domingo, 26 de outubro de 2025

Gestão de Projetos Educomunicativos com Ferramentas Digitais


Não basta ter uma política pública chancelada por um órgão oficial. É preciso criar processos de gestão que garantam sua implementação, acompanhamento e aprimoramento contínuo.

Quando falamos de projetos de Educomunicação em uma rede de ensino, a gestão não se limita a cumprir metas. Ela envolve o acompanhamento constante, a criação de redes colaborativas entre professores e a construção de um ecossistema que favoreça a troca de saberes e experiências.

As origens da colaboração digital na Rede nos projetos de Educomunicação 

Em 2007, foi criado um grupo de discussão na plataforma Google, reunindo professores da rede municipal de ensino de São Paulo e colaboradores externos interessados em Educomunicação. O objetivo era simples e visionário: organizar um espaço de diálogo que, no futuro, contribuísse para a consolidação de uma política educacional pública voltada à área.

O grupo, chamado “Nas Ondas do Rádio”, chegou a reunir 613 membros, que trocavam informações, experiências e ideias por meio de mensagens eletrônicas.

Mesmo com a popularização de ferramentas instantâneas como o WhatsApp, o Google E-Group continua sendo uma poderosa ferramenta de gestão, especialmente por organizar as mensagens em formato de e-mail, permitindo consultas posteriores e respostas individuais ou coletivas de maneira estruturada.

Por que utilizar o Google E-Group nos projetos de Educomunicação?

O uso do e-mail institucional oferece um canal oficial e seguro para a circulação de informações, fortalecendo a comunicação entre equipes, gestores e formadores. Além disso, o E-Group:

  • Permite a criação de grupos segmentados, facilitando o acompanhamento por temas, regiões ou etapas de formação;

  • Integra-se aos recursos do Google Workspace, ampliando as possibilidades de articulação entre diferentes ferramentas (Drive, Agenda, Meet, Formulários, Documentos colaborativos etc.);

  • Favorece a gestão de processos formativos, mobilizações, construção de projetos colaborativos e difusão de conteúdos produzidos pelos estudantes e professores.

Gestão e tecnologia a serviço da política pública

A gestão de uma política pública de grande escala, como o Programa Imprensa Jovem, exige recursos tecnológicos que impulsionem seu alcance e garantam eficiência. O uso de plataformas digitais sempre esteve presente na trajetória da Educomunicação paulistana, fortalecendo a cultura da colaboração e do protagonismo docente e estudantil.

O desafio atual é criar fluxos de comunicação e acompanhamento mais efetivos, tanto para os projetos quanto para as aulas de Educomunicação na Educação Integral.

Vale ressaltar que o Google E-Group não substitui outras ferramentas de comunicação, como o WhatsApp. Pelo contrário: ele complementa e aprimora o processo de acompanhamento, oferecendo um espaço mais organizado para o registro e a memória institucional das ações.

Em breve, será publicada aqui no blog uma crônica educomunicativa sobre as possibilidades de uso do Google E-Group pelos próprios estudantes, explorando como essa ferramenta pode apoiar a gestão participativa dos projetos.

À medida que se aproxima 2026, ano em que a Rede Municipal celebra o 25º aniversário da Educomunicação, cada recurso digital torna-se essencial para fortalecer o acesso, a potência e a qualidade das ações que dão vida às políticas públicas educacionais.

Por Carlos Lima - Educomunicador e professor






sábado, 18 de outubro de 2025

Encontros Regionais de Educomunicação celebra a diversidade de projetos na cidade de São Paulo



Encerrou chave de ouro um momento histórico e inspirador em na Rede Municipal de Ensino de São Paulo. A Semana de Encontros Regionais de Educomunicação, que carinhosamente chamamos de Festival Imprensa Jovem. Foram 10 encontros online, reunindo as 13 regiões da cidade (Diretorias Regionais de Educação), todos organizados com protagonismo por professoras, professores e estudantes.

O Núcleo de Educomunicação ofereceu total autonomia aos territórios, e o resultado foi uma verdadeira :belezura": uma rica diversidade de projetos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Tivemos até atividades culturais, com destaque especial para o Slam, que trouxe poesia e emoção aos nossos encontros virtuais.

Clique para assistir os encontros 

A Educomunicação na nossa rede se prepara agora para um novo desafio: contribuir de forma decisiva com a Educação Integral, especialmente  no ciclo de Alfabetização. Esse é um sonho que começou há cerca de uma década atras, pouco a pouco, se torna realidade.

Nosso trabalho segue fortalecido pela parceria com as equipes de Gestão Democrática nas Diretorias Regionais e pela colaboração contínua com  Tecnologias para Aprendizagem. Essa articulação é, e sempre foi, o coração do que fazemos. Não operamos como ilha — somos ponte.

Apresentação do projeto Imprensa Jovem Surda (clique na imagem)

Hoje, vivemos um momento de descentralização e fortalecimento das Regionais de Educomunicação, o que amplia as oportunidades para o surgimento de novos projetos e maior participação educomunicadora em toda a rede.

Vale destacar que a iniciativa teve a organização dos colegas da Divisão dos Centros Educacionais Unificador (DICEU) e articulação do professor Clayton Scarcella do Núcleo Educomunicação, com apoio da Divisão de Gestão Democrática e Participação Intersetorial da Coordenadoria do Centros de Educação Unificados (DIGP) e Educação Integral (COCEU). O Festival Imprensa Jovem já aconteceu em 2 duas ocasiões sendo a primeira iniciativa na Diretoria Regional de São Miguel e na sequência no Museu do Catavento durante a Semana Municipal do Imprensa Jovem - Educomunicação. 

E vem novidade por aí: as Orientações Pedagógicas de Educomunicação, instrumento há muito tempo sonhado, articulado e construído coletivamente, serão lançadas em breve com o apoio da UNESCO. Elas chegam para impulsionar ainda mais a força transformadora da nossa Educomunicação!

Por Carlos Lima : Educomunicador e professor 






sábado, 11 de outubro de 2025

História de um incrivel professor

 


Há sempre novidades na escola dos Caçadores de Notícias.Todo início de ano traz novos rostos, novos professores e também algumas despedidas. Desta vez, a notícia que mexeu com toda a comunidade escolar foi a aposentadoria do professor Jesse, o querido mestre de História.

Professor Jesse fez parte da história viva da escola. Estudou ali quando jovem e, anos depois, retornou como educador. Ensinou gerações de estudantes — inclusive os pais de muitos alunos atuais. Cinéfilo apaixonado, acreditava que o cinema era uma poderosa ferramenta de reflexão. Sempre trazia filmes e curtas para discutir temas sociais, políticos e culturais.

Foi ele quem fundou o cineclube da escola, espaço onde os estudantes aprendiam a olhar o mundo com criticidade e sensibilidade.

O professor era cadeirante, e isso nunca foi obstáculo para seu entusiasmo. Pelo contrário: sua presença inspirava todos a enxergarem a educação como um espaço de inclusão, respeito e transformação.

Quando sua aposentadoria foi anunciada, ninguém quis deixar passar em branco. Os professores, estudantes e ex-alunos organizaram uma grande surpresa.

Na manhã do dia marcado, tudo parecia normal. O professor chegou pontualmente, como sempre. Cumprimentou o porteiro, seguiu até a sala dos professores, ajeitou seu material e começou o trajeto até a sala de aula.

Mas algo estava estranho… Os corredores estavam silenciosos demais. Nenhum som de conversa, nenhum sinal de estudantes. Ainda assim, ele continuou, pensativo, acreditando que talvez tivesse se adiantado.

Ao chegar à sua sala, encontrou a porta entreaberta. Lá dentro, uma tela ligada exibia o clipe “Ao Mestre com Carinho”.

Ele sorriu, emocionado, sem entender direito o que estava acontecendo.

Saiu da sala, foi até a secretaria — vazia. Passou pela direção — também vazia.

“Mas onde foi parar todo mundo?”, pensou.

Decidiu ir embora. Ao se aproximar do portão, o guarda desligava as luzes.

— Oi, cadê todo mundo? — perguntou o professor.

— Todo mundo quem, professor? Hoje não tem aula.

— Como assim? Vim dar minha última aula.

O guarda, disfarçando o sorriso, respondeu:

— Ah, entendi. Mas venha comigo, por aqui não dá pra sair… por ali sim.

Empurrou a cadeira de rodas em direção à quadra. A porta estava fechada.

Quando o guarda abriu, o professor ficou imóvel.

Diante dele, uma multidão.

Estudantes, professores, ex-alunos e famílias enchiam a quadra, formando um grande corredor humano. Todos começaram a cantar, em coro, a mesma música do clipe que ainda ecoava: “Ao Mestre com Carinho”.

Ao final, uma banda formada por ex-estudantes assumiu o palco e deu continuidade à canção.

O professor, visivelmente emocionado, deixou as lágrimas escorrerem. Perto do palco, seus filhos e netos o aguardavam. Um telão projetava imagens antigas — ele, jovem, em sua primeira turma de História. Sorrisos, abraços, lembranças.

Um a um, estudantes e ex-alunos subiram ao microfone para compartilhar histórias e aprendizados vividos em suas aulas.

E, como não poderia deixar de ser, encerraram a homenagem com um cineclube — exibindo o filme do clipe que simbolizava toda a sua trajetória.


Naquele dia, o professor Jesse viveu algo raro: foi personagem da própria aula. E, mais do que nunca, entendeu que sua história continuaria na tela, nos olhos e nas memórias de cada estudante que ajudou a formar.


(Continua)


Por Carlos Lima

Foto: Reprodução O Globo

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