Recentemente, assisti a alguns vídeos para aperfeiçoar meu inglês. Encontrei um canal com um teacher muito dinâmico e didático. Confesso: nunca gostei de estudar gramática, embora saiba que ela é importante. Sempre tive a sensação de que, na prática, ela não me ajudava tanto quanto prometia.
Logo no início do vídeo, o professor fez uma pergunta que me atravessou:
“Você estuda inglês ou aprende inglês?”
Ele explicou: Se você apenas estuda, pode passar a vida inteira acumulando regras sem conseguir se comunicar de verdade. Mas, se você decide aprender, se lança à comunicação, erra, tenta de novo, ajusta — e evolui. Não sei se ele está totalmente certo, mas algo ali acendeu uma reflexão:
Será que devemos estudar Educomunicação ou aprender Educomunicação?
Estudar Educomunicação
Estudar Educomunicação é mergulhar na teoria. É conhecer autores, conceitos e fundamentos.
É entender ecossistema comunicativo, mediação, protagonismo, cultura digital e processos colaborativos. Estudar é importante porque oferece consciência, clareza e direção.
Nos dá a estrutura conceitual para compreender o que vivemos.
Aprender Educomunicação
Mas aprender Educomunicação é fazer, experimentar, criar, comunicar, errar e ajustar.
É quando os estudantes vivenciam processos reais:
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produzem podcasts, vídeos, fotos e reportagens;
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participam de coberturas;
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exercitam a escuta ativa;
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trabalham em colaboração;
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descobrem que comunicar é também pensar, sentir e agir.
Aprender é incorporar a Educomunicação como experiência viva, não como conteúdo isolado.
O exemplo da sala de aula
A pergunta que sempre me faço é: Eu trago o rádio para a sala para que os estudantes produzam um podcast sobre alimentação saudável? Ou discuto alimentação saudável e convido os estudantes a usar a experiência de produzir um podcast como forma de investigar, refletir e expressar aquilo que aprenderam?
A segunda opção é Educomunicação: A tecnologia e a mídia não são fim — são linguagens e experiências possíveis que abrem caminhos educativos.
Educomunicação é transdisciplinar
A perspectiva transdisciplinar — e não disciplinar — nos ajuda a responder à provocação inicial.
Quando atravessamos os temas com a Educomunicação, colocamos os estudantes como protagonistas na interação com os conteúdos e com o mundo.
A teoria surge da prática. E a prática ganha profundidade com a teoria.Estudar para entender melhor a experiência imersiva refina o aprendizado. A criticidade passa a nascer da ação, da vivência, do acesso intencional à informação.
Quando há experiência, há o que estudar
Quando existe experiência real, existe algo para ser estudado. Quando não existe, assumem-se modelos ou sugestões que muitas vezes não fazem sentido, porque não foram vividas. Na Educação Integral, ao criar territórios de aprendizagem, estamos oferecendo experiências que ancoram o conhecimento. Mobilizar o estudante a aprender significa oferecer:
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problemas para resolver,
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experiências para brincar,
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liberdade para expressar,
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processos para criar.
É a prática gerando teoria(s). É aprender Educomunicação — ou como gosto de dizer: educomunicar.
E o papel dos adultos na escola?
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Instrutores instruem.
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Pesquisadores pesquisam e estudam.
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Mediadores ouvem, facilitam e criam ambientes de participação.
Entre os três, quem garante a participação plena dos estudantes? O mediador ou ainda: Professor Mediador
Aprender Educomunicação é finalidade escolar
Aprender Educomunicação exige a presença ativa desse mediador: alguém que não ensina sobre comunicação, mas promove processos de aprendizagem baseados em comunicação.
Porque, no fim das contas:
Estudar dá base.
Aprender dá vida.
Vivenciar dá sentido.
E é isso que transforma a escola num território de participação, expressão e autoria.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Foto: Acervo pessoal

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