Formar professores é, hoje, um dos principais desafios da educação. Cabe às redes de ensino garantir oportunidades de formação continuada de qualidade, o que exige planejamento, visão estratégica e um compromisso direto com a aprendizagem dos estudantes. Afinal, o investimento feito nas professoras e professores deve refletir na melhoria das práticas pedagógicas e no fortalecimento do direito à educação.
A formação inicial, no entanto, ainda caminha em desalinhada com os tempos atuais. Em muitas licenciaturas, os cursos são centrados em teorias da educação, com pouco espaço para práticas reais e inovadoras. Aulas expositivas predominam, e os estágios supervisionados muitas vezes se resumem à simples observação, sem que os futuros docentes possam experimentar, propor ou criar. Já na formação continuada, muitos educadores investem tempo — e, às vezes, recursos próprios — para se atualizar em cursos oferecidos por organizações públicas ou privadas. Mas as metodologias e formatos dessas formações variam bastante e nem sempre consideram os contextos e necessidades reais da sala de aula.
A trajetória das formações educomunicativas: do presencial ao EAD
Inicialmente ofertadas no formato presencial, as formações educomunicativas foram, ao longo do tempo, incorporando elementos da Educação a Distância. Um marco importante foi o curso Gestão de Projetos de Educomunicação, voltado a educadores interessados em criar e implementar projetos em suas escolas. Na sequência, nasceu o curso Imprensa Jovem On-Line, o primeiro a reunir professores e estudantes em uma mesma jornada formativa.
Essas experiências iniciais foram fundamentais para o desenvolvimento de uma metodologia própria em EAD, que culminou na adaptação de 15 cursos presenciais para o formato a distância (Conheça). A pandemia de COVID-19, por sua vez, acelerou esse processo e colocou um novo desafio: manter as formações ativas no ambiente virtual. A resposta educomunicativa veio com soluções inovadoras que atenderam a diversas demandas, como:
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Ampliação do acesso a professores e estudantes que moram ou trabalham longe dos polos presenciais;
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Disponibilização de conteúdos gravados e materiais de apoio acessíveis a qualquer momento;
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Criação dos “Aulões de Educomunicação”, formações de curta duração com foco na ativação de projetos e compartilhamento de saberes.
A inovação do autoinstrucional e as novas frentes formativas
Com o tempo, a experiência em EAD permitiu a sofisticação das propostas. Um exemplo disso foi o curso Imprensa Jovem: Estudante Mediador, que inaugurou a modalidade autoinstrucional. Com acesso permanente ao longo do ano, o curso se consolidou como uma plataforma aberta para o fortalecimento do projeto Agência de Notícias Imprensa Jovem. Seus principais diferenciais incluem:
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Ambiente formativo de apoio às ações educativas com estudantes;
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Flexibilidade no processo de aprendizagem, respeitando o tempo de cada participante;
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Objetividade nos conteúdos e prática constante com atividades propostas;
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Integração com os canais do Núcleo de Educomunicação, como o YouTube e o site oficial.
Mais recentemente, o Núcleo de Educomunicação iniciou a prototipagem de um módulo de formação com uso de inteligência artificial, que permite o acesso a conteúdos por meio de podcasts. A proposta acompanhará o lançamento do Caderno de Orientações Pedagógicas de Educomunicação e marca um novo momento histórico no desenvolvimento de formações voltadas à ampliação do atendimento docente.
Presencial, EAD, autoinstrucional: a essência educomunicativa permanece
Independentemente do formato — presencial, EAD ou autoinstrucional —, os cursos educomunicativos seguem comprometidos com princípios fundamentais. A qualidade da experiência formativa precisa estar no centro da proposta. Para isso, destacam-se cinco aspectos essenciais que norteiam toda formação em Educomunicação:
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Teoria com prática integrada: conteúdos precisam ser vivenciados, não apenas estudados;
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Participação ativa: educadores e estudantes como sujeitos do processo;
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Escuta ativa: valorização dos saberes, contextos e trajetórias;
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Qualidade da comunicação: linguagem clara, empática e criativa;
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Criação de projetos e intervenções sociais com base na comunicação.
A trajetória das formações em Educomunicação demonstra que é possível unir inovação tecnológica, compromisso pedagógico e valorização da experiência docente. Mais do que uma metodologia, a Educomunicação é uma prática transformadora que coloca professores e estudantes como protagonistas de sua formação e agentes ativos na construção de uma educação crítica, participativa e conectada com o mundo.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
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