sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

A Escola Precisa Olhar para a Criatividade do Estudante


Muitas vezes, tenho a sensação de que a escola está pouco preocupada com a criatividade dos estudantes. Falta preparo  para desenvolver práticas com olhar mais sensível, capaz de perceber e estimular o potencial criativo dos jovens. As escolas são verdadeiros celeiros de talentos, mas, infelizmente, muitos estudantes passam por elas apenas como um número na chamada, sem serem reconhecidos pelo que realmente são e podem se tornar.

A forma como organizamos o espaço da sala de aula também contribui para esse distanciamento. Os alunos, enfileirados, enxergam apenas a nuca do colega da frente e o quadro negro. O contato humano se perde, e com ele, a chance de construir relações significativas e de enxergar as potencialidades de cada estudante. Só conseguimos perceber talentos quando nos conectamos de verdade, quando olhamos nos olhos, damos espaço para a fala e quebramos o monopólio da palavra dentro da sala de aula.

Encontro grandes talentos nas escolas públicas. Muitos deles, no entanto, são mal compreendidos simplesmente porque falam demais. A escola, em muitos casos, ainda vê a expressão como um problema, e não como um indicativo de criatividade, pensamento crítico e potencial comunicativo. O curioso é que, quando um estudante tem a coragem de se expressar, sempre há aqueles que criticam, desvalorizam ou tentam silenciar a voz incômoda.

Ainda há que enxergam o ato de aprender como um processo engessado: ouvir, copiar, decorar, fazer provas e tirar boas notas. Mas a educação precisa ir além. Projetos que promovem o protagonismo infantojuvenil, como rádio escolar, teatro, música e outras iniciativas educomunicativas, são essenciais para tornar a escola um ambiente mais vivo e estimulante.

Se não mudar práticas e não começarmos a enxergar o aluno como um sujeito ativo e não apenas como um número, a escola corre o risco de entrar em colapso. Precisamos transformar o espaço escolar em um ambiente privilegiado para o desenvolvimento de talentos que contribuirão para a sociedade do futuro. Afinal, educação de qualidade não se faz apenas com conteúdo programático, mas com escuta, diálogo e valorização da criatividade.

Por Carlos Lima: Educomunicador e professor

Foto: Imprensa Jovem da EMEF Pedro Américo


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