segunda-feira, 14 de abril de 2025

Educomunicação: a urgência de formar cidadãos críticos no tempo das rede



A Educomunicação se consolida, mais do que nunca, como um caminho necessário e estratégico para promover a Educação Midiática em tempos de excesso de exposição às redes sociais. Em um cenário onde o consumo de conteúdo digital é intenso e descontrolado, formar crianças e adolescentes para compreender, questionar e produzir mensagens com responsabilidade se torna tarefa urgente. É papel da escola, da família e de toda a sociedade fomentar esse olhar crítico sobre os meios de comunicação e seus impactos na vida cotidiana.

Infelizmente, a ausência dessa formação tem impactado vidas. O caso da jovem Sara, vítima de um desafio viral nas redes sociais, escancara a urgência do tema. Ela é mais uma entra em estatítica que tem 56 crianças e adolescentes que morreram ou ficaram feridas após participarem de desafios da internet nos últimos 11 anos no Brasil. Os dados são de levantamento não oficial feito pelo Instituto DimiCuida  (acesse) com base em notícias jornalisticas e relatos de pais. O mesmo número, 56%  usam a internet sem qualquer limites dos responsáveis, conforme pesquisa TIC Kids Online (acesse).

A tragédia de Sara e outras crianças e adolescentes  não são acasos isolado: é o resultado de um ecossistema que lucra com a atenção e vulnerabilidade de seus usuários mais jovens. Redes sociais que permitem o fácil acesso, sem protocolos rígidos de controle e verificação, tornam-se verdadeiros campos minados para crianças que ainda não desenvolveram os filtros necessários para navegar com segurança.

Nesse contexto, não basta apenas proibir ou criar legislações — embora sejam necessárias. É preciso ir além, com ações educativas que promovam experiências saudáveis e relações humanas significativas. O combate ao uso nocivo das telas passa pela construção de alternativas pedagógicas atrativas, que despertem o protagonismo infantojuvenil. A pergunta que precisamos fazer não é apenas "como controlar o uso das redes?", mas sim: "que tipo de experiências estamos oferecendo às nossas crianças e jovens em seu lugar?"

A Educomunicação surge como um campo potente para essa transformação. Ao integrar práticas comunicativas aos processos educativos, ela não apenas alerta sobre os perigos do consumo irrefletido, mas também empodera os estudantes para ter espaço para expressão para que sejam autores das suas próprias narrativas.  O Programa Imprensa Jovem é um exemplo disso. Criado na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, ele tem promovido a alfabetização midiática por meio de agências de notícias escolares, podcasts, vídeos e coberturas jornalísticas produzidas pelos próprios alunos. Essa iniciativa mostra que é possível transformar o uso da tecnologia em uma ferramenta de protagonismo e cidadania.

Educar para a mídia é, acima de tudo, um gesto de cuidado com o presente e o futuro das novas gerações. É hora de frear o descontrole e oferecer um novo rumo, onde a navegação digital aconteça de forma crítica, ética e segura.

Por Carlos Lima - Edumunicador  e professor 

Imagem : Sarah Raissa Pereira de Castro I Reprodução/Instagram / Mais Novela

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