A régua que mede uma escola democrática pode variar muito. Para os estudantes, ela tem um significado; para a própria instituição, outro; e para os órgãos gestores, ainda outro.
Uma rede de ensino submeteu seus alunos a uma pesquisa simples, mas reveladora: “Você sente que é ouvido na sua escola?” O resultado mostrou que 65% dos estudantes acreditam ter espaço de voz, enquanto 35% afirmaram não se sentir escutados. O dado foi considerado positivo, sendo associado às políticas de fortalecimento de instâncias formais de participação, como o grêmio estudantil.
Mas será que essa não seria uma régua estreita demais para medir a real participação?
A escola abriga múltiplas formas de expressão e escuta que vão muito além das estruturas institucionais. Projetos de Educomunicação, por exemplo, combinam comunicação criativa e protagonismo juvenil, permitindo que estudantes vocalizem temas de relevância comunitária dentro e fora do território escolar. Em contextos de maior vulnerabilidade social e de violência, não é raro que esses projetos sejam acionados justamente por seu potencial de diálogo e transformação.
A escuta também se manifesta em atividades culturais. O Slam, a poesia, o teatro, as artes visuais e audiovisuais são mídias que funcionam como pontes para compartilhar pontos de vista, visões e reflexões. Os eventos culturais, sociais e científicos, assim como as festas organizadas pelos próprios estudantes, abrem espaço para outras narrativas.
Há ainda os projetos de intervenção social desenvolvidos pelos alunos dos últimos anos do Ensino Fundamental. Neles, surgem propostas temáticas que muitas vezes não estão no currículo formal — debates sobre gênero, diversidade, mundo do trabalho ou sexualidade — e que podem gerar impactos reais na comunidade.
Agora, imagine se todas essas iniciativas estivessem organizadas em um sistema capaz de registrar e analisar os diferentes modos de participação estudantil. As perguntas ganhariam respostas mais amplas: A escola promove a participação dos estudantes? De que formas? Com quais impactos?
A régua da democracia escolar precisa ser alargada. Escutar os estudantes é mais do que abrir espaço formal de fala: é reconhecer que a participação também pulsa na cultura, na arte, na comunicação e na intervenção social.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Foto: Imprensa Jovem
Sim, Prof. Carlos.
ResponderExcluirO caminho é esse!
E os frutos colhidos mostram o acerto das experiências realizadas no âmbito da SME-SP.
Em 2026, estaremos celebrando os 30 anos do NCE, o núcleo de pesquisa da USP que sistematizou o conceito.
Que tal programarmos uma série de vídeos para documentar a prática educomunicativa na rede municipal de Sâo Paulo, onde professores e estudantes dos diferentes níveis de ensino contem para o Brasil as suas experiências?
Vamos em frente com a ideia dos vídeos. É muito importante.
ExcluirAcho importante professor. Alias 2026 estaremos celebrando 25 anos de Educomunicação na Rede. O marco Educom.Radio precisa ser celebrado em grande estilo
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