quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Educomunicação: desafios e oportunidades para integrar tecnologias e práticas pedagógicas na escola

 


Hoje fui à escola para assinar a matrícula da minha filha. Durante a conversa, fui informado sobre a proibição do uso do celular no ambiente escolar. O ponto que mais me chamou a atenção foi a total ausência de uma discussão sobre o uso pedagógico desses dispositivos. Quem me atendeu foi categórica: não há possibilidade de utilizá-los em sala de aula.

Tentei argumentar sobre o uso pedagógico dos celulares, amparado pela nova legislação que prevê a utilização da tecnologia em práticas praticas pedagógicas, mas a resposta foi irredutível. Quando mencionei o Imprensa Jovem, fui informado que poderia ser uma exceção, já que se trata de um projeto à parte, fora do horário regular de aulas. Essa conversa despertou em mim duas grandes preocupações.

A primeira diz respeito à resistência em integrar novas tecnologias às práticas pedagógicas cotidianas. Parece que ainda enfrentamos o conceito da "escola ilha", isolada das transformações tecnológicas e sociais que vivemos fora de seus muros. Essa postura não apenas limita o potencial de aprendizado com as inovações que impacteam o cotidiano da sociedade, mas também dificulta a preparação dos estudantes para um mundo cada vez mais conectado numa sociedade cada vez mais integrada as tecnologias digitais e linguagens midiáticas.

A segunda preocupação é sobre como os projetos escolares, sobretudo de ampliação da jornada escolar,  são percebidos dentro das instituições. Muitas vezes, iniciativas como o projetos educomunicativos e outros  são tratadas como atividades sem grande relevancia educativa.  Não são encarados como ações educativas curriculares ou reconhecidas seu valor como práticas pedagógicas estruturantes. Esse olhar fragmentado pode reduzir o impacto transformador que esses projetos têm na formação dos estudantes.

Diante desse cenário, acredito que é urgente fortalecermos a Educomunicação como potencial área de conhecimento nas escolas, tanto quanto  as matérias tradicionais. Essa integração garantiria que todos os estudantes, sem exceção, tivessem acesso às práticas educomunicativas e ao uso crítico das tecnologias de comunicação e informação.

Sei que essa ideia ainda é uma proposta que precisa ganhar apoio, mas vejo oportunidades de implementação em programas como a Educação Integral  e no Ensino Médio a partir do itinerário de comunicação. Esses contextos oferecem espaço para inovação curricular, permitindo que a Educomunicação seja incorporada de forma significativa e estruturada, além de oferecer as aulas a mediação de um(a) professor(a) devidamente preparado, o que de algum favoreceria o uso pedagógico e educativo das novas tecnologias e linguagem desenvolvida pela sociedade. Por isso, que  não deixemos de  aproveitar essas oportunidades para ampliar o alcance e o impacto da Educomunicação, transformando-a em um direito educacional para todos e todas.

Por Carlos Lima - Professor e Educomunicador 


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