domingo, 28 de dezembro de 2025

Homenagem a José Armando Valente: estudantes do Imprensa Jovem entrevistam referência das Tecnologias para Aprendizagem


Durante a Mostra de Tecnologia - Ação Promovendo a Reflexão - 2024,  os estudantes do Imprensa Jovem tiveram a oportunidade de conversar com o professor e pesquisador Dr. José Armando Valente, uma das principais referências nacionais em tecnologia educacional. Junto com Seymour Papert apoiou na implantação dos laboratórios de informatica educativa nas escolas de municipais de São Paulo na década de 80. 


Diálogo histórico de Seymour Paper e Paulo Freire com tradução de José Valente

A entrevista foi conduzida por Heloísa Gama Martins e Thomas Nascimento de Lima, da agência de notícias Imprensa Jovem da EMEF Prof. Roberto Plinio Colacioppo , que dialogaram com o pesquisador sobre trajetória profissional, desafios da educação digital e perspectivas para o futuro da aprendizagem.

Da engenharia à educação

Ao iniciar a conversa, os estudantes perguntaram ao professor como começou sua carreira e o que o motivou a seguir o caminho da educação. José Valente contou que sua formação inicial foi na engenharia mecânica, atuando com projetos de programação. No entanto, o interesse pela docência o levou a dar aulas de Ciência da Computação ainda no início da década de 1970.

Em 1976, mudou-se para os Estados Unidos para realizar o doutorado com pesquisador Seymour Papert. Foi lá que conheceu projetos inovadores que defendiam uma ideia revolucionária para a época: não ensinar apenas tecnologia ao aluno, mas permitir que a criança “ensine” o computador, por meio da programação. Esse contato transformou sua trajetória. Valente passou a se dedicar à interface entre tecnologia e educação, deixando a engenharia em segundo plano e assumindo-se, hoje, muito mais como educador do que como engenheiro.

Estudantes do Imprensa Jovem entrevistam o professor José Valente


Tecnologia e cultura digital na escola

Questionado sobre a relevância da tecnologia na atualidade e seu impacto no ensino e na aprendizagem, o professor destacou que inserir tecnologia na escola é, antes de tudo, colocar o estudante em contato com a realidade da cultura digital.

Segundo ele, praticamente todos os setores da sociedade — produção, comércio, entretenimento — já estão profundamente integrados às tecnologias digitais. A educação, no entanto, ainda enfrenta dificuldades para acompanhar esse movimento. Para Valente, essa mudança não será impulsionada apenas pelos professores, mas principalmente pelos estudantes, que já vivem intensamente a cultura digital e acabam “puxando” a escola para essa transformação.

Desafios para integrar tecnologia à educação

Ao falar sobre os principais desafios para uma integração efetiva da tecnologia nas escolas, José Valente foi direto: infraestrutura e formação docente.

A falta de acesso à internet e de equipamentos como computadores e tablets ainda é um obstáculo significativo. No entanto, ele enfatizou que o maior desafio é a formação dos professores, para que saibam integrar as tecnologias digitais de forma pedagógica e significativa ao currículo tradicional.

Tecnologia, desigualdade e periferias

Outro ponto importante da entrevista foi a discussão sobre como a falta de internet e de infraestrutura tecnológica impacta a educação de jovens, especialmente nas periferias e áreas rurais. Para o pesquisador, essa é uma questão diretamente ligada a decisões políticas e prioridades públicas.

Ele citou o exemplo do Uruguai, que iniciou a implementação de tecnologias digitais justamente pelas áreas rurais, ampliando o acesso antes de chegar aos grandes centros urbanos. Para Valente, democratizar o acesso à tecnologia é uma escolha política essencial para garantir equidade educacional.

José Valente UNICAMP, Regina Gavassa TPA/SME,  Ann Berger  Valente MIT e Carlos Lima EDUCOM /SME no Seminário Mostra de Tecnologia 2023

O futuro da educação e a inteligência artificial

Encerrando a entrevista, os estudantes perguntaram sobre as expectativas para o futuro da educação tecnológica. José Valente demonstrou entusiasmo ao falar da chegada da inteligência artificial como recurso educacional.

Em sua visão, a educação caminha para um momento em que o estudante será cada vez mais ativo, protagonista do próprio aprendizado, utilizando metodologias ativas, enfrentando desafios e fazendo uso crítico das tecnologias. Nesse cenário, o papel do professor deixa de ser o de transmissor de conhecimento e passa a ser o de mediador e orientador.

Para viver plenamente na cultura digital, Valente destacou dois elementos fundamentais: repertório e diálogo. Segundo ele, essas competências serão essenciais para que os jovens utilizem as tecnologias de forma crítica, criativa e ética.

Ao final, o professor agradeceu a entrevista e reforçou que o futuro da educação está nas mãos dos próprios estudantes — como os jovens do Imprensa Jovem, que já exercitam, na prática, a comunicação, o pensamento crítico e o protagonismo juvenil.


Por Carlos Lima : Professor  Educomunicador

Fotos : Acervo Carlos Lima

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