelente oportunidade para aprender mais sobre LIBRAS e sobre como tornar a comunicação mais inclusiva. Afinal, pessoas surdas pensam e interagem como qualquer outra — a única diferença é a forma como isso acontece.

Baseado no texto: ILES et al. PREFÁCIO. In: Manual de libras para ciências: a célula e o corpo humano. Org. Bruno Iles, Taiane Maria de Oliveira, Rosemary Meneses dos Santos, Jesus Rodrigues Lemos. Teresina-PI: EDUFPI, 2019.

Imagem: Pixabay

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Educomunicação: desafios e oportunidades para integrar tecnologias e práticas pedagógicas na escola

 


Hoje fui à escola para assinar a matrícula da minha filha. Durante a conversa, fui informado sobre a proibição do uso do celular no ambiente escolar. O ponto que mais me chamou a atenção foi a total ausência de uma discussão sobre o uso pedagógico desses dispositivos. Quem me atendeu foi categórica: não há possibilidade de utilizá-los em sala de aula.

Tentei argumentar sobre o uso pedagógico dos celulares, amparado pela nova legislação que prevê a utilização da tecnologia em práticas praticas pedagógicas, mas a resposta foi irredutível. Quando mencionei o Imprensa Jovem, fui informado que poderia ser uma exceção, já que se trata de um projeto à parte, fora do horário regular de aulas. Essa conversa despertou em mim duas grandes preocupações.

A primeira diz respeito à resistência em integrar novas tecnologias às práticas pedagógicas cotidianas. Parece que ainda enfrentamos o conceito da "escola ilha", isolada das transformações tecnológicas e sociais que vivemos fora de seus muros. Essa postura não apenas limita o potencial de aprendizado com as inovações que impacteam o cotidiano da sociedade, mas também dificulta a preparação dos estudantes para um mundo cada vez mais conectado numa sociedade cada vez mais integrada as tecnologias digitais e linguagens midiáticas.

A segunda preocupação é sobre como os projetos escolares, sobretudo de ampliação da jornada escolar,  são percebidos dentro das instituições. Muitas vezes, iniciativas como o projetos educomunicativos e outros  são tratadas como atividades sem grande relevancia educativa.  Não são encarados como ações educativas curriculares ou reconhecidas seu valor como práticas pedagógicas estruturantes. Esse olhar fragmentado pode reduzir o impacto transformador que esses projetos têm na formação dos estudantes.

Diante desse cenário, acredito que é urgente fortalecermos a Educomunicação como potencial área de conhecimento nas escolas, tanto quanto  as matérias tradicionais. Essa integração garantiria que todos os estudantes, sem exceção, tivessem acesso às práticas educomunicativas e ao uso crítico das tecnologias de comunicação e informação.

Sei que essa ideia ainda é uma proposta que precisa ganhar apoio, mas vejo oportunidades de implementação em programas como a Educação Integral  e no Ensino Médio a partir do itinerário de comunicação. Esses contextos oferecem espaço para inovação curricular, permitindo que a Educomunicação seja incorporada de forma significativa e estruturada, além de oferecer as aulas a mediação de um(a) professor(a) devidamente preparado, o que de algum favoreceria o uso pedagógico e educativo das novas tecnologias e linguagem desenvolvida pela sociedade. Por isso, que  não deixemos de  aproveitar essas oportunidades para ampliar o alcance e o impacto da Educomunicação, transformando-a em um direito educacional para todos e todas.

Por Carlos Lima - Professor e Educomunicador 


domingo, 15 de dezembro de 2024

Nas Ondas do Rádio: A História da Educomunicação em São Paulo

A história da Educomunicação na rede municipal de ensino de São Paulo começou a ganhar novos contornos em 2006, com uma ideia que mudaria completamente o cenário educacional: transformar os laboratórios de informática das escolas em verdadeiras rádios escolares.

Naquele ano, ao assumir a gestão do programa Educom - Nas Ondas do Rádio, nos deparamos com o desafio de tornar a produção de mídia acessível para estudantes e professores. Foi quando descobrimos o potencial do Audacity, um software livre de edição de áudio. Ele se tornou nosso aliado para criar programas de rádio diretamente nos computadores das escolas. Essa abordagem inovadora foi uma das maiores descobertas da Educomunicação na rede de São Paulo, porque mostrou que era possível democratizar a produção midiática utilizando as tecnologias já disponíveis nas escolas.


Antes disso, trabalhávamos com o chamado Kit Educom, um equipamento de rádio tradicional que, embora funcional, demandava maior habilidade técnica para operar. A integração do computador e do Audacity simplificou o processo, permitindo que qualquer escola, com um pouco de orientação, pudesse implementar uma rádio escolar. Esse foi um marco: a Educomunicação passou a ser prática, fácil e acessível, alcançando professores e estudantes de diferentes regiões da cidade.


A frase "Educomunicação precisa ser fácil e acessível" tornou-se um lema. Essa simplicidade foi essencial para o sucesso do programa e para que a cultura educomunicativa se espalhasse. Com a rádio escola, as crianças e os jovens começaram a exercitar habilidades de comunicação, pensamento crítico e expressão criativa, utilizando as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) como ferramentas para transformar o ambiente escolar.

Desde então, o programa cresceu, se reinventou e inspirou outras iniciativas, mas a essência permanece a mesma: empoderar os estudantes por meio da comunicação, tornando-os protagonistas no processo educativo. A fase educomunicativa na Rede Municipal  "Nas Ondas do Rádio" foi  uma revolução na forma de usar as tecnologias digitais  para  aprender, expressar e comunicar nas escolas paulistanas

Por: Carlos Lima : Professor  e Educomunicador 

Imagens : Acervo Núcleo  de Educomunicação 

Manual para elaborar projetos de Educomunicação: Passo a passo e orientações

Os projetos de Educomunicação têm como principal objetivo promover a formação para a produção e leitura crítica da mídia e suas tecnologias ...