O processo de escuta e diálogo surgiu a partir de uma enquete no grupo de WhatsApp composto por docentes que atuam com projetos educomunicativos a pergunta:
Qual termo melhor representa a função desses professores na escola?
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Orientador de Projetos de Educomunicação
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Mediador de Projetos de Educomunicação
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Professor de Projetos de Educomunicação
A maioria optou por Professor Orientador de Projetos de Educomunicação — o POPE. Essa escolha revela o desejo de reconhecimento institucional e a busca por uma identidade pedagógica capaz de dar forma a uma atuação que já acontece diariamente nas escolas.
Orientador, Mediador e Professor: papéis diferentes, práticas complementares
Para compreender o sentido dessa escolha, é essencial distinguir esses três papéis dentro do ecossistema educomunicativo.
Professor de Educomunicação
Responsável por articular linguagem midiática e currículo.
Funções:
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Planejar atividades com intencionalidade pedagógica.
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Desenvolver AMI (Alfabetização Midiática e Informacional).
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Integrar podcast, rádio, vídeo, jornal, redes sociais e fotografia ao processo de aprendizagem.
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Formar estudantes para uso crítico, ético e criativo das mídias.
Em síntese: é quem ensina e conduz o processo educativo.
Mediador de Educomunicação
Constrói o ambiente participativo e dialógico.
Funções:
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Facilitar o diálogo e garantir que todos tenham voz.
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Estimular a autoria e o trabalho colaborativo.
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Ajudar estudantes na organização de ideias e narrativas.
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Promover clima de cooperação e escuta ativa.
Em síntese: é quem media as interações, fortalecendo a participação.
Orientador de Projetos de Educomunicação
Traz visão estratégica, acompanha decisões e qualifica processos.
Funções:
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Aconselhar sobre formatos, roteiros e boas práticas.
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Definir prioridades e cronogramas com o grupo.
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Garantir coerência entre objetivos pedagógicos e produtos midiáticos.
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Apoiar reflexões, registros e documentação das ações.
Em síntese: é quem orienta e qualifica o percurso, sem substituir o professor nem centralizar decisões.
As reflexões do grupo: mediação, orientação e institucionalidade
No debate que se seguiu à enquete, surgiram contribuições fundamentais:
As análises do grupo ressaltaram diferenças e complementaridades entre os papéis: o professor de Educomunicação, que articula mídia e currículo; o mediador, que constrói o ambiente participativo; e o orientador, que traz visão estratégica e qualifica processos.
As contribuições de Maurício Virgulino, Bruno Ferreira e Paola Prandini enfatizaram que o termo “orientador” dialoga tanto com tradições institucionais pedagógicas quanto com práticas mediadoras, e que sua adoção responde à necessidade de fortalecer o reconhecimento do trabalho docente. Assim, o POPE emerge como uma síntese potente: um professor que orienta sem hierarquizar, media sem neutralizar e forma sem centralizar, alinhado aos princípios democráticos da Educomunicação.
No contexto da Educação Integral, o POPE dinamiza aprendizagens com linguagens midiáticas, fortalece o uso crítico da comunicação, integra temas sociais de forma interdisciplinar, promove participação estudantil e valoriza protagonismo, autoria e colaboração, consolidando-se como ponte entre ensino, cultura e comunidade. Mais do que um nome, o POPE representa uma visão de escola em que a comunicação é espaço de aprendizagem, cidadania, diálogo e protagonismo estudantil.
O POPE no contexto da Educação Integral
A criação da figura do Professor Orientador de Projetos de Educomunicação está diretamente conectada à ampliação da Educação Integral nas escolas.
O POPE assume o papel de:
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Dinamizar aprendizagens com linguagens midiáticas;
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Fortalecer o uso crítico e criativo da comunicação;
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Integrar temas sociais de forma interdisciplinar e transdisciplinar;
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Promover a participação estudantil por meio de projetos como Agências Notícias, Radioescola, Podcast, Cineclube, Audiovisual, Fotografia, Mídias Sociais, Fanzine, Jornal Impresso e Mural, Revista e TV Educativa;
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Valorizar protagonismo, autoria e colaboração.
Em essência:
👉 O POPE é um orientador com identidade educomunicativa e prática mediadora.
👉 Ele articula comunicação, currículo e participação.
👉 É ponte entre ensino, cultura e comunidade.
A proposta apresentada evidencia que a Educomunicação, para crescer institucionalmente, precisa não apenas de projetos, mas também de papéis pedagógicos claramente definidos.
O POPE surge como uma forma de:
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Reconhecer o trabalho docente;
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Dar identidade ao papel educomunicador;
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Fortalecer a cultura participativa na escola.
Mais do que um nome, o POPE representa uma visão que a comunicação é espaço de aprendizagem, cidadania, diálogo e protagonismo estudantil.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
Foto: Registro da EMEF Carlos Pasquale - 2008
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