sábado, 29 de junho de 2024

A educomunicação é uma ponte entre as pessoas e o conhecimento


A Educomunicação é proposta para Educação Integração e para projetos do Mais Educação ou ampliação da jornada escolar. Diversas proposta podem ser implementada a partir do conceito. Radioescola, Cinema, Audiovisual, HQ, Jornal, Agência de Noticias, Fotografia, Blog, Mídias Sociais, Fanzine são linguagens e projetos que podem mobilizar estudantes para uma educação com, para e pela comunicação. Seja na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio os diversos projetos de educomunicação apoia as aprendizagem e tornam as aulas mais interessantes para os estudante.  Em uma entrevista para o site Centro de Referência de Educação Integral falo sobre o pontencial da Educomunicação na conexão de estudantes e conhecimento. A matéria publicada em 2013 ainda continua tão atualizada como a mais de uma década. 

Ouça a entrevista 

Leia a matéria na integra 

Reportagem Jessica Moreira - Publicado em 04/10/2013

Imagem :  Imagem de freepik

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Vale a pena criar um Blog? Descubra o potencial pedagógico desta ferramenta

Muito popular no início dos anos 2000, o blog foi uma das primeiras ferramentas online de criação de conteúdo. Embora tenha sido um pouco esquecido diante do avanço das redes sociais, ele permanece atual e pode se tornar um excelente aliado no processo de ensino e aprendizagem. 

Para entender se vale a pena construir um blog com os alunos, é importante conhecer um pouco mais sobre a ferramenta. O blog é um espaço destinado à produção de conteúdo com linguagem simples e objetiva, normalmente em texto, mas também é compatível com mídias como fotos, vídeos e áudios. Publicados com frequência, esses conteúdos são facilmente divulgados nas redes sociais, ampliando seu alcance e criando uma audiência cativa.

No contexto educacional, ele pode ser utilizado de várias maneiras: desde um espaço de expressão dos gostos pessoais dos estudantes, abrangendo temas como jogos, música e cinema, entre outros, até um ambiente virtual de disseminação do conhecimento e elaboração de conteúdo pedagógico, em diálogo com as disciplinas. Além disso, ele pode ser utilizado para comunicar as atividades da escola para além de suas instalações, alcançando as famílias e a comunidade ao redor.

Blog escolar: coletivo e colaborativo

Carlos Lima, coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, é um dos educadores que reconhece o potencial pedagógico do blog. “Para a escola, a ferramenta pode ser um espaço de compartilhar informações de forma rápida e sem a necessidade de inscrição. Além disso, é um ambiente de prática de escrita, uma habilidade fundamental, e também um meio de expressão para os estudantes, facilitando a conexão com a comunidade”, afirma.

Na sala de aula, os professores podem usar essa ferramenta para estimular a produção escrita e as habilidades de comunicação dos estudantes, relacionando as postagens com os conteúdos disciplinares. “O blog escolar é um trabalho coletivo. O educador atuará como mediador nesse processo, e os estudantes devem ter autonomia para apresentar, discutir suas ideias em conjunto e, então, produzir esse material, que se torna um grande Jornal Mural digital e dinâmico da escola”, explica Lima.

Carlos Lima também é educador e fundador do projeto Imprensa Jovem, iniciativa da prefeitura de São Paulo que criou uma agência de notícias escolar, com produção de conteúdos pelos estudantes. Em 2006, o projeto iniciou o trabalho com blogs e, neste ano, retomará a produção de conteúdo para as seguintes páginas: Blogando nas ondas do rádio, Imprensa Jovem no ar e Imprensa Jovem 10.

Ocupar espaço e passar mensagem

Para explorar o potencial pedagógico do blog, é interessante dividir a turma em subgrupos, que, semanalmente (ou em uma frequência coletivamente determinada), ficarão responsáveis pela produção de conteúdo sobre diferentes temas e formatos de mídia. A ideia é que o blog represente a diversidade do ambiente escolar – e se transforme em um grande espaço de conexão entre seus colaboradores. 

“Esse canal de comunicação deve valorizar o diálogo social que respeita o público e orienta os estudantes a produzir conteúdo para o coletivo”, defende o educador. E Carlos vai além: “O conteúdo e os recursos digitais produzidos pelos estudantes não são apenas formas de expressão, mas também uma maneira de ocupar o espaço, deixando marcas na internet. Atualmente, é essencial ensinar os estudantes a usar as tecnologias de informação para transmitir suas mensagens, e os blogs desempenham um papel crucial nesse processo.”

Dicas para começar um blog

Para apoiar escolas e educadores que têm interesse em utilizar a ferramenta como prática pedagógica, reunimos a seguir algumas dicas para iniciar essa jornada:

1. Refletir sobre o propósito do blog: por que ele é necessário, que tipo de conteúdo será postado, qual será a linguagem e quem é o público-alvo; 

2. Testar as melhores ferramentas: existem vários publicadores de blog gratuitos, como Wix e WordPress, mas Carlos Lima indica a plataforma Blogger, que é conectada ao Google e oferece integração com uma série de ferramentas para facilitar o seu uso, como Google Drive e Google Docs, otimizando o trabalho colaborativo; 

3. Promover discussões e reuniões de pauta: a troca de ideias sobre os temas abordados no blog pode ser um dos momentos pedagógicos mais enriquecedores desse processo. A plataforma Jamboard é um quadro interativo virtual que pode auxiliar nas discussões;

4. Dividir os estudantes em subgrupos: ao revezar entre as atividades e funções por trás da atualização do blog, é possível democratizar o acesso aos diversos formatos de produção de mídia; 

Publicado em 29/08/2023 | por: Vivescer Publicado em 29/08/2023 

Imagem :  Imagem de rawpixel.com no Freepik

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Ideias para Produção de um Vídeo Curto sobre Projeto

Se você tem 80 segundos para apresentar sua ideia, o que contaria de mais importante para encantar as pessoas? Se fosse ao vivo, seria praticamente um pitch de elevador. No entanto, o desafio é contar o seu projeto em um vídeo. A vantagem do vídeo é a possibilidade de edição, mas para que tudo se encaixe bem, é necessário um bom roteiro que ajude a contar a sua ideia de forma eficaz.

Começando do começo

Vamos lá! Seu projeto tem uma razão de ser. Portanto, é preciso contextualizar o assunto principal que o envolve.

Se o seu projeto é uma horta, você pode iniciar falando sobre o problema da alimentação no mundo e, em seguida, apresentar a horta como uma solução.

Estruturando a apresentação

1. Introdução ao Problema:Comece destacando o problema que seu projeto visa resolver. Isso ajuda a contextualizar e a prender a atenção do público.  

2. Apresentação do Projeto: Mostre como seu projeto funciona. No caso da horta, desenhe literalmente o projeto ou use imagens que ajudem o espectador a criar uma imagem mental de como é a horta e como ela opera.

3. Motivação:Explique por que você desenvolveu o projeto e quais são os pontos fortes dele. 

4. Implementação: Detalhe como você colocou o projeto em prática. Fale sobre os recursos utilizados, quem participa e os passos que foram tomados. Isso ajuda a mostrar a viabilidade do projeto.

5. Chamada para Ação: Após explicar o projeto, convide as pessoas a se conectarem com ele. Pode ser um convite para visitar um site, seguir nas redes sociais, ou entrar em contato por e-mail.

Necessidades para a apresentação audiovisual

Para estruturar a apresentação do projeto em formato audiovisual, você precisará de:

1. Roteiro: Fundamental para organizar a apresentação de forma coesa.

2. Captação de Imagens de Apoio: Imagens que contextualizem o projeto são essenciais.

3. Editor de Vídeo: Sugiro o CapCut, mas há vários editores gratuitos e bons disponíveis.

Dicas para filmagem

1. Iluminação: Filme durante o dia para garantir uma boa qualidade de imagem.

2. Estabilidade: Use um suporte para o celular para garantir uma filmagem estável.

3. Áudio: Use fones de ouvido ou outro celular para captar o áudio de forma clara.

Com essas ideias em mente, organize como deseja falar para o público e, com a câmera, registre o que há de mais bonito e interessante no seu projeto. Um bom roteiro e uma boa produção são essenciais para criar um vídeo que realmente encante e informe.


Por Carlos Lima - Professor e educomunicador 

terça-feira, 25 de junho de 2024

O que é preciso para criar uma agência de noticias estudantil


A comunidade escolar é um território de interações humanas, onde a comunicação atua como uma corrente, conectando estudantes, professores, escola e comunidade. Informações e conhecimentos fluem por essa corrente, mas, muitas vezes, ela parece frágil, como se fosse feita de papel. A comunicação é frágil devido à falta de diálogo entre os membros da comunidade escolar e à inadequação dos canais de comunicação. A falta de compreensão do público-alvo transforma a comunicação em um "telefone sem fio", onde a essência da informação se perde ou não atinge o público desejado.

Para superar esses desafios, precisamos criar correntes de comunicação fortes e resistentes, que todos compreendam e nas quais todos se sintam incluídos. A criação de uma agência de notícias estudantil é uma estratégia eficaz para construir uma relação mais efetiva e afetiva com a informação. Efetiva porque atinge o público-alvo e afetiva porque ressoa emocionalmente, estimulando reflexão.

A linguagem simples e acessível, desenvolvida com a participação dos estudantes na criação de conteúdos midiáticos, é essencial. Mesmo quando a escola produz conteúdos para diferentes públicos (famílias, professores, comunidade em geral), a agência de notícias estudantil pode garantir que esses conteúdos sejam filtrados e tratados pelos estudantes, aplicando linguagens contemporâneas e sofisticadas de comunicação, nas quais os jovens têm grande domínio.

Primeiros Passos para Criar uma Agência de Notícias Estudantil

1. Planejamento do Projeto: Encare a iniciativa como um projeto formal.

2. Formação do Grupo: Reúna um grupo de estudantes interessados em criar conteúdos que alinhem interesses dos estudantes e da comunidade.

3. Mediação e Coordenação: Convide um professor para mediar e coordenar o processo de criação dos conteúdos.

4. Validação da Proposta: Apresente a proposta ao Conselho Escolar para validação.


Estrutura e Recursos Necessários

- Mediação Qualitativa: Formação básica em educomunicação é essencial para compreender o funcionamento de uma agência de notícias.

- Educomunicação: Apropriar-se dos princípios da educomunicação e dos processos pedagógicos do projeto é vital.

- Grade de Programação: Organize uma programação que inclua práticas de formação dos participantes e produção de mídia pelos estudantes.

- Canais de Comunicação: Estabeleça um canal de comunicação acessível à comunidade, como redes sociais, blogs, jornais, YouTube ou TikTok.

- Recursos de Produção: Utilize ambientes apropriados e recursos como laboratórios de informática, câmeras, gravadores de áudio e celulares para facilitar a captação e produção de conteúdos.


Impacto do Projeto

A criação de uma agência de notícias estudantil impacta significativamente a comunicação entre a escola e a comunidade, estabelecendo um fluxo de informações que conecta todos os membros da comunidade escolar. Todos ficam informados e envolvidos.

Para mais informações, acesse o site do Núcleo de Educomunicação.

Por Carlos Lima - Professor e Educomunicador

Foto: Projeto Imprensa Jovem EMEF Josué de Castro

domingo, 23 de junho de 2024

A força das vozes dos estudantes nos eventos de Educação

Participei do Festival Led Educação um evento que premiou iniciativas em Educação desenvolvidas em várias partes do país. Trouxe diversas debates, palestras e organizações para o Museu do Amanhã um dos cartões postais do Rio de Janeiro.  Tive a oportunidade de participar como palestrante para falar sobre o Imprensa Jovem, programa educacional da cidade de São Paulo. 

O que me chamou mais  atenção foi ouvir as vozes dos jovens. Foi potente e encatadora quando ele  e elas de apresentaram no Espaço Ashoka que foi lotando a medida que os jovens de escolas públicas dos projetos Andar, Radio Escola (Rio), Agência de Notícias (Bahia) e Imprensa Jovem (São Paulo),  entoavam suas reflexões e questionamentos. Foi verdadeiramente uma partilha ao modo Bem Viver dos Maias 

Encantado com a experiência, fiquei me perguntando porque em congressos, seminários e rodas de conversas não podemos ter os jovens participando ativamente? Talvez deveriamos organizar festivais que abriguem a potência das suas vozes.  Há uma empatia genuína no que eles dizem e na forma como se expressam. Suas percepções são capazes de ampliar discussões e reflexões sobre qualquer tema.

Tereza Farias do MEC conversa com estudantes dos projetos de Agência de Notícias

Antes da nossa participação, crianças e adolescentes entrevistaram uma representante do MEC, com perguntas incríveis. Eles introduziam suas questões trazendo problemas do cotidiano, sugerindo soluções e fazendo questionamentos relevantes. Esses jovens eram parte de projetos de agências de notícias, como a Imprensa Jovem, vindos de diversas regiões do Brasil. 

Espaço Ashoka lotado enquanto meninas e meninas davam aula com  suas reflexões 

Se havia alguma dúvida sobre a competência dos estudantes em fazer demandas e participar de grandes discussões sobre educação, isso ficou claro. Eles demonstraram que as discussões mais importantes podem e devem passar pelo crivo das suas perspectivas. 

Estudante Pedro Borges do Imprensa Jovem e sua reflexão sobre Educação


Produzido por Carlos Lima - Professor e educomunicador 

Fotos: Arquivo pessoal  Carlos Lima

terça-feira, 18 de junho de 2024

Um presente ter minha história contada por jovens do Intercultural News

Durante nossas andanças e no compartilhamento de ideias para promover a Educomunicação, encontramos projetos incríveis e pessoas sensacionais que nos inspiram e encantam. Em uma experiência no Rio de Janeiro, conhecemos o Intercultural News, um projeto extraordinário de Educacão com Midias parecido com Imprensa Jovem. Esse projeto, liderado por adolescentes, criou um canal de comunicação dentro da escola para interagir com a comunidade escolar.

Tive a honra de ser entrevistado pelas talentosas estudantes Letícia Vieira e Sarah Sena, com a matéria redigida por Ana Lívia Brum. Elas foram diretas e precisas nas perguntas, permitindo-me falar sobre a importância do Imprensa Jovem para os estudantes de São Paulo. Além disso, a matéria incluiu uma entrevista com meu amigo e xará, Carlos Alberto, da SECOM da Presidência da República. Ele é um entusiasta  da participação dos jovens  repórteres no G20 e até lançou o K20, Kids 20 que identifica a participação de crianças e adolescentes no G20 por meio da Comunicação.

Convido para a leitura dessa matéria para conhecer a trajetória não apenas de um, mas de dois Carlos Alberto, ambos com histórias inspiradoras e marcantes.

https://www.interculturalnews.com.br/2024/06/imprensa-jovem-e-atuacao-dos-mais-novos.html?m=1

Por Carlos Lima: Professor e Educomunicador 




segunda-feira, 17 de junho de 2024

A importância de ensinar e educar o uso do celular nas escolas


O que você, seu filho ou filha, e seus parentes mais velhos usam no cotidiano: computador ou celular? É bem possível que a resposta seja celular. No dia a dia, quase tudo se realiza pelo celular. Mesmo em tarefas que costumavam ser mais confortáveis no computador, como escrever um texto, o celular encontrou soluções, como o uso de leitores de voz para enviar mensagens no WhatsApp.

Poucas pessoas possuem um computador, seja desktop ou notebook, mas quase todas as casas têm pelo menos um celular. Adquirir um computador com performance básica pode custar o equivalente a um celular sofisticado, que oferece bons recursos para aplicativos, câmera, acesso à internet, além de ser fácil de transportar e usar em situações de lazer, trabalho e estudo.

Quando pensamos em estudo, o cenário pode e deve incluir o celular. Recentemente, conversei com uma professora de uma escola de educação de jovens e adultos sobre o que os estudantes realizam no laboratório cheio de computadores. Ela me disse: "Aqui, os estudantes fazem pesquisas e escrevem no Word". Então, perguntei se poderíamos oferecer uma aula sobre o uso de aplicativos de celular para criar programas de rádio com histórias de vida dos próprios alunos. A resposta foi surpreendente: "Como, professor? Não usamos celulares no laboratório, só computadores".

Isso me fez refletir sobre por que os adultos não poderiam usar as aulas de informática para aprender tecnologias mais coerentes com seu uso cotidiano. Afinal, todos têm celular, mas muitos não sabem utilizar diversos recursos que poderiam incluí-los socialmente e proporcionar autonomia na resolução de problemas do dia a dia.

Propus à professora espelhar meu celular para ensinar os estudantes a usar um aplicativo simples para criar programas de rádio. Primeiro, ensinaria a usar o WhatsApp para gravações e, depois, o aplicativo Podcaster para elaborar um programa mais sofisticado. Para isso, utilizaria um app chamado Screencast para explicar as funções necessárias para produzir seus programas no próprio celular. Em seguida, os estudantes poderiam socializar suas produções em grupos do WhatsApp.

A riqueza dessa atividade está na possibilidade de os estudantes alcançarem sucesso a partir de seu próprio conhecimento de mundo. Quando ensinamos tecnologia ou qualquer outro assunto, precisamos ter empatia, escutar e entender quem são as pessoas que estamos atendendo nas escolas. Tornar a aprendizagem complicada afasta as pessoas do aprendizado.

Essa experiência, apesar de descrita no contexto de educação de adultos, pode ser igualmente eficaz para crianças e adolescentes. Ensinar o uso do celular de forma educativa pode prepará-los melhor para o futuro, oferecendo ferramentas que utilizam diariamente de forma mais consciente e produtiva.

Em resumo, incluir o ensino do uso do celular nas escolas pode transformar a forma como vemos a educação tecnológica, tornando-a mais acessível e relevante para todos os alunos.

Por Carlos Lima - Professor e educomunicador


Imagem: Imagem de freepik

domingo, 16 de junho de 2024

Celular e Educação : o que está errado nesta relação


A vida moderna nos trouxe soluções e desafios. As novas tecnologias estão cada vez mais integradas ao nosso cotidiano, ocupando um espaço significativo em nossas vidas. O celular, que antes era apenas um aparelho de comunicação, hoje é quase uma extensão do corpo humano, ajudando a resolver inúmeros problemas e situações diárias. Deixar de usar o celular atualmente significa enfrentar dificuldades no acesso a serviços e soluções que facilitam o dia a dia.

Por outro lado, o "mundo" conectado pelo celular pode gerar desconforto nas relações humanas. Na verdade, o celular é apenas a chave para um quarto cheio de surpresas e ambientes desconhecidos. Ao abrir essa porta, temos acesso à internet, um vasto mar de entretenimento, informações, serviços, conhecimentos, aplicativos, conteúdos diversos, pessoas e redes sociais.

Esse "quarto" é como um mar, e por isso, costumávamos chamar a internet de lugar de navegação. Como no mar, podemos chegar a lugares seguros, mas também podemos nos perder e, no pior dos casos, ser engolidos por uma tempestade ou desvio de rota que nos leva a lugares perigosos. Por isso, o termo "navegação segura" é tão importante atualmente.

Navegar de forma segura é conhecer o território, desconfiar dos perigos, rumar para o lugar certo e ter certeza de que a navegação trará benefícios. A educação para a leitura crítica tem sido uma ferramenta crucial para garantir um acesso seguro nesse mar de oportunidades que é a internet. Você não pega um carro e sai dirigindo sem preparo; primeiro você aprende a usá-lo corretamente e a seguir as regras de trânsito. Da mesma forma, devemos educar para o uso correto do celular e da internet.

Dado o impacto social dos celulares, a escola tem a responsabilidade de iniciar o processo de uso educativo da internet por meio dos celulares. Sabemos os problemas causados pelo uso irresponsável dos celulares nas escolas, como o cyberbullying, memes que prejudicam a vida de crianças, adolescentes e até professores, e a promoção de campanhas de desinformação.

Mas será que a solução é banir o uso do celular nas escolas? Ou seria mais eficaz que a educação mediase o uso responsável e produtivo?

O programa Imprensa Jovem, reconhecido pela Unesco como uma proposta de Alfabetização Midiática Informacional, visa formar estudantes críticos e oportunizar a expressão criativa e comunicativa através das mídias e suas tecnologias, incluindo as utilizadas pelos estudantes. Como um programa de Educomunicação, que educa pela, com e para a comunicação a partir dos usos e referenciais sociais dos estudantes, faz sentido incluir nos processos educacionais o celular, as redes sociais e outras inovações tecnológicas. É comum que nas atividades jornalísticas, de pesquisa e de produção de mídia, os estudantes usem diversas aplicações dos celulares.

Se o processo educativo acolhe as inovações que chegam em alta velocidade na sociedade, como devemos encarar o desconforto no ambiente educacional? Trazendo para os professores possibilidades metodológicas, estratégias, técnicas e conhecimentos de linguagens de comunicação que possam ser usadas para aproximar estudantes e professores no desenvolvimento do conhecimento.

O processo começa com a formação continuada de professores, pois o preconceito existe quando não conhecemos. Viabilizar o acesso ao "mundo" de possibilidades das novas tecnologias pela Educomunicação pode tirar a escola da sua zona de conforto. É claro que a escola precisa apoiar essa ideia. Utilizar o Projeto Político Pedagógico da unidade escolar para integrar processos educomunicativos pode ser uma porta para um diálogo entre as culturas trazidas pelos estudantes e o currículo escolar.

Vislumbrar também aulas que incorporem a pedagogia de projetos pode ser um caminho para o uso qualificado dos recursos dos celulares. Por exemplo, é possível desenvolver ações de intervenção social com os alunos, criando vídeos curtos com o propósito de conscientizar o uso responsável das redes sociais na comunidade escolar. Esta é apenas uma das muitas oportunidades.

A relação entre celular e educação pode ser mais respeitosa e coerente com as necessidades reais de uma educação de qualidade, conforme previsto no ODS 4 da UNESCO.

Por Carlos Lima: Professor, especialista em Educomunicação


Imagem de Freepik

Educomunicação, Educação Midiática e BNCC

 

No quarto episódio do Papo de Aprendiz, projeto liderado por Alberto Cunha do Espaço Aprendiz de Belo Horizonte tive a oportunidade  de compartilhar uma conversa inspiradora. Durante nosso bate-papo, exploramos tópicos essenciais para a educação contemporânea. Conversamos sobre estratégias para capacitar estudantes na luta contra as fake news e na promoção de uma cultura de paz nas escolas. Além disso, discutimos as ferramentas e técnicas que podem ser utilizadas para transformar os alunos em consumidores críticos e produtores responsáveis de conteúdo.

Imagem : Espaço Aprendiz 

Acesse Espaço Aprendiz

domingo, 9 de junho de 2024

A educomunicação socioambiental na Rede Municipal de Educação de São Paulo: histórico e análise a partir das perspectivas socioambiental, territorial e democrática


A interface entre educomunicação e educação ambiental crítica está presente na Rede Municipal de Educação de São Paulo (RME-SP) desde 2008. Este artigo apresenta o histórico das ações de educomunicação socioambiental na maior rede pública do Brasil e analisa essas experiências a partir de três perspectivas: a socioambiental em si (cruzamento entre direitos humanos e as questões ditas ecológicas), a territorial (a partir da ideia de aterramento e de trabalho em rede) e a democrática (potencialização da gestão participativa). Também são apresentados dados inéditos das práticas de comunicação de 746 escolas municipais paulistanas que participaram de um mapeamento realizado em 2021. Em seu conjunto, todos esses dados e reflexões revelam como as unidades educacionais da RME-SP vêm se constituindo em lócus estratégico de articulação entre o global e o local.

Acesse o artigo na integra clique aqui clique aquilique aqui

Autores 

Thaís Brianezi, Professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) Professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE).

Carlos Lima, Coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo Professor da Rede Municipal de Educação de São Paulo (RME-SP), criador do projeto Imprensa Jovem e coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação (SME).

Ednéia Oliveira, Consultora da Unesco Brasil Consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (Unesco Brasil).

Carmen Gattás, Pós-doutoranda no Programa Educação Ambiental no Instituto de Biocências (IB/USP) Pós-doutoranda no Programa Educação Ambiental no Instituto de Biocências da Universidade de São Paulo (IB/USP) e pesquisadora do projeto Biota/FAPESP.


Imagem : Imagem de Freepik

sábado, 8 de junho de 2024

AI: Aí, Ai, Aí! E Quando Chegar à Educação?

 

O mundo avança rapidamente, especialmente na integração de tecnologias ao cotidiano. A palavra "tecnologia" deriva do grego tekhné (arte, indústria, habilidade) e logos (argumento, razão), representando o conjunto de conhecimentos e habilidades específicas. Simplificando, podemos entendê-la como uma forma de facilitar a vida.

No passado, lidar com tecnologia digital exigia uma orientação extensiva. Hoje, tornou-se tão intuitivo que basta dizer o que se deseja, fornecer comandos ou fazer uma pergunta, e tudo se desdobra diante de nós. Essa acessibilidade está tornando as pessoas mais confortáveis com a tecnologia, permitindo resolver problemas complexos com alguns cliques. Pedir para uma máquina criar um texto completo com base em poucos parâmetros é um exemplo claro dessa mudança de paradigma, que causa desconforto entre educadores, como visto com a plataforma ChatGPT.

Há pouco tempo, a principal preocupação era o "copiar e colar" de informações para trabalhos escolares, obtidas diretamente da Wikipedia ou de uma rápida pesquisa no Google. A inteligência artificial já estava presente desde então, aprendendo a resolver problemas com base nos parâmetros fornecidos pelos usuários da internet e criando soluções mais fáceis para a vida cotidiana.

Lembro-me de uma aula de Filosofia no curso de Comunicação Social, onde o professor nos disse que "o problema é a solução". Acredito que os desafios motivam as pessoas a saírem da zona de conforto, incentivando a investigação e a compreensão. A inteligência artificial está trazendo inovações espetaculares, e embora nem todas sejam encantadoras ou devam ser aceitas sem questionamento, é essencial observar criticamente e mediar sua integração na prática pedagógica.

No entanto, ainda há muito preconceito em relação à inteligência artificial, e esse preconceito só pode ser superado com formação adequada. Infelizmente, a gestão pública frequentemente falha em reconhecer a necessidade de estratégias para capacitar os professores a compreender esse novo mundo, com o qual as gerações mais jovens já estão familiarizadas. Ao invés disso, há uma tendência em restringir o uso de recursos que possam introduzir uma cultura escolar diferente da tradicional.

Refletindo sobre a origem da palavra "escola", que vem do grego scholé e significa "lugar do ócio", originalmente, esses eram locais para pensar e refletir. Hoje, a escola se transformou em uma máquina de consumo de conhecimento, muitas vezes sem espaço para que os alunos tenham tempo livre para pensar e refletir. Esta abordagem reducionista é evidenciada até na terminologia, ao chamarmos os estudantes de "alunos", do latim alumnus, que significa "sem luz".

Então, onde fica toda a bagagem que os alunos trazem para a escola? A geração atual traz consigo a inteligência artificial. A educação deve reconhecer que a sociedade ao redor da escola está imersa em exemplos de IA, seja nas relações interpessoais, principalmente nas mídias sociais, ou nos serviços diários, como automação de pedidos em restaurantes ou entregas de comida.

Devemos nos preocupar com o impacto da IA no mercado de trabalho, substituindo ocupações repetitivas. Muitas escolas relutam em abordar essa questão, temendo discutir empreendedorismo ou o mercado de trabalho, alegando que não faz parte do escopo educacional. Contudo, é crucial reconhecer que o trabalho é onde a influência da IA é mais evidente, e adiar essa discussão não beneficia os estudantes.

Conversando com colegas educadores, refletimos sobre como a formação dos estudantes nunca poderá prepará-los completamente para profissões em constante transformação, devido ao desenvolvimento dos processos produtivos e, agora, à influência da inteligência artificial. A escola oferece módulos formativos que só os prepararão para o mundo do trabalho em cerca de 20 anos, um tempo demasiadamente longo considerando a velocidade das mudanças.

A IA tem o potencial de acumular o conhecimento e o pensamento humano ao longo dos anos, adaptando-se às necessidades das pessoas. Em um futuro próximo, podemos ter humanoides realizando uma variedade de tarefas humanas, e é crucial que estejamos preparados para essa convivência inevitável. A escola deve ser o local onde a reflexão é fomentada, não apenas em relação aos indivíduos que a frequentam, mas também à comunidade ao seu redor e ao mundo que influencia tudo isso.


Por Carlos Alberto Mendes de Lima - Professor, radialista e Educomunicador

Imagem :Image by freepik




quarta-feira, 5 de junho de 2024

O diálogo entre professor e estudante é essencial no processo educomunicativo

Carlos Lima, coordenador de educomunicação da Prefeitura de São Paulo, fala sobre o poder de transformação de projetos como o Imprensa Jovem

Em 2005, criou o Imprensa Jovem – projeto que estimula cerca de 200 estudantes do Ensino Infantil e Fundamental da capital paulista a conduzirem diversas atividades de produção jornalística, incluindo canais de comunicação entre a escola e a comunidade –, pelo qual ganhou vários prêmios. Em 2008, faturou o Mariazinha Fusari de Educomunicação; em 2019, levou o Aprendizagem Criativa do MIT; e, em 2020, o projeto foi um dos vencedores do Prêmio Aliança para Mídia e Informação, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Durante estes 25 anos, já teve contato com centenas de estudantes e destaca a importância de estabelecer um diálogo franco, aberto e simples com eles. “A escola precisa entender o seu aluno para que facilite na hora de construir a informação que precisa ser passada a ele. A escuta é muito importante”, conta.

Confira entrevista exclusiva do educomunicador no site da Revista Qualé 


Leia a entrevista




Imagem: Acervo pessoal de Carlos Lima durante a apresentação do programa Jovem Repórter no Rio de Janeiro

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Sugestão de pauta : Curso de Rádio para criança



Proposta de Formação de Rádio para Crianças. 

Essa formação visa proporcionar uma experiência rica e prática no mundo do rádio, permitindo que as crianças desenvolvam habilidades de comunicação e tecnologia, além de se divertirem e trabalharem em equipe.

Público-Alvo: 25 crianças entre 10 e 12 anos  

Duração: 2 bimestres (16 semanas)  

Frequência: 1 aula semanal de 1h30min

Objetivos Gerais:

1. Introduzir as crianças ao mundo do rádio, desde sua história até as tecnologias modernas.

2. Desenvolver habilidades de comunicação, escrita criativa, edição de áudio e publicação de conteúdo digital.

3. Promover trabalho em equipe, criatividade e pensamento crítico.

Estrutura do Curso


1º Bimestre

Semana 1-2: História do Rádio

Conteúdo:

- Origem e evolução do rádio.

- Principais marcos históricos e inventores.

Atividades Práticas:

- Pesquisa sobre um inventor ou momento histórico importante e apresentação em grupo.

- Criação de uma linha do tempo ilustrada da história do rádio.

Semana 3-4: Linguagem do Rádio

Conteúdo:

- Características e tipos de programas de rádio.

- Técnicas de locução e entonação.

Atividades Práticas:

- Exercícios de leitura de diferentes tipos de textos (notícias, comerciais, histórias).

- Gravação de pequenos trechos de áudio para praticar entonação e dicção.


Semana 5-6: Roteiro de Rádio

Conteúdo:

- Estrutura de um roteiro de programa de rádio.

- Técnicas de escrita para rádio.

Atividades Práticas:

- Escrever um roteiro curto para um programa de rádio fictício.

- Divisão de papéis e leitura dramatizada do roteiro.


 Semana 7-8: Revisão e Projeto Intermediário

Conteúdo:

- Revisão dos conteúdos abordados nas semanas anteriores.

- Planejamento de um pequeno projeto de rádio.

Atividades Práticas:

- Desenvolvimento e gravação de um programa de rádio de 5 minutos em grupos, com base nos roteiros criados.

- Apresentação dos programas para a turma.


2º Bimestre

Semana 9-10: Edição Básica com Audacity

Conteúdo:

- Introdução ao software Audacity.

- Ferramentas básicas de edição de áudio.

Atividades Práticas:

- Edição de uma gravação simples: cortar, mover e ajustar o volume.

- Adição de efeitos básicos como fade in e fade out.


Semana 11-12: Publicação em Formato Podcast

Conteúdo:

- O que é um podcast e suas diferenças para o rádio tradicional.

- Plataformas de publicação de podcasts.

Atividades Práticas:

- Criação de uma conta em uma plataforma gratuita de podcast.

- Publicação de um áudio editado nas semanas anteriores como episódio piloto.


Semana 13-14: Desenvolvimento do Projeto Final

Conteúdo:

- Planejamento e estruturação de um programa completo de rádio/podcast.

- Revisão e aprimoramento dos roteiros.

Atividades Práticas:

- Trabalho em grupos para criar um programa de rádio de 10-15 minutos.

- Roteirização e preparação dos conteúdos.


Semana 15-16: Gravação e Publicação do Projeto Final

Conteúdo:

- Finalização das gravações e edições dos programas.

- Publicação e apresentação dos programas finais.

Atividades Práticas:

- Gravação dos programas finais.

- Edição e publicação dos programas em formato de podcast.

- Apresentação final dos projetos para a turma e possivelmente para os pais.

Recursos Necessários

- Sala de aula equipada com computadores e internet.

- Microfones e fones de ouvido.

- Software Audacity instalado nos computadores.

- Acesso a plataformas de publicação de podcasts.

Avaliação

- Participação e empenho nas atividades práticas.

- Qualidade dos roteiros e gravações.

- Apresentação dos projetos intermediários e finais.


Idéia : Helô Ribeiro - EMEF Raimundo Correia

Consultoria e domador do ChatGPT:  Carlos Lima 

Criação: ChatGPT

Podcast: Como conectar secretaria, escola e aluno? As visões complementares da educação


Neste episódio exploramos a relação entre escolas e secretarias de educação com a presença de 3 convidados: Carlos Lima, que é Coordenador do Núcleo de Educomunicação da prefeitura de SP Maurício Virgulino Silva, formador de professores na Secretaria Municipal de Educação em SP e consultor UNESCO pela mesma secretaria Adelaide Diniz, superintendente de Gestão do Ensino e 
Desenvolvimento da Aprendizagem da Seduc do Maranhão Juntos, abordamos temas cruciais como: a função e responsabilidade das equipes das secretarias de educação, as diferenças de visão entre profissionais dentro da escola e aqueles na secretaria, e os benefícios e desafios dessas divergências. Nosso foco esteve nas práticas diárias dos educadores e gestores, sem perder o alvo de todo esse trabalho: o aluno! 

 
Produzido pelo podcast Somos CuriosSomos Curios
Imagem de DC Studio no Freepik

domingo, 2 de junho de 2024

Educomunicação: como aproximar escola e comunidade com a criação de uma agência de notícias de estudantes

De um projeto de radioescola, com escuta atenta do estudante, criou-se uma agência de notícias de crianças e adolescentes

Com o avanço da internet, os meios de comunicação tradicionais começaram a mudar. Saímos de uma realidade de consumo midiático de 1 canal, com imposição de um conteúdo em grades e horários fixos de programação, para o modelo de muitos produtores independentes que produzem para muitos seguidores.

Notícias jornalísticas com texto e imagem passaram a fazer parte de sites de programas de rádio. Em algumas emissoras, eles também ganharam a possibilidade de serem assistidos ao vivo em vídeo. Então, já era de se esperar que os projetos de mídia na escola também adotassem essa tendência.

As radioescolas começaram a ter blogs e redes sociais. Com esses espaços, a expressão dos estudantes ganhava mais terreno para prosperar e se consolidar como um território de interação deles com os seus seguidores.

Com as escolas acessando internet banda larga, crianças e adolescentes passaram a ter experiências de observação do mundo navegando pela web. Interessados em produzir conteúdos em diversos formatos, os estudantes  viram seus interesses  se integrando aos conteúdos que eles próprios poderiam produzir. A radioescola, que antes era um espaço de entretenimento nos intervalos, poderia ganhar relevância na comunidade com informações, notícias e prestação de serviço.

Foi então que em 2005, numa reunião de pauta da radioescola,  um  estudante da  EMEF Pedro Teixeira disse: “Professor, podemos chamar os tiozinhos da noite para participar da Rádio?”. A pergunta se referia aos estudantes da EJA (Educação de Jovens e Adultos) que aguardavam para entrar na aula.

Quando questionamos o motivo do convite, o menino disse:  “É que os tiozinhos da noite sabem contar o que acontece na comunidade”. Então, concordamos com a ideia e passamos a viabilizar a produção de programas de rádio entre estudantes adolescentes e adultos que estudavam na escola no período noturno. A experiência gerou o embrião de uma agência de notícias, que foi batizada meses depois de Imprensa Jovem.

Um espaço de expressão na escola

A Imprensa Jovem integrou novas tecnologias na escola, e a experiência de produção de conteúdos jornalísticos pelos estudantes ampliou possibilidades. Laboratórios de informática de toda a cidade passaram a ser ocupados com processos de educação para alfabetização midiática. As agências de notícias passam a ser, ao mesmo tempo, espaço de expressão dos estudantes pelas mídias e também de formação para leitores críticos da mídia.

O Imprensa Jovem se definiu a partir do diálogo de um grupo de crianças da EMEF Tarsila do Amaral, que conceituou:

A Imprensa Jovem é um espaço de expressão. Somos uma rede e estamos em sintonia. Tudo o que acontece vira notícia. Contamos os fatos e acontecimentos pelos nossos pontos de vista. Registramos, editamos, publicamos e compartilhamos. Somos alunos e alunas que produzem notícias.

Dessa forma, como os próprios estudantes definiram, o projeto Agência de Notícias Imprensa Jovem tem como proposta educativa formar estudantes questionadores.  É a capacidade de criação de perguntas que torna  este projeto  uma ferramenta para promoção de aprendizagens.  Quem pergunta, investiga o assunto e, com as respostas, tem um grande potencial de formar pessoas.

As diversas possibilidades de promover competências em um agência de notícias estudantil

O Imprensa Jovem promove a experiência de colaboração entre os estudantes, o protagonismo, a expressão da comunicação, o exercício da criatividade, o uso das tecnologias, a liberdade responsável da expressão, a inclusão, a autonomia, a produção multimídia em diversas linguagens, o desenvolvimento de projetos de intervenção social na comunidade pelos estudantes, a alfabetização midiática e a leitura crítica da mídias.

Mas como iniciar um projeto na escola?

As atividades do Imprensa Jovem são voltadas para  a construção de notícias, reportagens e entrevistas.  Para o desenvolvimento do projeto é  necessário contar com o apoio de um professor medidor, ter um grupo de estudantes e reservar uma carga horária de 1 a 4 horas semanais.

Os recursos necessários para isso podem variar, incluindo equipamentos de uso comum dos estudantes, dispositivos móveis, tripé para celular, headphone, microfone e aplicativos, como por exemplo editores de vídeo e áudio (Filmora Go, Lexis, Anchor, Simple Telemprompter, entre outros). Isso pode ser produzido em um laboratório de informática educativa ou até mesmo em um espaço definido pela escola.

No nosso site, disponibilizamos algumas informações para apoiar educadores que desejam começar um trabalho como esse na sua escola e comunidade.

Por Carlos Lima - Professor, educomunicador, radialista

 Matéria publicada no Blog Faber Castell Blog Faber Castell

Imprensa Mirim: Educação Midiática na 1a infância

O projeto Imprensa Mirim destaca-se como uma agência de expressão e comunicação infantil, inaugurando o processo de alfabetização midiática desde a infância. Sua abordagem, que envolve explorar, criar, interagir, questionar e expressar pensamentos, contribui significativamente para a formação humana. No âmbito educativo, a participação proporciona uma compreensão ampliada da mídia, promovendo seu uso saudável e responsável, apesar das preocupações com o uso excessivo de telas.

Ao incorporar o lúdico no uso das linguagens de comunicação desde a infância, o projeto busca identificar os desejos das crianças, intervindo pedagogicamente para construir uma consciência crítica. A diversidade cultural e a experiência de vida do público infantil são respeitadas ao integrar projetos de Mídias na Educação Infantil. A concepção e execução do Imprensa Mirim emerge como um caminho promissor para criar uma atmosfera pedagógica encantadora, adaptada às potencialidades individuais das crianças.

O projeto oferece diversas experiências aos participantes, permitindo que cada criança assuma papéis como repórter, fotógrafo, videomaker ou apresentador, promovendo inclusão e compartilhamento de experiências na agência Mirim. Ao recordar as brincadeiras da infância, nota-se como a expressão criativa e comunicativa se manifesta a partir do espelhamento das atitudes dos mais velhos. O Imprensa Mirim, como projeto educomunicativo, enfatiza a autonomia das crianças, encorajando-as a decidir, trazer suas pautas e questionar assuntos de interesse, promovendo relações amistosas e coletivas.

Ao explorar tecnologias digitais e low-techs, as crianças inventam, perguntam e se permitem errar, enriquecendo a experiência educativa. A produção de mídia pelas crianças não apenas desenha ideias e insights, mas também traz inovações, destacando a importância do rádio, vídeo e fotografia na integração desses projetos.

As produções realizadas pelos participantes, semelhantes ao Imprensa Jovem, incluem entrevistas, captação de imagens e vídeos, construindo reportagens em eventos da cidade, na unidade educacional, na comunidade e no bairro. A variedade de ferramentas, desde máquinas fotográficas até celulares, é utilizada com orientação e discussão nas rodas de conversa conduzidas pelas professoras. A veiculação nos canais de mídias sociais, podcast e YouTube do projeto fortalece a credibilidade das produções infantis, que se destacam por serem sinceras, envolventes e carinhosas.

A participação das crianças no Imprensa Mirim potencializa sua autoestima, gerando alegria, despertando interesse pela escola e cultivando um clima de amizade, colaboração e autonomia no ambiente educativo. Este projeto, ao incentivar a expressão autêntica das crianças, destaca-se como uma valiosa ferramenta na formação integral dos futuros cidadãos.

Por Carlos Lima - Professor, educomunicador e radialista

Imagem : Onézio Cruz

Minha paixão pelo Rádio começou no AM

 


O fascínio pelo rádio de ondas AM despertou em mim uma conexão única que, a partir de 1º de janeiro de 2024, se despede do território brasileiro. Operando em Amplitude Modulada, esses programas eram capazes de alcançar distâncias inimagináveis, atravessando fronteiras e internacionais. A busca meticulosa no dial, sintonizando desde partidas de futebol até programas de revista radiofônica, proporcionava a sensação de viajar pelas ondas eletromagnéticas do Rádio. 

Aquele sutil chiado entre as estações era como uma breve tempestade que cessava ao encontrarmos a frequência desejada.

Uma sintonia fina como chamávamos. No rádio AM, tínhamos mais do que entretenimento e informação: tínhamos conversas ao pé do ouvido. Quando os rádios portáteis se tornaram moda, ganhamos o poder de escolha sobre o que ouvir  o quiser e quando quiser. Afinal de contas,  dentro de casa, o rádio era monopolizado pela mamãe para programas variedades e nos finas semana pelo papai que adorava ouvir as narrações memoráveis de Osmar Santos nos jogos do Santos de Pita, Juari e companhia. Quando tinhamos a oportunidade de usar o radinho de pilha era como ter O rádio de pilha era nossa janela para o mundo. 

Programas como o do cronista policial Gil Gomes transformavam tragédias em contos fantásticos. Suas frases marcantes ecoavam diariamente: 'Bom dia! Olha a água, acorda! Que saudade de você.' Desde os dias de escola, quando precisava acordar cedo, até meu primeiro emprego como office-boy, despertava ao som do rádio-relógio no programa do Zé Betio. 'Olha Água!' - e um galo cantador parecia zunir em meus ouvidos. Mas o lado bom de acordar cedo era encontrar a mamãe já preparando o café Seleto, cujo aroma era uma verdadeira delícia.

O rádio é pura emoção. Nada mexia tanto com minha sensibilidade quanto as histórias do quadro 'Que Saudade de Você', com Eli Correia nos transportando para dentro das histórias. Era o momento de dividir escuta do rádio com a mamãe, e nada nos distraía. O rádio AM foi, sem dúvida, a invenção tecnológica que mais conectou as pessoas. Desde os rádios de sala como *"caixão de europa", como pai chamava, até os portáteis, rádio-relógio e aparelhos nos carros com toca-fitas, nossa geração, conhecida como **Milenius ou cinquentões, teve a sorte de crescer e vivenciar experiências através das ondas do AM e do FM, nossa opção musical. 

Hoje, embora o rádio não tenha sucumbido como muitos previram, ele se reinventou no formato de podcasts, perdendo, a partir de hoje, sua essência de companheiro próximo, transformando-se em mais uma fonte de entretenimento.  

Por Carlos Lima - Radialista, professor, educomunicador

Uso responsável do celular nas aulas: Perspectiva da BNCC e do Relatório UNESCO


O uso de tecnologias digitais, incluindo celulares, nas salas de aula é um tema amplamente debatido no contexto educacional contemporâneo. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os relatórios da UNESCO fornecem diretrizes e recomendações que ressaltam a importância de uma abordagem equilibrada e responsável para a integração dessas tecnologias no ambiente escolar.

Perspectiva da BNCC

A BNCC, documento que orienta os currículos da educação básica no Brasil, enfatiza a necessidade de desenvolver competências digitais entre os estudantes. O documento reconhece que a habilidade de utilizar tecnologias de informação e comunicação é essencial no mundo moderno. Nesse contexto, a BNCC propõe que os educadores incorporem o uso de dispositivos móveis, como celulares, de maneira planejada e significativa, visando potencializar o aprendizado.

Entre as competências gerais da BNCC, destaca-se a Competência 5, que sugere o uso das tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo o processo de aprendizagem. Isso implica em ensinar os alunos não apenas a utilizar as tecnologias, mas a fazer isso de maneira responsável, ciente dos impactos de seu uso.

Relatório da UNESCO

A UNESCO, por sua vez, também oferece orientações sobre a integração de tecnologias digitais na educação. Em seu relatório "Education for All: Global Monitoring Report", a organização sublinha a importância de promover a alfabetização digital e o uso responsável das tecnologias desde a educação básica. A UNESCO destaca que a tecnologia pode ser uma poderosa aliada para a inclusão e a equidade educacional, desde que utilizada de maneira responsável e consciente.

O relatório ressalta a necessidade de políticas que orientem o uso de dispositivos móveis nas escolas, evitando distrações e promovendo um ambiente de aprendizagem produtivo. A UNESCO sugere que as escolas e os professores estabeleçam regras claras e consistentes sobre quando e como os celulares podem ser usados em sala de aula, garantindo que sua utilização esteja sempre atrelada aos objetivos educacionais.

Alinhando as Perspectivas

Tanto a BNCC quanto a UNESCO convergem na ideia de que o uso do celular em sala de aula deve ser guiado por princípios de responsabilidade e ética. A integração dessas tecnologias deve estar alinhada com os objetivos pedagógicos, contribuindo para o desenvolvimento integral dos alunos.

Para implementar essas diretrizes, é essencial que as escolas desenvolvam políticas claras sobre o uso de celulares. Essas políticas devem incluir:

1. Objetivos Claros: Definir claramente os propósitos educacionais para o uso dos celulares, como pesquisas, acesso a recursos educacionais online, e desenvolvimento de competências digitais.

 2. Regras de Uso: Estabelecer regras sobre quando e como os celulares podem ser utilizados, evitando distrações e garantindo que seu uso seja sempre produtivo.

3. Formação de Professores: Oferecer capacitação para os professores sobre como integrar de forma eficaz e responsável as tecnologias digitais em suas práticas pedagógicas.

4. Educação Digital para Alunos: Ensinar os alunos sobre o uso ético e seguro das tecnologias, abordando questões como privacidade, segurança online, e cidadania digital.

5. Apoio e Supervisão: Garantir que haja um sistema de apoio e supervisão para monitorar o uso dos celulares, oferecendo suporte tanto para alunos quanto para professores.

Ao alinhar as diretrizes da BNCC com as recomendações da UNESCO, é possível promover um ambiente educacional que aproveite o potencial dos celulares e outras tecnologias digitais de maneira responsável e eficaz, preparando os alunos para os desafios do século XXI.

Por Carlos Lima - Radialista, professor, educomunicador

Educomunicação - Construindo uma Escola de Paz e Convivência Harmoniosa



A violência nas escolas é uma questão cada vez mais preocupante, afetando profundamente a vida de milhares de estudantes e a estrutura educacional. Em resposta a esse cenário desafiador, é essencial buscar soluções que promovam um ambiente escolar seguro, pacífico e acolhedor. A Educomunicação surge como uma abordagem inovadora e poderosa para combater a violência e melhorar o convívio escolar. Incorporando a cultura do Bem Viver dos Maias, essa proposta é enriquecida com valores de harmonia, solidariedade e justiça social.

Episódios recentes de violência nas escolas abalaram a confiança dos estudantes, suas famílias e a comunidade escolar. Agressões físicas e verbais, bullying, discriminação e até casos extremos de violência armada destacam a urgência de uma resposta eficaz. Precisamos agir com determinação para reverter essa situação e oferecer aos jovens um ambiente que favoreça o pleno desenvolvimento de suas potencialidades.

A Educomunicação oferece um caminho promissor para essa transformação. Nessa abordagem, os estudantes são incentivados a se tornarem protagonistas na construção de uma escola mais pacífica e inclusiva. Combinando educação e comunicação, a Educomunicação permite que os jovens expressem suas ideias, compartilhem experiências e se engajem em ações coletivas voltadas para o bem-estar de todos.

Incorporar a cultura do Bem Viver dos Maias amplia as possibilidades e valores que podem guiar nosso caminho rumo à paz escolar. O conceito ancestral do Bem Viver enfatiza a harmonia entre os seres humanos e a natureza, a coletividade, a solidariedade e a justiça social. É um convite à reflexão sobre nossa interdependência e a busca por um equilíbrio entre o progresso humano e o respeito ao meio ambiente.

Vivenciando o Bem Viver através da Educomunicação, construímos uma escola fundamentada no diálogo, respeito e empatia. Essa abordagem ensina os estudantes a se comunicarem de forma assertiva, a ouvirem e valorizarem diferentes perspectivas, desenvolvendo habilidades essenciais para relacionamentos saudáveis. Eles se tornam agentes de transformação, capazes de resolver conflitos pacificamente e promover a paz dentro e fora das salas de aula.

Além disso, a Educomunicação baseada no Bem Viver valoriza a diversidade cultural. Cada estudante é incentivado a expressar sua identidade e vivências, contribuindo para uma comunidade escolar inclusiva e respeitosa. O diálogo intercultural nos permite compreender o mundo dos estudantes, enriquecendo nosso ambiente escolar com múltiplas vozes e experiências.

Por Carlos Lima - Radialista, professor, educomunicador

Educomunicação: Dominando o ChatGPT na Educação


Antes da pandemia, falávamos sobre a sociedade da comunicação. Nos dois anos seguintes, a automação de serviços e a virtualização da comunicação humana se aceleraram significativamente. As aulas remotas, apesar dos desafios, impulsionaram o aumento no tráfego de dados, permitindo que muitas empresas desenvolvessem ferramentas de Inteligência Artificial para facilitar atividades humanas.

A popularização de aplicativos para pedidos de alimentos e compras online agradou a muitos. No entanto, plataformas educacionais começaram a preocupar os professores. Recentemente, o ChatGPT tem causado tensão, pois suas facilidades podem comprometer o processo de ensino-aprendizagem nas aulas e nas tarefas extracurriculares.

Antes da pandemia, o uso do celular era visto como um vilão nas escolas. Durante a pandemia, tornou-se a ferramenta de conexão essencial para muitos estudantes. Com boa mediação, o celular já era um recurso eficiente para a produção de conhecimento. O Programa Imprensa Jovem Agência de Notícias na Escola é um exemplo de projeto que potencializou as aprendizagens dos estudantes com recursos móveis como smartphones, permitindo que os alunos usassem suas habilidades para produzir conteúdos.

Então, como a tecnologia pode ser domada pelo processo educomunicativo, incluindo o uso do ChatGPT? Na Educomunicação, a produção de conhecimento ocorre através do trabalho colaborativo e do uso criativo das tecnologias, dominando os recursos digitais, e não o contrário.

Partindo da proposta "Como desenvolver práticas de Educomunicação nas aulas", apresentamos algumas ideias que podem ampliar o trabalho humano de produção de conhecimento, seguindo uma lógica de pedagogia de projetos:

1. Comunicação dialógica, colaboração e autonomia: A Educomunicação promove uma aula baseada no diálogo, na colaboração e na autonomia dos estudantes.

2. Criatividade e uso de tecnologias: Utiliza-se de tecnologias de forma criativa, garantindo protagonismo e participação ativa dos alunos.

3. Leitura crítica da mídia: Desenvolve-se a capacidade dos estudantes de fazer uma leitura crítica dos conteúdos midiáticos.

4. Diversidade de formatos e linguagens: Adota-se diversos formatos e linguagens midiáticas para produção de conteúdos.

5. Gestão de aula participativa: Promove-se a gestão da aula através da escuta dos estudantes e da mediação dos professores.

6. Redesenho do ambiente de aprendizagem: Reorganiza-se a sala de aula para ampliar as possibilidades de participação no processo de criação.

7. Projetos de intervenção social: Incentiva-se o desenvolvimento de projetos de intervenção social pelos estudantes.

8. Otimização de recursos digitais e audiovisuais: Utilizam-se recursos digitais e equipamentos de produção audiovisual de forma otimizada.

9. Articulação interdisciplinar: A Educomunicação tem grande potencial para articular conhecimentos de forma inter e transdisciplinar.

A introdução do ChatGPT nas aulas pode ser motivo de preocupação apenas se mantivermos a lógica de aulas expositivas tradicionais, com estudantes passivos, copiando conteúdos da lousa e ouvindo exclusivamente o professor. As novas tecnologias chegam sem pedir licença, e a Educomunicação está aqui para formar cidadãos críticos, abertos a aprender e dialogar com os movimentos da sociedade moderna.

Por Carlos Lima - Radialista, professor, educomunicador

Celular x Educação: Transformação ou Banimento?

A educação deveria adaptar-se às novas tecnologias ou estas deveriam ser banidas das salas de aula? As tecnologias de comunicação têm enfrentado preconceitos no contexto educacional há décadas. Apesar de presentes e desempenharem um papel crucial na sociedade, muitas vezes são vistas com desconfiança.

Histórico de Tecnologia e Educação 

 A televisão, por exemplo, foi inicialmente controversa, mas acabou integrando o país com conteúdos informativos e culturais. A TV Educativa desempenhou um papel importante na formação cidadã ao longo de décadas, apesar das preocupações iniciais sobre seu potencial de substituir o papel dos docentes. Infelizmente, a desconfiança levou a uma integração ineficiente da TV nas escolas, muitas vezes utilizada apenas para ilustrar aulas ou entreter alunos na ausência de professores, sem um planejamento didático pedagógico adequado.

Integração Consciente e Criativa 

Para transformar a utilização de tecnologias como a televisão e vídeos em aulas envolventes, é essencial uma integração curricular consciente. Atividades como cineclubes podem promover debates e reflexões entre os estudantes, utilizando recursos audiovisuais para contextualizar e enriquecer o aprendizado. O uso crítico das tecnologias, defendido pela Educomunicação, é fundamental para mediar processos, apoiar aprendizagens e promover o protagonismo dos estudantes. 

Celular na Educação

O celular, um dispositivo controverso na escola, proporciona acesso a conteúdos globais e às redes sociais. Embora vistos com cautela, esses recursos não devem ser banidos, mas sim integrados de maneira mediada e profissional. Leis que restringem o uso de celulares não geram empatia e podem afastar os estudantes do processo educacional. Em vez disso, a convivência mediada e consciente com os celulares pode enriquecer a prática pedagógica e fomentar a criação de conhecimentos. #### Conectando a Escola ao Mundo Privar a escola do uso pedagógico de recursos tecnológicos é privá-la de dialogar com o mundo. Quanto maior a conexão da escola com seu público, melhor será o entendimento das demandas dos estudantes. A escola não deve ser uma ilha isolada da realidade digital em que vivemos. 

Educação de Qualidade

A educação de qualidade vai além das provas oficiais, abrangendo diversos conhecimentos, inclusive aqueles trazidos pelos estudantes. Acordos podem ser estabelecidos entre professores e alunos para usos pedagógicos dos celulares, promovendo aulas mais participativas. Discutir temas como fake news e ciberbullying é essencial e deve ser feito sem medidas proibitivas que restrinjam elementos culturais. A abordagem ideal é o uso razoável e consciente, não a proibição.

A escola deve ser um espaço de liberdade e aprendizado, não de proibição. Integrar tecnologias como o celular de maneira responsável e criativa é fundamental para preparar os alunos para os desafios do século XXI, promovendo um ambiente educacional conectado, inclusivo e atualizado com as demandas da sociedade moderna.

Por Carlos Lima - Radialista, professor, educomunicador

Manual para elaborar projetos de Educomunicação: Passo a passo e orientações

Os projetos de Educomunicação têm como principal objetivo promover a formação para a produção e leitura crítica da mídia e suas tecnologias ...