Durante nossos encontros formativos, como o Ponto de Encontro (Ouça o podcast) , temos ouvido experiências potentes de educadores que, mesmo diante de muitos desafios, apostam na Educomunicação como estratégia pedagógica para engajar, incluir e transformar realidades.
Ponto de encontro - Precisamos falar sobre Educomunicação na Escola
A potência do projeto na prática
Um exemplo inspirador é o do Projeto Educomunicadores, desenvolvido desde 2009, que reúne rádio, fotografia, audiovisual, blog, redes sociais e outras linguagens midiáticas sob o guarda-chuva do Programa Imprensa Jovem. Com esse formato, o estudante não apenas participa: ele escolhe o que quer aprender e como quer se expressar.
Há relatos de alunos que, antes tímidos, encontraram nos microfones e câmeras uma forma de se comunicar com o mundo. Outros, com dificuldades de aprendizagem, passaram a escrever e se engajar com mais segurança. Há ainda quem se redescubra no papel de mediador de conhecimento, ajudando colegas, ensinando ferramentas, criando conexões.
A Educomunicação revela aquilo que há de melhor em nossos estudantes: suas vozes, talentos e ideias.
O papel do professor como formador e mediador
Em muitas escolas, a chegada do projeto é recente. Professores ingressantes têm relatado como encontraram na Educomunicação um caminho possível para unir conteúdos curriculares, desenvolvimento de competências e vínculos afetivos com os alunos.
A professora de Língua Portuguesa, por exemplo, conta que um estudante que apresentava dificuldades de comportamento em sala encontrou no projeto um sentido para estar na escola. De coadjuvante, passou a protagonista.
Outro relato emocionante veio de uma professora que incluiu um aluno autista nas atividades de produção audiovisual. Mesmo com dificuldades de fala, o estudante encontrou nas imagens uma forma de expressão. O brilho nos olhos dele – e de sua família – confirmou que a escola pode, sim, ser um espaço de acolhimento e pertencimento.
Educomunicação é inclusão
A Educomunicação também é ferramenta de inclusão. Seja com estudantes com deficiência, seja com crianças pequenas da Educação Infantil, os relatos mostram como rádio, fotografia e vídeo podem ser formas legítimas de expressão. Os projetos ganham vida com vozes diversas, com os olhares atentos das crianças, com suas perguntas espontâneas e suas formas criativas de contar o mundo.
Quando olhamos para a Educação Infantil, por exemplo, já é possível perceber o impacto de projetos como o Imprensa Mirim, que valoriza o brincar, o registro sensível do cotidiano e a escuta das crianças. Os pequenos também têm o direito de falar e serem ouvidos.
Equipamentos, formação e rede de apoio
Um dos desafios recorrentes está na obtenção de equipamentos e na organização do projeto. É por isso que temos construído coletivamente materiais de apoio, vídeos, podcasts, encontros formativos e até um manual de projetos de Educomunicação (em construção!). A ideia é facilitar o caminho para quem está começando e fortalecer quem já está nessa caminhada.
As escolas também podem utilizar verbas como o PTRF ou buscar parcerias com os grêmios estudantis para adquirir equipamentos como câmeras, microfones, caixas de som, entre outros. No site do Núcleo de Educomunicação há orientações detalhadas sobre como montar seu kit básico, além de links úteis e modelos de projeto.
Por que precisamos falar sobre Educomunicação?
Porque ela transforma. Transforma a escola, os estudantes, os professores, a comunidade. Ela abre espaço para o diálogo, para a escuta, para o pensamento crítico, para o uso consciente das mídias e para o exercício da cidadania.
Falar sobre Educomunicação é, antes de tudo, reconhecer que os estudantes têm o direito de se expressar, de serem autores de suas próprias narrativas e de ocuparem com responsabilidade os espaços midiáticos – dentro e fora da escola.
Por isso, seguimos juntos, aprendendo, criando e compartilhando saberes. Precisamos, sim, falar – e cada vez mais – sobre Educomunicação na escola.
Por Carlos Lima - Educomunicador e professor
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