O horário de intervalo é um dos momentos mais aguardados pelos estudantes. Assim que o sinal toca, a agitação toma conta: é a hora de descontração, de fortalecer amizades, brincar e lanchar. No entanto, esse período também pode trazer desafios, como desentendimentos ocasionais ou mesmo a dificuldade em retomar o ritmo quando as aulas recomeçam. Ainda assim, o intervalo é, essencialmente, um espaço de relações humanas.
Ao longo dos anos, entretanto, essas interações foram sendo substituídas, em grande parte, pelas relações mediadas por telas. Hoje, é comum ver grupos de estudantes concentrados em celulares ou isolados em seus próprios mundos digitais. Quando as escolas implementam restrições ao uso de dispositivos, surge a necessidade de promover atividades que redirecionem a atenção e estimulem a convivência de forma criativa e saudável.
Lembro-me de quando eu era professor em uma escola primária. O intervalo era pura euforia: crianças correndo, gritando e aproveitando cada segundo no pátio. Para manter a ordem, a inspetora frequentemente repetia: “Parem de correr, parem de gritar!” Era uma batalha constante durante os 15 minutos de intervalo.
Um dia, decidimos experimentar algo diferente: criamos uma rádio-escola. Começamos a tocar músicas que as crianças adoravam, e uma delas, a famosa música Asereje ou "Celere", fez um sucesso estrondoso. O resultado foi impressionante: de repente, todas as crianças começaram a dançar juntas, contagiadas pela energia da música. A inspetora, que costumava intervir para acalmar os ânimos, veio até a sala dos professores, eufórica, nos chamando para ver o que estava acontecendo. Fomos ao pátio e vimos algo mágico: todas as crianças envolvidas e felizes.
Quando o sinal tocou para o retorno às aulas, houve alguma relutância em voltar. No entanto, bastou a promessa de repetir a experiência no dia seguinte para que subissem alegres para as salas.
Essa vivência mostrou o imenso potencial pedagógico da rádio-escola como ferramenta de intervenção. Além de entreter, a programação pode incluir músicas e conteúdos elaborados pelos próprios estudantes, como recados, curiosidades e informações sobre temas de interesse. Enquanto escutam a rádio, os alunos interagem de outras formas: conversando, dançando ou simplesmente se conectando uns com os outros de maneira mais leve e criativa.
A Radioescola pode, portanto, ser uma solução eficiente para o excesso de uso das telas no intervalo, oferecendo uma alternativa igualmente envolvente e que fortalece os laços entre os estudantes. Afinal, trocar o fascínio das telas pela magia da música e da comunicação é, sem dúvida, um ganho para toda a comunidade escolar.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Imagem: criado por Carlos Lima IA Canva
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